“Recebi o convite, já recebi outro e espero outros similares. Sempre irei”, disse o ministro da Justiça
Publicado em 28/03/2023 – 19h23
Por Murilo Souza – Câmara dos Deputados
Agência Câmara — O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (28) que sua ida ao Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, no dia 13 de março, atendeu a um convite da comunidade. Dino classificou como “esdrúxula” qualquer tentativa de relacionar o fato a um encontro com líderes de grupo criminoso.
“Recebi o convite, já recebi outro e espero outros similares. Sempre irei, porque não é favor, é dever. Não sou traidor dos meus compromissos com a sociedade e farei audiências públicas similares nas comunidades mais pobres e simples do Brasil, porque, afinal, são os destinatários da Segurança Pública”, disse o ministro, que participou como convidado de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Logo após a visita de Dino à Maré, parlamentares de oposição afirmaram na tribuna da Câmara e em redes sociais que o ministro teria ido à comunidade “de peito aberto”, ou seja, sem qualquer suporte policial, para se reunir com líderes de grupo criminoso. “Considero, a estas alturas, perdoem-me, algo esdrúxulo imaginar que eu fui me reunir com Comando Vermelho e avisei à polícia. É preciso ter seriedade no debate público”, acrescentou o ministro.
Em visita à comunidade, Dino participou do lançamento da 7ª edição do boletim Direito à Segurança Pública na Maré, a convite da ONG Redes da Maré. Segundo o ministério, o ato mobilizou o apoio das polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.
Preconceito
Para Dino, as falas dos parlamentares refletem um preconceito com comunidades pobres do Brasil. “Na próxima, vou convidar os deputados federais para irem comigo, porque não é todo mundo que tem medo das comunidades mais pobres do Brasil”, disse.
No último dia 20, o ministro apresentou notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que os parlamentares que fizeram as afirmações sejam investigados no inquérito das fake news (4.781), que tem como relator o ministro Alexandre de Moraes. A notícia-crime atinge os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carlos Jordy (PL-RJ), Paulo Bilynskyj (PL-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) e os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Pode-ES).
Durante a audiência, Jordy e Caroline de Toni (PL-SC) afirmaram que, ao acionar o STF no caso, o ministro estaria limitando a liberdade de expressão e a imunidade parlamentar. Segundo Jordy, o Complexo da Maré é um local dominado pelo tráfico local, o que tornaria legítimo questionar o ministro sobre a visita.
“Sabemos que o Complexo da Maré é dominado pelo tráfico. É o local de maior concentração de armas de guerra do Brasil e o local de maior distribuição de drogas para Niterói, Baixada Fluminense e para a região dos lagos”, disse.
Em resposta aos deputados, Dino afirmou que é necessário saber diferenciar questionamento de afirmação. “A imunidade parlamentar não pode ser desvirtuada. Uma coisa é fazer questionamentos, outra é dizer: Flávio Dino foi na Maré em acordo com Comando Vermelho. Isso não é questionamento”, disse.
O deputado Mauricio Marcon (Pode-RS), por sua vez, quis saber se a ida do ministro à Maré contou com autorização de traficantes e milicianos. “Resposta simples: sim ou não?”, indagou.
Os deputados Rodrigo Valadares (União-SE) e Delegado Ramagem (PL-RJ) também questionaram como se deu a entrada do ministro na comunidade. “O cargo de ministro da Justiça já causa uma repulsa natural da bandidagem. E o senhor foi à Maré como vai ao São Luís Shopping”, disse Valadares. “Se foi feito com a anuência de uma organização criminosa, qual a contraprestação que eles esperam do senhor ministro da Justiça ou do Ministério?”, perguntou Ramagem.
Dino reforçou que esteve na comunidade a convite. “Eu não tenho acordo com facção criminosa, deputado Ramagem, o senhor me respeite. E não há contrapartida do ministério para fações, basta olhar os fatos”, disse o ministro. “Quero fazer novamente o meu desagravo a essa visão, que é contra as pessoas que moram em bairros populares”, acrescentou.
Ressaltando características da comunidade da Maré, o deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ) defendeu a vista do ministro. “A Maré tem 140 mil habitantes, é o nono bairro mais populoso do Rio de Janeiro, tem 44 escolas públicas, unidade de saúde, orquestra, museu, escola de dança, companhia de teatro, igreja, rodas de samba e um montão de ONGs e movimentos sociais atuando ali. Vocês acham mesmo que essas pessoas todas são traficantes?”, disse Motta.
A ida de Flávio Dino à CCJ resultou de convite de autoria dos deputados Gervásio Maia (PSB-PB), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Rubens Pereira Júnior (PT-MA). Os deputados Carlos Jordy e Caroline de Toni queriam que Dino fosse convocado a comparecer, mas concordaram com a aprovação do convite.
Edição: Wilson Silveira
Batista
29/03/2023 - 16h17
A DIVINA CEIA DE FLÁVIO DINO
Deu dó…
Ao fim, faltaram latões para acondicionar todos os ‘restos’ do jantar.
Dr. Macphail
29/03/2023 - 16h09
Barba, cabelo, bigode e costeleta…
E tem devotos de deputados ‘jantados’ sem dó e piedade, que não se tocam e ainda insistem em prolongar a agonia da porrada homérica levada.
Edu
29/03/2023 - 00h07
E se ele fosse em Rio das Pedras ?????? Hahahahahaha que cambada. Peçam aumento pra carluxa manja rolex…
EdsonLuíz.
28/03/2023 - 21h28
Ir fazendo associação que prejudique alguém só por inferência, sem que se possa saber, provoca e resulta em ódio. Aliás, fazer essas associações sem ter meios muito sérios para fazer já é odio.
Essa prática deve ser evitada! Sempre!
O Brasil não aguenta mais esse ódio, digamos, imbecil!
▪Ódio podemos ter de sermos enganados, de sermos roubados, de sermos feitos de otários, de políticos muambeiros…. é inevitável ter ódio de certas coisas. Mas não temos direito de ter ódio a ninguém apenas porque dele queremos ter ódio.
Flávio Dino ter comparecido em um lugar não significa que foi ali conspirar.
EdsonLuíz.
28/03/2023 - 21h17
Sim! Claro que é ridículo associar a simples presença em um lugar a uma conspiração!
Eu gostava bastante do Dino; agora, tenho minhas ressalvas a ele. Mas tenho que ter bem claro que simpatias e antipatias são coisas minhas, subjetivas.
Não é porque eu agora tenho ressalvas a Flávio Dino que tenho direito de sair fazendo associações que o prejudique.
Fanta
28/03/2023 - 20h17
Ninguém disse isso mas para um ministro da segurança pública entrar na favela da Maré é preciso que alguém que manda lá dentr saiba disso e se combine previamente…
O PSOL costuma ter acesso a algumas favelas, uma é a Maré.