Desde que o general Tomás Paiva assumiu o comando do exército, tivemos um breve “hiato” envolvendo as famigeradas “notas em off”, que são nada além do que ameaças ou recadinhos que militares passam em anonimato através da imprensa profissional como uma forma de driblar o estatuto dos militares que proíbe manifestações políticas.
É claro que seria uma questão de tempo para voltar, o próprio comandante do exército, o legalista (risos), já foi flagrado em dois momentos discutindo política com subordinados às vésperas da sua nomeação como comandante da força.
Só nas ultimas 48h tivemos duas notas, a primeira, “Governo avalia ser tiro no pé mudança no artigo da Constituição sobre militares”, é basicamente uma ameaça contra a a PEC do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) que visa a alteração do artigo 142 da Constituição Federal e que acaba com as problemáticas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLOs).
A nota ainda afirma que “auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva” acreditam que a proposta poderia gerar uma forte reação da caserna a proposta é ruim pois dificultaria a prioridade do governo o de “desbolsonarizar” as forças. Mas como o governo faria isso sem uma legislação firme e sem fazê-la valer?
O único “auxiliar” que defende abertamente a superação da crise dos militares sem qualquer responsabilização mais incisiva é o Ministro da Defesa, José Múcio monteiro que já provou em mais de uma oportunidade ser uma mero despachante da cúpula das forças armadas, por isso, caso Múcio ou seu entorno sejam os responsáveis pela nota, não é difícil que isso tudo tenha um general como fonte.
Já a segunda nota, publicada no dia seguinte entrega o objetivo final da primeira nota, em “Defesa e Exército articulam proposta para proibir militar da ativa em cargo civil”, fica flagrante que há sim uma intentona para esvaziar a PEC do Carlos Zarattini.
O texto ainda afirma que generais declararam para à Folha (sob condição de anonimato) que a proposta do Ministro José Múcio realmente é para tentar evitar a mudança do art. 142 e o fim das GLOs.
E qual seria o motivo de tanta histeria?
Na semana passada em conversa para esta coluna, Zarattini confirmou que caso o seu texto consiga recolher as assinaturas necessárias e vá Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) é possível que sejam realizadas conversas para que até mesmo as propostas da PEC (que já passou pela CCJ e aguarda votação em plenário) da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) possam ser incorporadas ao seu texto.
As notas/ameaças anônimas dos generais voltaram ou melhor, nunca acabaram! Só estavam se reorganizando internamente.
O Brasil segue refém do verde-oliva.
Em tempo
Até o momento o deputado não retornou meus contatos sobre o tema mas recentemente compartilhou algumas publicações minhas criticando a articulação:
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