O ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Rubens Ricupero, disse em entrevista ao O Globo que existe uma demanda reprimida do empresariado brasileiro que deseja fazer parte da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China.
“Há brigas entre empresários que querem fazer parte da delegação. Há uma demanda reprimida, porque durante anos os empresários brasileiros não podiam ir a lugar algum, porque Bolsonaro não era bem quisto”, afirmou.
É bom destacar que o Palácio do Planalto estima que pelo menos 300 empresários acompanhem Lula na viagem ao país asiático. Existe a possibilidade de serem fechados mais de 20 acordos comerciais e tecnológicos com o país asiático.
“Tenho a impressão que o principal sentido dessa visita é restabelecer com a China uma relação que havia no passado”, lembrou Ricupero.
“O Brasil sem Bolsonaro vai presidir o G20 – grupo formado pelas maiores economias do mundo – em 2024, estará à frente do banco dos Brics. O Brasil volta a ter importância como país na esfera multilateral”, destaca.
O ex-ministro também lembrou que “na época do ex-presidente Jair Bolsonaro, as relações com a China estiveram num ponto muito baixo, tanto da parte de Bolsonaro, de sua família e dos ministros”.
“Antes mesmo de ser presidente, Bolsonaro foi a Taiwan com os filhos e, durante sua presidência, havia da parte dele muita hostilidade à China. Houve uma reunião ministerial com ofensas à China que o Supremo não autorizou a divulgação, mas com certeza os chineses tomaram conhecimento. Eduardo Bolsonaro (deputado, filho do ex-presidente) culpou a China pela Covid e tentaram até expulsar o embaixador chinês. A relação chegou a um ponto complicado. Embora os chineses não tenham abertamente criado uma crise ostensiva, não tenho dúvida que muita coisa se fez na época como represália, como o atraso no fornecimento de matérias-primas para medicamentos. Com a troca de chanceleres (saiu Ernesto Araújo e entrou Carlos França), o governo brasileiro passou a ser mais cuidadoso”.