Se os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet roubavam os holofotes por apresentarem um novo arcabouço fiscal com menos de 90 dias de governo, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, não poderia ficar atrás.
Durante a coletiva de imprensa na apresentação do Relatório Trimestral de Inflação da instituição, correu para minimizar os efeitos do arcabouço fiscal dizendo que a ultima vez que viu esboços dele, aparentava ser bastante razoável.
E aí, como quem fosse tutor do Brasil e do governo federal, disse reconhecer o esforço do governo e ainda elencou as “divisões do governo”. Algo que definitivamente não lhe cabe. Oras! Se o Banco Central quer ser independente do Brasil e da política (que foi eleita sua inimiga direta) por qual motivo comenta a conjuntura política enquanto dá recadinhos em atas e notas do Conselho de Política Econômica (COPOM)?
E é claro, como a próxima reunião do COPOM terá uma pressão quase que atmosférica contra a taxa de juros, e Campos Neto já preparou o seu discurso, até porque, parte do mercado também estará no seu encalço.
Porém, o presidente do Banco Central acabou sofrendo do mesmo mal de todos aqueles que falam demais e acabou se enrolando.
Ontem eu já havia alertado que a meta da inflação do Brasil não era viável e hoje ele confirmou o que eu disse!
Durante a mesma coletiva, ele disse que que a taxa básica de juros, a Selic, teria de ser elevada a 26,5% ao ano para cumprir a meta de inflação estabelecida para 2023 que é de 3%. Oras, se ele mesmo está afirmando isso, é porque sabe que a meta não é realizável.
Os países do G20 com menores inflações são Arábia Saudita (3,3%), Japão (4%), Coreia do Sul (5%) e Indonésia (5,5%), já economias fortes como EUA, Reino Unido e a Zona do Euro já estão longe dos 5%. Inclusive, em muitos países o movimento é de aumento da meta da inflação.
Entendem onde vamos chegar com essa conversa? O presidente do Banco Central do Brasil sabe que vai quebrar o Brasil e declarou que vai trabalhar justamente para esse fim!
Exagero?
Basta ler a ultima ata do COPOM, o Banco Central recomenda que um país cujo as projeções sinalizam um avanço próximo de 1% em 2023, deve desacelerar a sua economia com uma altíssima taxa de juros e que nesse cenário, o desemprego pode até ser positivo, ignorando o fato de que a taxa de desemprego no Brasil subiu para 8,4% no trimestre móvel encerrado em janeiro de 2023.
Que Deus nos proteja de Roberto Campos Neto!