Precariedade: um terço dos franceses se priva de produtos de higiene, aponta pesquisa

EBC

Cerca de 7% dos franceses indicam que escovam os dentes sem pasta de dente, 8% se lavam sem sabonete e 17% dos pais não trocam as fraldas de seus filhos com a frequência que gostariam

Publicado em 21/03/2023 – 20h22

Por RFI – Com informações da AFP

RFI — Tomar banho sem sabonete, racionar a proteção menstrual, abrir mão do desodorante: um terço dos franceses está se privando de produtos de higiene por causa do contexto econômico, e essa precariedade está se agravando, de acordo com uma pesquisa do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) realizada para a associação Doações Solidárias, publicado nesta terça-feira (21) no site do jornal Libération.

A precariedade higiênica, que “degrada a autoestima e conduz ao isolamento”, “continua a progredir e já não é prerrogativa dos beneficiários das associações” de luta contra a pobreza, alerta em nota esta associação que recolhe produtos não vendidos das empresas para doá-los ao setor de caridade.

Mais precisamente, 7% dos entrevistados indicam que escovam os dentes sem pasta de dente, 8% se lavam sem sabonete e 17% dos pais não trocam as fraldas de seus filhos com a frequência que gostariam.

Na sondagem anterior sobre o assunto, em 2021, essas proporções eram aproximadamente a metade.

Os números são ainda mais alarmantes, claro, quando avaliam a situação específica de pessoas pobres, beneficiárias de associações da rede Doações Solidárias: 73% dizem se privar de produtos de higiene em geral, 34% de shampoo e 31% de proteção menstrual.

“Às vezes lavo as crianças só com água, ou digo a elas para tomarem um banho rápido”, testemunha uma mãe de dois filhos, citada na nota de imprensa. Outra conta que usa papel higiênico como proteção menstrual: “Eu me privo para deixar mais absorventes para minhas filhas”, ela explica.

Precariedade e exclusão social

A pesquisa do Ifop para a associação Doações Solidárias foi realizada sob duas metodologias: uma amostra representativa de 1.501 entrevistados, mais 300 pais de crianças de até três anos, que participaram respondendo a um questionário online, em novembro de 2022; e uma amostra de 1.162 beneficiários de associações em situação de precariedade e exclusão social, entrevistados em janeiro e fevereiro de 2023 nas dependências de associações parceiras.

Cláudia Beatriz:
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