A aventura humana é incrivelmente recente. Autores especializados defendem, ancorados em pesquisas contemporâneas sobre rastreamento genético, que toda a raça humana veio de algumas tribos do nordeste da África, que somavam cerca de 40 a 60 mil indíviduos.
Na época, havia hominídios em outras partes do mundo, inclusive o homem de Neanthertal, que viveu na Europa até 28 mil anos atrás. Mas todos se extinguiram e apenas sobraram essas poucas dezenas de milhares, espalhados pela região onde hoje fica a Etiópia e a Somália.
Segundo Nicholas Wade, que publicou um livro sobre o tema (Before the dawn) em 2006, um destacamento pequeno desse grupo, que pode ter sido de apenas 150 pessoas, atravessou o Mar Vermelho, há cerca de 50 mil anos, e ganhou o resto do mundo.
É quase absurdo pensar que os 8 bilhões de seres humanos de hoje descendem, quase todos eles, desse pequeno grupo de 150 pessoas que se arriscou a deixar a África há 50 mil anos. Mas essa é uma teoria respeitada, e possivelmente foi daí que a maioria de nós viemos.
Disclaimer breve, mas importante, para evitar alguma interpretação racista: os que ficaram no continente, e se tornaram os descendentes dos africanos, são geneticamente idênticos aos que saíram. Em termos de formação cerebral, capacidade cognitiva e desenvolvimento linguístico, eram todos iguais há 50 mil anos. Assim como o somos hoje. Não há nenhuma raça humana “superior” à outra. No caso da Europa e das Américas, além disso, a miscigenção com os povos africanos se manteve intensa durante todo esse tempo. Gregos, romanos, egípcios, cartagineses, persas, se relacionavam intensamente na Antiguidade – apenas para dar alguns exemplos.
A teoria dos 150 imigrantes é fundamentada em grande parte na impressionante homogeneidade da raça humana. As diferenças de cor de pele, altura, formato de cabeça, feições, são no fundo mínimas, e quase inexistentes quando o DNA é observado, e isso apenas se explicaria por uma origem comum, de poucos invidíduos.
A cor da pele é um fenômeno curioso. Segundo apurado por Wade, que se embrenhou em estudos e obras especializadas recentes sobre genética humana, o ancestral hominídio era branco, porque coberto de pêlos. A cor escura foi sendo adquirida na proporção que o homem perdia a cobertura peluda que o protegia do sol e do frio, e também quando o clima da Terra começou a ficar mais quente e seco. Trata-se de uma característica genética facilmente mutável, de maneira que as raças vão se embraquecendo ou escurecendo em poucas gerações, de acordo com o ambiente em que se instalam. A cor mais escura protege do sol, então beneficia geneticamente os povos instalados em áreas mais quentes e com pouca sombra. Já a cor branca é boa para quem vive em áreas frias, com pouca luz solar, pois tem a capacidade de absorver a luz e o calor mais rápido. As famílias que saem da África vão se embraquecendo, escurecendo, voltando a embranquecer, tornando-se escuras novamente, num processo constante de mutação e seleção natural, conforme a luta pela sobrevivência as leva a migrar para aqui e para lá.
Essa longa introdução tem um motivo: mostrar que o “nacionalismo”, e vamos discutir aqui alguns de seus significados e consequências, jamais pode se sobrepor à ética universal que deveria guiar toda a humanidade. E que a divisão do mundo em estados-nação é uma coisa provisória, que um dia se dissolverá, de forma natural e, torçamos, democrática, numa comunidade humana comum, integrada e harmônica! Os seres humanos tiveram todos a mesma origem (e mesmo se não tivessem, não é nem este o fator mais importante, e sim a vocação cultural da humanidade, de convergir em torno de princípios éticos e morais comuns), e temos o mesmo destino!
Mesmo o termo humanismo hoje parece ligeiramente ultrapassado, em virtude de tudo que aprendemos, nas últimas décadas, sobre a importância de cultivarmos laços éticos e afetivos com todos os seres vivos, ou mesmo com tudo que existe na Terra e no universo. Há pouco tempo, o que seria um discurso “hippie”, ouvido com um sorriso entre irônico e piedoso, como quem ouve uma criança falar, hoje ganhou legitimidade científica. Está claro que todo o discurso de “solidão” do indivíduo era uma invenção romântica mal fundamentada. Definitivamente não estamos sozinhos. Os seres vivos cooperam entre si. Microbiologistas tem escrito livros para nos lembrar, em cores vívidas, que apenas em nossa boca, há mais microorganismos que todos os humanos na Terra, ou mais de 10 bilhões. Em todo o corpo, podemos chegar a mais de 1 trilhão de microorganismos que nos parasitam, como bactérias. E cada indivíduo desenvolve a sua própria colônia de microorganismos, particular, original.
Enfim, voltemos ao conceito de nacionalismo. Por que eu falo disso? E por que eu menciono Aldo Rebelo?
Diferentemente de vários amigos de esquerda, que nunca simpatizaram com Aldo Rebelo, eu gostava dele. Está claro que eu fingia ignorar alguns aspectos esquisitos de sua atuação política, como a guerra ridícula contra estrangeirismos na língua e seu projeto para instituir o Dia do Saci. Eu gostava dele porque o achava um representante da esquerda pragmática, lúcida, qualidades que sempre admirei, sobretudo num quadro político progressista. Eu vejo a cultura progressista, ou de esquerda, como algo fundamentado em altos valores e princípios, voltados para o aperfeiçoamento tanto das instituições políticas e sociais como dos indivíduos, através da ciência, da filosofia e da arte, mas sempre com dois grandes pés no chão, porque esses valores precisam ser materializados em ações concretas, que mudem efetivamente a vida do povo, no aqui, no agora e no urgente. Não gosto de encarar a ideologia de esquerda como uma utopia de botequim de jovens universitários ou, como temos agora, de youtubers….
Minha principal referência, na esquerda radical, é um prefácio de Engels para essa pequena obra-prima sociológica de Marx, Luta de Classes na França, na qual ele tece grandes elogios aos trabalhadores alemães por seus esforços e vitórias eleitorais, e por seu pragmatismo e inteligência, evitando sempre cair em provocações baratas da alta burguesia.
Daí posso partir diretamente, sem meias palavras, para a crítica ao falso nacionalismo de Aldo Rebelo, hoje um quadro do PDT, ex-candidato ao Senado por este partido em 2022, e uma liderança em torno da qual se nota uma movimentação um tanto estranha, que mescla a admiração do próprio presidente Jair Bolsonaro, que compartilhou recentemente uma postagem de Aldo, de oficiais militares sem grandes pruridos democráticos, de movimentos abertamente neofascistas, como o Nova Resistência, além desta espuma de ressentimento e rancor no qual o cirismo tem melancolicamente se dissolvido, sob o silêncio irresponsável, cúmplice, do próprio Ciro Gomes.
Um outro quadro do PDT, o “comandante” Farinazzo, candidato pelo partido ao cargo de deputado estadual de São Paulo, deu entrevista recente ao site ultraliberal e neofascista Brasil Paralelo. O site ganhou corpo nos últimos anos dando voz a todo o tipo de negacionismo científico e histórico. Farinazzo denuncia que o “nacionalismo” é perseguido pela esquerda e pela direita. Segundo ele, poderosas forças ocultas tentam, a todo custo, destruir o nacionalismo, que ele trata como uma ideologia. Aldo Rebelo é mencionado na entrevista como um grande quadro desse mesmo nacionalismo, assim como o falecido Enéas Carneiros, que a propósito foi amplamente elogiado por Ciro Gomes numa de suas entrevistas às vésperas do primeiro turno.
Entretanto, esse nacionalismo de Farinazzo e Aldo Rebelo é totalmente vazio. A começar, ele não fala do mais importante, que é o aspecto social, humano, da nação. Essa é razão pela qual, por exemplo, esse é um nacionalismo totalmente desprovido de votos e de força política. O falso nacionalismo de Bolsonaro ao menos tem votos, porque tem um conteúdo muito claro: é um nacionalismo abertamente voltado contra a modernidade, contra valores progressistas, contra a esquerda. Por que Bolsonaro pagou um preço tão alto para esconder do mundo que havia tomado a vacina anti-Covid da Jansen? Por que um dos ministros de Bolsonaro, o general Ramos, confessou numa entrevista que tomou vacina escondido, num posto de saúde dentro de um shopping em Brasília, qual um rato?
A resposta para essas perguntas é que o falso nacionalismo de Bolsonaro – e destaco com muita ênfase o adjetivo FALSO – é antes de tudo um movimento contra a ciência e o progresso, ou seja, contra os valores que, historicamente, fundamentaram a revolução francesa, derrotaram Hitler, deram nascimento à União Soviética e à China no mundo socialista, e criaram o Welfare State e a social democracia no Ocidente.
Todos os progressistas se preocupam com a questão do emprego na Amazônia, mas é claro que isso não será resolvido através do garimpo. A ideia de se criar “cooperativas de garimpeiros”, por sua vez, é tão idiota que nem mereceria comentário. A exploração mineral numa região estratégica como a Amazônia tem de ser rigorosamente controlada pelo Estado e por suas autoridades ambientais. É até curioso que “nacionalistas” que cultuam tanto países como Irã, Rússia e China, conhecidos pelo controle duro que seus governos exercem sobre a exploração de recursos naturais, defendam no Brasil um regime de exploração absolutamente caótico , atrasado e ultracapitalista como é atualmente conduzido o garimpo na Amazônia, o que apenas seria agravado caso alguém levasse a sério a ideia cretina de se liberar a criação de “cooperativas” de garimpeiros.
Ao contrário do que preconiza Farinazzo, o nacionalismo não é uma ideologia. Ele tem razão, porém, ao afirmar, na entrevista ao Brasil Paralelo, que o nacionalismo não é de esquerda nem de direita. Sim, não é. Poderíamos parafrasear Raul Seixas, e acrescentar também que não é da “traseira, nem sei mais de que lado”. Ou seja, não é nada. Afinal, que raios de nacionalismo é esse que não se preocupa com o meio ambiente, a distribuição de renda, a fome, e o desenvolvimento da ciência?
Farinazzo então balbucia platitudes sobre o histórico problema da balança comercial: a exportação, pelo Brasil, de matérias primas em estado bruto, e a falta de indústrias, um problema que é abordado na educação fundamental de todos os brasileiros. Uma das primeiras aulas de história de nossas crianças é como o Brasil se empobreceu com a exploração de pau brasil, cana de açúcar e ouro.
Mas peraí. O Aldo Rebelo, ídolo de Farinazzo, e que também concedeu longa entrevista ao canal de fake news Brasil Paralelo, não vive criticando nossas aulas de história justamente por enfatizar nossos fracassos e erros, ao invés de exaltar as grandes glórias nacionais, entre elas a saga dos bandeirantes e sua caça aos índios?
Na verdade, é um paradoxo quase divertido. Farinazzo e Aldo Rebelo exaltam um nacionalismo abstrato, romântico, sem fundamentos concretos, sem base social, sem votos, e desprovido de valores políticos e ideológicos (não é de esquerda nem direita), e protestam que as instituições brasileiras, a imprensa, os professores, a esquerda, a direita, todo mundo persegue esse belo e viril nacionalismo.
O Brasil e os brasileiros reais, portanto, estão sempre aquém do Brasil onírico, militar, glorioso, de Farinazzo e Aldo Rebelo. Farinazzo diz ainda que os brasileiros são o povo mais maravilhoso do mundo, e que o Brasil ainda exibirá grandes conquistas ao mundo. Oxalá, Comandante! Curiosamente, todavia, ele não gosta nem um pouco desse mesmo Brasil que, hoje, tenta corrigir suas injustiças através do combate ao garimpo ilegal, a ampliação dos programas sociais e o investimento em pesquisa.
Esses movimentos que rodeiam Aldo Rebelo e Farinazzo, ao qual se juntaram as viúvas ressentidas do cirismo, defendem a criação de um novo movimento nacionalista. Não parecem ter muita noção, todavia, que o povo os vê como bichos absolutamente esquisitos, ainda mais incompreensíveis do que os mais acadêmicos identitários, que eles, os nacionalistas, elegeram, a propósito, como os “grandes inimigos”.
É a velha história, sempre que um movimento político reacionário se encontra encurralado, por um lado, pelas ideias de esquerda, sempre muito claras, e de fácil adesão política (nada mais fácil do que defender melhores salários, por exemplo), e pelos liberais conservadores, de outro, que também possuem argumentos sedutores, especialmente para setores da burguesia, como a redução do Estado, foco na segurança pública e combate aos excessos da esquerda, ele apela para o “nacionalismo”, ao qual costuma acrescentar pitadas de “anti-imperialismo”, ódio aos artistas e, naturalmente, crítica pesada às esquisitices e idiossiocracias (que sempre existirão) da inteligentzia de esquerda.
Veja esse mais recente ataque à ministra do Povos Indígenas, Sonia Guajajara, uma mulher culta, brilhante. A nossa primeira ministra indígena recebeu presentes oficiais da primeira ministra indígena dos Estados Unidos. Por mais que devamos criticar o imperialismo americano, seria muita cretinice diplomática achar que isso será feito através da ruptura de boas relações com as lideranças políticas eleitas pelo povo americano. Guajarara então fez um vídeo para mostrar os presentes que recebeu, o que é uma postura de transparência sempre elogiável num político. Ministros recebem presentes de seus colegas de outros países. Faz parte do protocolo. Mas transparência é sempre bem vinda. O que fizeram os nacionalistas do Aldo Rebelo?
Fizeram ataques absolutamente racistas à ministra, tratando-a como uma simplória, vendida, que teria se corrompido por um “espelho”, numa referência a fatos históricos do Descobrimento. Aliás, a própria abordagem do fato histórico é também injusta e racista, pois não se pode jamais julgar moralmente os indígenas por darem grande valor a tecnologias estrangeiras que não conheciam, como espelhos. Afinal, isso não é absolutamente e maravilhosamente humano?
Peço perdão aos “identitários” por chamá-los assim, mas é preciso chegar a um consenso linguístico que seja inteligível para todos, inclusive para os adversários do identitarismo. E todo mundo entende o termo identitário, que uso aqui sem nenhuma conotação negativa, muito pelo contrário, aliás, como vocês irão ver.
Hoje sou um simpatizante do movimento identitário, e entendo que, do ponto-de-vista eleitoral, político e cultural, seus representantes são muito mais bem sucedidos do que os “nacionalistas”, ao menos desses nacionalistas que tentaram se descolar do bolsonarismo. Além disso, hoje entendo que o identitarismo é inerente à psique política do ser humano, e portanto, está incrustado geneticamente no conceito de liderança política que, por sua vez, é a origem orgânica, multimilenar, remontando aos primórdios da espécie, dos conceitos mentais mais profundos de democracia.
Também me considero um nacionalista, defensor da soberania econômica do país frente as grandes potências, por entender que isso é importante em nossa luta para superar a pobreza e o subdesenvolvimento. Precisamos nos reindustrializar, investir em ciência e tecnologia, em educação básica, média e superior, e melhorar a complexidade de nossa economia e de nossa pauta de exportações.
Entretanto, me deixa profundamenta perplexo que existam tantas pessoas incapazes de entender que isso apenas será possível através da política, da ação política real, o que inclui ganhar eleições e formar maiorias, e não apenas lacrar e cagar regras nas redes sociais.
Esse é o pior rastro de destruição deixado por esse movimento ressentido, radicalizado e autodestrutivo em que se transformou o cirismo, e que é exatamente o oposto do que defendia Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, ambos inabaláveis e confiantes representantes do otimismo, da esperança, e da fé na política e na humanidade!
Vejo “nacionalistas” e ciristas fazendo críticas absolutamente despolitizadas ao governo Lula, porque este – com poucas semanas de governo – ainda não fez isso ou aquilo. Ora, critica é fundamental. A própria palavra crítica é uma das mais belas e antigas dos idiomas latinos, e tem suas raízes no grego (κρίσις), onde carregava o sentido de escolher, distinguir, julgar, eleger. Era um termo popular no vocabulário das agitadas democracias helênicas da Antiguidade.
Agora, é preciso lembrar que a crítica não é um fim, mas um início. Quem critica frequentemente joga tanta luz sobre si mesmo quanto sobre o objeto criticado. Marx e Engels trataram ironicamente essa questão numa de suas obras, A Sagrada Família, cujo subtítulo era “Crítica da crítica da crítica”.
Não é que a melhor crítica é feita a partir de “dentro”, um argumento que é frequentemente apenas uma desculpa para os fisiológicos se acomodarem dentro da máquina pública. Até porque não é verdade. A melhor crítica sempre será feita por quem está de fora, com distanciamento e independência para analisar o objeto a ser criticado.
O que é preciso lembrar, todavia, é que, em se tratando de política, não se deve fazer uma crítica apenas como quem assiste um jogo pela televisão e critica o erro de um jogador. Isso também vai acontecer, claro. Mas política não é futebol comercial, em que apenas um punhado de jogadores multimilionários proporcionam um espetáculo ao mundo. Política tem de ser exercida por todos. Um militante político pode criticar quanto quiser, mas aquele que tiver um razoável senso de proporção e justiça, saberá equilibrar sua postura através da consciência do que ele, militante, pode fazer para contribuir para a causa. Um nacionalista com voto, ativo em diversos movimentos sociais, que tenha uma postura educada, democrática, lhana, disposto a ouvir todo mundo, a fazer críticas sem perder a classe, a mudar de ideia quando ouvir um bom argumento, será muito mais importante para a causa nacionalista, do que um incel rancoroso, antipático, sem votos, membro de seitas esotéricas, que acha que um bom militante é o que xinga todo mundo na internet. Ademais, associar nacionalismo a postura de preconceito contra minorias será apenas mais um tiro que esses movimentos darão em seus respectivos pés. Os votos, eles já não tem. O que eles procuram agora: o repúdio geral?
Sendo mais claro. Lula precisa fazer um monte de coisa que ele provavelmente não fará, por falta de apoio parlamentar, político, social, internacional, ou mesmo por erros dele mesmo. Um militante maduro, principalmente um que seja filiado a um partido ou movimento político, jamais deverá esquecer que ele também deve ajudar, trabalhando para eleger mais deputados alinhados com as ideias que ele defende, fortalecendo movimentos políticos ou culturais afins.
Este é o sucesso, a propósito, do Partido dos Trabalhadores, desde sua fundação. Ele incorporou uma cultura militante extremamente pragmática e independente, na qual seus quadros não são dependentes apenas do partido para divulgarem suas ideias e exercerem suas atividades políticas. Eles participam, frequentemente, de múltiplas organizações, algumas das quais eles mesmo criaram. Neste sentido, essa regra do PDT, de proibir “dupla militância” é absurdamente antidemocrática e contraproducente. Um partido político moderno precisa incentivar seus quadros e militantes a participarem de várias organizações, até para trazerem essas experiências, ideias, e pessoas, para dentro da legenda. É claro que haverá momentos de tensão, em que o movimento puxará o militante para um lado, e o partido para outro. Mas isso é saudável!
Um vídeo de Aldo Rebelo compartilhado pelo ex-presidente Bolsonaro fala nas agruras de índios e garimpeiros na Amazônia, mas não traz nenhuma reflexão inteligente, não apresenta nenhuma solução. A questão amazônica apenas será resolvida por um projeto de desenvolvimento, mas é óbvio que esse projeto tem de ser absolutamente moderno, ou seja, científico. A Amazônia é grande demais. As cidades amazônicas precisam ser sustentáveis ambientalmente, e sobretudo modernas, dotadas de grandes laboratórios de biotecnologia. A questão mineral também tem de ser enfrentada com ciência e pesquisa. É possível explorar alguns minérios da região sem agredir a fauna e a flora? Naturalmente que é, desde que haja vontade política para isso.
Precisamos de ajuda de todos. Não será bom para ninguém que se prolifere, no Brasil, um movimento de falso nacionalismo voltado exclusivamente a falar mal do… Brasil, de suas lideranças políticas, das minorias, das idiossiocracias (muitas vezes inocentes) dos intelectuais de esquerda, enfim, um movimento sem votos e odiado por muitos. Não é por esse caminho, definitivamente, que vamos recuperar o nacionalismo no país.
É curioso, por isso mesmo, que esses nacionalistas cultuem um ídolo estrangeiro, Vladimir Putin, e tentem difamar a todo custo a nossa maior liderança política, eleita há poucos meses com 60,3 milhões de votos e absolutamente amado e respeitado pelas grandes massas populares.
Por fim, um nacionalismo que nos sirva tem de ser um nacionalismo que seja um meio, um caminho, um facilitador, e não uma barreira, para nos unirmos enquanto espécie humana! Que seja, portanto, com todas as contradições que naturalmente existirão, pois a vida e política são repletas de contradição, um nacionalismo progressista, fraterno, internacionalista e pacífico!