Organização criminosa atua em garimpos ilegais da Terra Yanomami
Publicado em 18/03/2023 – 13h27
Por Rafael Cardoso – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
Agência Brasil — A Polícia Federal (PF) faz hoje (18) uma operação em Boa Vista para prender suspeitos de participar de uma organização criminosa que recruta e explora sexualmente mulheres e adolescentes em garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami. Na operação chamada de Palácios, estão sendo cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e quatro de prisão temporária. Eles foram expedidos pela Vara de Crimes contra Vulneráveis da Justiça Estadual de Roraima.
O grupo investigado seria responsável pelo aliciamento da adolescente de 15 anos resgatada na última terça-feira(14), em uma abordagem no Rio Mucajaí, quando estava sendo levada para ser explorada sexualmente em garimpos da região. O caso deu origem às investigações e ações de hoje. Até agora, a PF diz ter identificado três pessoas envolvidas na logística e na operacionalização do esquema de envio das mulheres e adolescentes para as áreas de garimpo. Duas são mulheres, e irmãs, e um homem que é marido de uma delas.
Segundo a PF, o crime era articulado por meio de perfis falsos nas redes sociais. Os aliciadores ofereciam oportunidades de trabalho em diferentes atividades do garimpo, com a promessa de ganhos altos em dinheiro. Quem aceitava as propostas era conduzida por um motorista para uma pista clandestina de avião, de onde eram transportadas para áreas do garimpo. Como chegavam em condições precárias, as vítimas eram exploradas sexualmente para pagar dívidas, que poderiam passar de R$ 10 mil. Entre as cobranças estavam transporte, alimentação e moradia, pensadas para impedir que as mulheres quitassem as dívidas e deixassem o local. Elas chegavam a fazer, sob ameaça dos criminosos, até 15 programas por noite.
A Polícia Federal disponibiliza um telefone de contato para denúncias de situações de exploração e abuso como essas. Em Roraima, o número é (95) 3621-1500. Vítimas ou outras pessoas que tenham conhecimento desses crimes também podem comparecer pessoalmente na Superintendência da PF em Boa Vista.
Edição: Juliana Andrade