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Em reunião com Lula, CNTE pede revogação do novo ensino médio

Presidente pode descontinuar programa de escolas cívico-militar Publicado em 07/03/2023 – 21:15 Por Pedro Rafael Vilela – Repórter da Agência Brasil – Brasília Agência Brasil — A revogação do novo ensino médio foi discutida nesta terça-feira (7) em reunião do presidente Lula com entidades de trabalhadores da educação, no Palácio do Planalto. O pleito foi […]

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Antonio Cruz/Agência Brasil

Presidente pode descontinuar programa de escolas cívico-militar

Publicado em 07/03/2023 – 21:15

Por Pedro Rafael Vilela – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Agência Brasil — A revogação do novo ensino médio foi discutida nesta terça-feira (7) em reunião do presidente Lula com entidades de trabalhadores da educação, no Palácio do Planalto. O pleito foi apresentado ao presidente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).

O novo ensino médio foi aprovado por lei em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, com o objetivo de tornar a etapa mais atrativa e ampliar a educação em tempo integral, mas a implementação enfrenta desafios estruturais, resistência e até desconhecimento por parte da população.

“A ideia é revogar o entulho do golpe. O novo ensino médio veio, por imposição, através de uma Medida Provisória, por um governo que não tinha legitimidade popular, sem qualquer diálogo com os setores da área de educação. Apresentamos a demanda de revogação do ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular, afirmou Heleno Araújo, presidente da CNTE, à Agência Brasil. Segundo ele, Lula foi sensível aos problemas apresentados e prometeu analisar melhor o pedido.

Na semana passada, o ministro da Educação, Camilo Santana, evitou falar em revogação, mas disse que um grupo de trabalho será criado para reunir todos os setores educacionais interessados e discutir o andamento do novo ensino médio. “Não é questão de revogar. O [novo] ensino médio está em andamento. O que nós estamos colocando é criar um grupo de trabalho, que será oficializado por portaria. Vamos reunir todos os setores para discutir”, afirmou o ministro.

Em nota, o MEC reconheceu que houve falta de diálogo no processo que levou à promulgação da lei do novo ensino médio e explicou como vai funcionar o grupo de trabalho. “O grupo será formado por setores sociais diversos, como as entidades representativas de classe, estudantes, professores, comunidade acadêmica, secretários estaduais e municipais de todos os estados brasileiros, com objetivo de estabelecer o diálogo democrático, numa discussão coletiva e qualificada por meio de pesquisas, consultas públicas, seminários e outras ferramentas que nos permitam tomar decisões embasadas. A questão preponderante é sobre como garantir o melhor Ensino Médio para o país, com justiça e, principalmente, igualdade”, diz a pasta.

Mais de 300 entidades ligadas à educação também fizeram uma carta aberta essa semana pedindo a revogação do novo ensino médio. No documento, que descreve 10 dos principais problemas da lei, os representantes dessas instituições alegam que o novo modelo vai na contramão de todos os estudos ligados à área e afirmam que o processo foi feito de maneira unilateral, sem espaço para o diálogo com a comunidade escolar.

Com o novo modelo, parte das aulas será comum a todos os estudantes do país, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na outra parte da formação, os próprios alunos poderão escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. São os chamados itinerários formativos. Entre as opções, está dar ênfase, por exemplo, às áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao ensino técnico. A oferta de itinerários, entretanto, vai depender da capacidade das redes de ensino e das escolas.

“Foi vendida a ideia de que o aluno poderia escolher entre cinco itinerários formativos, o que não acontece na prática. O aluno está sendo empurrado a fazer itinerário que a escola oferece, e nenhuma escola oferece os cinco itinerários formativos previstos”, critica Araújo.

A implementação do novo ensino médio ocorre de forma escalonada até 2024. Em 2022, ela começou pelo 1º ano do ensino médio com a ampliação da carga horária para pelo menos cinco horas diárias. Pela lei, para que o novo modelo seja possível, as escolas devem ampliar a carga horária para 1,4 mil horas anuais, o que equivale a sete horas diárias. Isso deve ocorrer aos poucos. Essa ampliação da carga horária é uma forma de fazer com que as escolas ofereçam ensino integral aos seus estudantes, mas profissionais da educação criticam a falta de estrutura mínima.

“A lei exige uma ampliação da carga horária, para forçar a ampliação do tempo integral. As escolas ainda não têm estrutura para assegurar isso. Essa situação, muitas vezes, por conta da desigualdade social do país, faz com que alunos abandonem os estudos porque não conseguem acompanhar a carga horária. Em Pernambuco, por exemplo, mais de 800 mil jovens entre 15 e 29 anos não concluíram o ensino médio, enquanto aqueles que concluíram ou estão matriculados somam 341 mil”, aponta o presidente da CNTE.

Em 2023, a implementação segue com o 1º e 2º anos e os itinerários devem começar a ser implementados na maior parte das escolas. Em 2024, o ciclo de implementação termina, com os três anos do ensino médio.

Escolas Cívico-Militar

Durante a reunião com a CNTE, Heleno Araújo afirmou que Lula também se comprometeu a descontinuar o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militar (Pecim), criado em 2019 pelo governo de Jair Bolsonaro. “A ideia, segundo relatou o presidente, é não abrir para novas adesões ao programa daqui em diante, mas sem necessariamente desmanchar o que foi feito”, afirmou o dirigente sindical.

Até o fim do ano passado, cerca de 200 escolas públicas de todo o país haviam aderido ao programa do governo federal, que oferece capacitação pedagógica aos militares, certificação das escolas e envio de recursos para melhorias estruturais nas unidades. Em janeiro, o governo já havia publicado portaria extinguindo a diretoria responsável pelas escolas cívico-militares no Ministério da Educação (MEC). A estrutura era vinculada à Secretaria de Educação Básica do ministério.

O modelo cívico-militar é diferente do modelo das escolas militares mantidas pelas Forças Armadas. De acordo com o MEC, as secretarias estaduais de Educação continuam responsáveis pelos currículos escolares, que é o mesmo das escolas civis. Os militares, que podem ser integrantes da Polícia Militar ou das Forças Armadas, atuam como monitores na gestão educacional, estabelecendo normas de convivência e aplicando medidas disciplinares, mas, em tese, não podem interferir no ensino.

Edição: Valéria Aguiar

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EdsonLuíz.

08/03/2023 - 09h55

As diretrizes e currículos do Novo Ensino Médio só começou a ser implantado agora, deverá apresentar vários problemas e passar por grande ajuste.

O Novo Ensino Médio foi aprovado em 2017, após discussão que se arrastou por 18 anos. O início da implantação foi 2022, para o 1° ano, e sua conclusão prevista para 2024.

Agora vem essa:: petistas querem REVOGAR!
▪O motivo para REVOGAR? Releiam abaixo o trecho que destaquei do corpo deste post::
▪“A ideia é revogar o entulho do golpe. O novo ensino médio veio, por imposição, através de uma Medida Provisória, por um governo que não tinha legitimidade popular,…”.

-“A ideia é revogar o entulho do golpe.” (Repeti a primeira fala do trecho que destaquei).
Veja: Revogar o entulho do…”golpe”.
▪Eles querem REVOGAR uma discussão de 18 anos que só foi aprovada no Congresso em 2017 e seu início apenas começou. Querem revogar tudo apenas porque querem… ofender Michel Temer!

Eles dizem que Michel não tinha legitimidade, mas o Novo Ensino Médio foi uma discussão antiga aprovada em 2017. E seu início nem foi com Temer, mas agora, em 2022.

Eu detesto Michel Temer, como político e pessoalmente, mas ele era o vice quando Dilma foi afastada indicado pelo próprio PT e eleito junto com Dilma. Com o afastamento de Dilma, Temer é quem assumiria.

Dilma foi afastada porque o povo brasileiro não aguentava mais a destruição que o PT estava causando, com a maior recessão da história de nossa economia e com falta de dinheiro até para pagar o auxílio contra a fome, o Bolsa Escola (Bolsa Brasil Família Bolsa, chamem como quiser).
▪Em certos meses, o pagamento do Auxílio foi sacado a descoberto na Caixa porque o governo do PT havia acabado com o dinheiro. O governo Dilma falsificava o Orçamento para esconder os erros que cometia.

Estes erros abaixo:
▪Falsificar Orçamento;
▪O controlador tomar empréstimo (e ainda simulado) no próprio Banco, que controla.
Estes erros e outros constituem crime de responsabilidade e Dilma foi afastada por causa disso e de mais!

O PT é desonesto e usa narrativas para enganar. E chegam ao ponto que estamis vendo, na educação, na economia e em quase tudo.

Mas, temos que reconhecer, o Ministro da Educação, Camilo Santana, pelo que estamos vendo, adoçou os petistas, mas ele está deixando claro que não vai acatar a irresponsabilidade do PT e ser irresponsável junto. Camilo vai fazer os ajustes, mas não vai fazer a maluquice petista de revogar só para ofender um adversário.

O Brasil é mais, muito mais que o PT. E eu não sei onde as coisas podem dar se o PT e seu despreparo, falta de cultura e fundamentalismo político, por meio de sua imensa área maluca, insistir em suas maluquices autoritárias.

Zulu

07/03/2023 - 23h29

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)

“A ideia é revogar o entulho do golpe. O novo ensino médio veio, por imposição, através de uma Medida Provisória, por um governo que não tinha legitimidade popular.”

Precisa dizer o que mais diante umas asneiras dessas…?!? O resultado disso é a tragédia da instrução Brasileira, é impossível que saia algo das escolas com trogloditas como esses na educação… sinto muito.


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