As pesquisas e os alertas para a comunicação do governo

No final de semana saíram duas pesquisas que devem ter colocado alguns assessores e Ministros do Planalto para planejar os próximos passos.

A primeira dela foi a Quaest que publicou um monitoramento encomendado pela Genial Investimentos mostrou que os congressistas de oposição são muito mais fortes que os governistas no ambiente digital

Dos 10 deputados com maior influência digital, 8 são bolsonaristas. E no senado a situação é ainda pior: todo o top 10 é de bolsonaristas.

Já no ranking dos principais assuntos nas redes, o governo conseguiu ocupar metade das posições no top 10, porém, as pautas que eram diretamente sobre os feitos do governo ficaram nas ultimas posições o que mostra que o governo está tendo dificuldade de fazer com que a população tenha contato com o trabalho feito pelo executivo federal.

E quando falo de comunicação, não estou falando das gritarias nas redes, típicas dos anos de Jair Bolsonaro, estou falando de algo mais objetivo, estou falando do governo mostrar o seu trabalho e pautando o debate público com uma agenda positiva e não com falas polêmicas ou “trocando tiros” com os bolsonaristas nas redes.

E por que eu digo isso?

Porque embora alguns afirmem peremptoriamente que o Brasil está rachado e que não tem jeito, o Datafolha nos trás alguns dados bem interessantes. A começar pelos dados de avaliação:

Ótimo/Bom: 38%, regular: 30% e péssimo/ruim: 29%.

Além disso, quando perguntados se o presidente Lula se comporta como deveria 30% dos eleitores bolsonaristas alegam que ele se comporta como deveria sempre ou quase sempre, 34% afirmam que apenas algumas vezes e 35% acreditam que nunca.

Por outro lado, para 43% dos brasileiros adultos Lula fez pelo país, nesses três meses, mais do que esperavam ou fez o que era esperado. Uma parcela de 51% avalia que Lula fez menos do que o esperado até agora. Ao mesmo tempo, 78% acreditam que Lula irar cumprir maioria ou ao menos uma parte de suas promessas de campanha.

Por fim, 80% dos brasileiros acreditam que Lula está certo em pressionar o Banco Central para reduzir a taxa de juros.

O que todos esses dados dizem? Que há sim muita margem para disputa do debate público e que o governo precisa pensar pra ontem em como irá pautar a sua agenda positiva na imprensa e nas redes. Além disso, mostra também que o bolsonarismo raíz é algo entorno de 20% do eleitorado e que há muita gente em disputa, tanto à esquerda quanto à direita e o que importa é a economia!

Maioria dos eleitores (46%) estão confiantes de que a economia vai melhorar, cabe ao governo saber como vai jogar com essa informação.

Os dados também ficam em linha com a ultima pesquisa IPEC de março onde eu também afirmei, com base em seus número, que há uma grande massa de eleitores disputáveis, basta o governo saber se posicionar. Algo que eu já falava ainda nas eleições do ano passado tanto no primeiro quanto no segundo turno.

Hoje a agenda positiva do governo raramente recebe algum destaque nas redes do presidente ou Ministros mais próximos e a comunicação fica numa dúvida fatal com a impressão que não se decidir qual caminho tomar: o de enfraquecer e atingir adversários ou construir uma imagem do governo com base nas suas entregas e realizações.

As pesquisas estão aí e cabe aos especialistas do governo federal decidirem como vão interpretá-las ou seja: escolhem se vão encarar os fatos ou dobrar a realidade aos seus sabores.

Bolsonaro pode até se tornar inelegível e ser preso, mas a sombra do extremismo ainda paira não só no Brasil mas ao redor do mundo.