Roberto Campos Neto apresenta a sua “monarquia”

Roberto Campos Neto. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Hoje o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mostrou que não só participa dos grupos de Ministros bolsonaristas como compartilha dos mesmos ensejos daqueles presentes naquele grupo.

Durante uma participação de um evento do Banco Bradesco, depois de afirmar que a questão do arcabouço fiscal seria algo que poderia reduzir os juros, agora diz que não basta só isso. Afirma que há as expectativas do mercado e a inflação (que não é de demanda) e reafirma aquilo que eu ando dizendo há semanas nesta coluna de que o COPOM virou um mero homologador do boletim Focus. Já que o mesmo tem a “expectativa” de ver a taxa de juros ainda alta.

Se já não bastasse isso, ele ainda reforçou que a inflação do brasil não seria de choque de oferta oferta (logo, seria de demanda) e então criticou aqueles que defendem algo que não é subjetivo, a inflação no Brasil não é de demanda!

Ou seja, segundo ele, todo mundo que não concorda com ele, está politizando o debate, logo, Campos Neto coloca o Banco Central como o único com razão na discussão econômica do país e sutilmente manda que seus críticos calem a boca. E (mais uma vez) confirma que a independência do Banco Central é da instituição em relação ao Brasil que segue dependente do mercado financeiro e bancas de investimento.

Segundo ele, agora é necessário responder e atender as expectativas de quem lucra com uma taxa de juros acima dos 13%. E o pior! Mais uma vez deixa ainda mais evidente que ele quer desacelerar o crescimento de uma economia que já está prevista para crescer menos de 1%!

O que o presidente do Banco Central – uma instituição de Estado – afirma que é ele é um mero balizador dos desejos do mercado e que nada pode fazer sobre isso.

E aí para arrematar, durante um evento do grupo Esfera, Campos Neto confirma a sua ditadura e solta uma ameaça velada ao governo afirmando que qualquer critica para sobre a taxa, fará com que a taxa se mantenha alta e ainda afirma que o governo não pode em hipótese alguma fazer qualquer tipo de debate interno sobre essa questão.

Ouçam com atenção o recado do tirânico: se falarem mal dos juros, eu seguro a taxa no topo!

O presidente do Banco Central criou, em sua cabeça, uma monarquia onde ele é o rei e a instituição é o seu trono.

Não critiquem, não discordem, não reclamem. O Banco Central é absoluto!

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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