“Washington Post” diz que responsável pelo vazamento de documentos sigilosos tem cerca de 20 anos, trabalhou em base militar e é entusiasta de armas. Material teria sido postado em rede popular entre fãs de videogame.
Publicado em 13/04/2023
DW — A pessoa por trás do vazamento de documentos altamente sigilosos do governo dos Estados Unidos é um jovem aficionado por armas que trabalhou em uma base militar e compartilhou o material em um grupo de chat privado, informou o jornal The Washington Post, em reportagem publicada nesta quarta-feira (12/04).
As autoridades americanas não confirmaram a autenticidade dos documentos, que são relacionados à guerra na Ucrânia e a aliados dos EUA. As imagens desses documentos circulam nas plataformas de mídia social há semanas e provocaram irritação entre alguns aliados de Washington desde que a mídia começou a reportar sobre o vazamento.
Dois membros de um grupo de bate-papo na Discord – mídia social popular entre aficcionados de videogame – disseram ao jornal que centenas de páginas de material foram postadas na plataforma por um homem que lhes disse que trabalhou em uma base militar dos EUA e que levou os documentos para casa.
Clube de tiro
O homem, identificado pelo apelido de “OG”, postou regularmente documentos no grupo de bate-papo por meses, disseram os membros do grupo ao jornal, falando sob condição de anonimato. Algumas informações nos documentos eram tão sensíveis que foram marcadas como “NOFORN”, o que significa que não deveriam ser compartilhadas com estrangeiros, segundo o Washington Post.
OG teria em torno de 20 anos, sendo descrito por um fã de armas “com uma visão sinistra” sobre o governo dos EUA, as autoridades de segurança e os serviços secretos americanos.
“Um membro do grupo disse que ele falava dos Estados Unidos e particularmente da aplicação da lei e da comunidade de inteligência como uma força sinistra que buscava reprimir seus cidadãos”, afirma o periódico.
Em um vídeo ao qual o Washington Post teve acesso, o jovem identificado como OG pode ser visto usando um fuzil num clube de tiro. Enquanto ele faz vários disparos contra um alvo, grita xingamentos racistas e antissemitas.
Só para convidados
O grupo de bate-papo de cerca de 24 pessoas, incluindo da Rússia e da Ucrânia, se formou durante a pandemia, em 2020, unindo membros que compartilhavam o “amor mútuo por armas, equipamentos militares e Deus”. A sala era um “clube apenas para convidados”, informou o diário.
OG disse aos membros do grupo que passava “parte do dia dentro de uma instalação segura que proibia telefones celulares e outros dispositivos eletrônicos”, informou o jornal. Ele também disse a eles que “trabalhava por horas” reproduzindo os documentos sigilosos “para compartilhar com seus companheiros no servidor da Discord”, relatou o jornal.
Mais tarde, ele começou a tirar fotos dos documentos, após imprimi-los, e as compartilhava com o grupo. “Quando copiar centenas de arquivos confidenciais à mão se mostrou muito cansativo, ele começou a postar centenas de fotos de documentos”, relatou o Washington Post.
OG disse aos outros membros do grupo para não compartilhar os documentos e que ele não pretendia ser um whistleblower (denunciante), informou o jornal, citando um dos amigos dele.
Investigação em curso
Dezenas de fotografias de documentos foram encontradas no Twitter, Telegram, Discord e outros sites nos últimos dias, embora algumas possam ter circulado online por semanas, senão meses, antes de começarem a receber atenção da mídia.
O Pentágono diz que o caso representa um “risco muito sério para a segurança nacional”, o que levou o vazamento a ser alvo de uma investigação criminal pelo Departamento de Justiça dos EUA.
As autoridades americanas não confirmaram publicamente que os materiais mostrados nas fotos são genuínos, e sua autenticidade não pode ser imediatamente verificada de forma independente.
Entre outras coisas, os documentos revelados pelo vazamento expõem as preocupações dos EUA sobre a viabilidade de uma contraofensiva ucraniana contra as forças russas e sugerem que Washington espionou os aliados Israel e Coreia do Sul.
O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que Washington esteve contatando aliados e parceiros em “níveis muito altos” após a divulgação dos documentos.
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