Projeto Willow prevê perfuração de até 199 poços em uma das mais amplas regiões públicas preservadas nos EUA. Ambientalistas criticam decisão e preparam ações na Justiça para impedir danos ao meio ambiente.
Publicado em 13/03/2023 – 22h08
Por DW Made for minds
DW — O gabinete do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta segunda-feira (13/03) a aprovação de um polêmico e gigantesco projeto de perfuração de poços de petróleo no Alasca.
O projeto Willow, uma proposta de aproximadamente 7 bilhões de dólares da multinacional americana ConocoPhillips, permitirá realizar perfurações dentro da Reserva Nacional de Petróleo-Alasca, uma área de 93 mil hectares que faz parte de uma das mais amplas regiões públicas preservadas nos EUA.
A notícia gerou a condenação imediata por parte de entidades ambientalistas, que acusam Biden de descumprir promessas de adotar medidas para diminuir o aquecimento global.
O Departamento do Interior dos EUA aprovou a exploração em três locais com potencial para receber até 199 poços de petróleo.
A ConocoPhillips tinha a intenção de realizar perfurações em cinco locais, o que resultaria na construção de dezenas de quilômetros de estradas, pontes e oleodutos, mas obteve permissão para explorar uma área com 27,5 mil hectares a menos do que previa a proposta original.
Ações na Justiça
Autoridades em Washington se preocupam com o fato de que a permissão de exploração obtida há décadas pela ConocoPhillips limita a capacidade do governo de bloquear o projeto, e que uma possível disputa na Justiça poderia acabar sendo decidida em favor da empresa.
Mas a decisão desta segunda-feira não deverá ser definitiva, uma vez que se espera uma série de litígios por parte das entidades ambientalistas.
O projeto Willow tem potencial de produzir 180 mil barris de petróleo por dia, além de criar 2,5 mil empregos durante a fase de construção e outros 300 mil contratos de longo prazo. A ConocoPhillips afirma que a exploração no Alasca poderá gerar bilhões de dólares em royalties e impostos para os governos federal, estadual e local.
A iniciativa conta com amplo apoio dos políticos do estado do Alasca, que vinham defendendo sua aprovação junto ao governo federal.
Decepção para os ambientalistas
Ambientalistas expressaram indignação com o fato de Biden ter aprovado o projeto que, segundo afirmam, coloca em risco o legado ambiental do governo. Eles acusam o presidente de descumprir promessas de pôr fim às perfurações em áreas do governo federal.
“Essa decisão dá luz verde a 92% das perfurações propostas [pela ConocoPhillips] e lhes entrega um dos ecossistemas mais frágeis e intactos do mundo”, afirmou a presidente da ONG Earthjustice, Abigail Dillen. “Isso não é liderança climática.”
Ela avalia que Biden compreende a ameaça existencial imposta pelo aquecimento global, mas diz que permitir o projeto é algo que “descarrilha suas próprias metas climáticas”.
Christy Goldfuss, ex-assessora do ex-presidente Barack Obama que atualmente é coordenadora de políticas do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, se disse “profundamente decepcionada” com a decisão de Biden.
Ela avalia que, em seus 30 anos de existência, o projeto Willow deve produzir 239 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa, o que equivale aproximadamente às emissões de 1,7 milhão de automóveis.
“Essa decisão é ruim para o clima, ruim para o meio ambiente e para as comunidades da população nativa do Alasca, que eram contrárias a isso e sentem que suas vozes não foram ouvidas”, resumiu Goldfluss.
Áreas de proteção no Oceano Ártico e Alasca
O anúncio do governo veio no dia seguinte a uma declaração da própria Casa Branca, que ia no caminho inverso à decisão desta segunda-feira.
Neste domingo, em antecipação às reações negativas à aprovação do projeto Willow, a Casa Branca declarou que Biden vai limitar ou impedir as perfurações em busca de petróleo em 64 milhões de hectares na baía de Beaufort, no Oceano Ártico, e na Reserva Nacional de Petróleo-Alasca.
O fim da exploração offshore vai assegurar que importantes habitats de baleias, focas, leões-marinhos, ursos-polares e outras espécies “serão protegidas em perpetuidade do desenvolvimento extrativista”, afirma um comunicado da Casa Branca.
A declaração, no entanto, não bastou para aplacar a fúria e a decepção dos ambientalistas. “Trata-se de uma ação performática para fazer com que o projeto Willow não pareça tão ruim”, observou Elise Joshi, diretora-executiva da ONG Gen-Z for Change.
Paulo Coutinho
15/03/2023 - 11h40
Prova que o governo americano não esta e nunca esteve preocupado com o meio ambiente. Não é atoa que esta entre os países que mais poluem. Que moral eles tem para dar palpites sobre a Amazônia? Estão até querendo dar dinheiro para um tal fundo amazônico, A realidade é bem outra. Como nação mais capitalista do mundo estão só interessados na riqueza que a floresta oferece. Principalmente a água, maior comodites do planeta.
EdsonLuíz.
14/03/2023 - 11h41
Veja-se que o volume e valores não é nem fumaça para os Estados Unidos. Não seria nem para o Sergipe!
É bem lamentável que a empresa tenha, há décadas, autorização para explorar petróleo ali, naquelas condições.
Talvez a experiência de Biden ajude a amenizar o que, se bater de frente na justiça, pode até agravar o problema.
Mas não há nenhuma dúvida, mesmo por parte do mais impedernido ambientalista, de que Biden é o presidente de um país mais comprometido com transição para energia limpa. Mais até do que Al Gore seria, caso houvesse se tornado presidente dos EEUU.