Nesta segunda-feira, 14, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, concedeu entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, e disse que não vai mudar a meta de inflação para o próximo biênio. Na prática, Campos Neto diz que vai manter a alta da taxa de juros, em 13,75% ao ano, o que representa uma taxa real de 8% acima da inflação.
“Existem, obviamente, aprimoramentos a se fazer. Estamos estudando desde 2017 com um grupo de diretores, que inclusive nem estão mais participando da Casa, como poderíamos aprimorar o sistema de metas. Não há uma proposta. Existem mais de uma. Mas, em nenhum momento, entendemos que o movimento de aprimoramento do sistema de metas seja um movimento que vise ganhar flexibilidade ou atuar de uma forma diferente”.
Ainda durante a entrevista, Campos Neto negou que em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha se mostrado favorável a flexibilizar o sistema de metas
“Se mudar a meta, vai ter o efeito contrário. O mercado vai pedir um prêmio de risco maior ainda. O que vai acontecer é o efeito contrário. Em vez de ganhar flexibilidade, vai acabar perdendo flexibilidade. Não existe ganho de credibilidade aumentando a meta”, afirma.
Alexandre Neres
14/02/2023 - 19h53
A economista Monica de Bolle (Doutora em Economia pela London School of Economics (LSE), ela é pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, localizado em Washington, nos EUA, e professora adjunta na Escola de Estudos Avançados Internacionais da Universidade Johns Hopkins) está afiadíssima.
Em entrevista ao UOL avaliou que Lula está em seu direito de tecer críticas à condução monetária feita pelo Banco Central — considerando especialmente possíveis conflitos entre uma “visão excessivamente rígida” de Campos Neto e interesses econômicos do Brasil, como o crescimento. Eis suas máximas categóricas:
“É uma pessoa que tem seus méritos, e sem desmerecê-lo de forma alguma, ele é uma pessoa que trabalhou a vida inteira em tesouraria de banco. A visão de mundo, de pais, é de um tesoureiro de banco”, sobre RCN.
“O presidente da República tem o direito de questionar quem quer que seja, ele foi eleito para isso. Faz mais sentido ainda se o que ele tiver questionando for a falta de percepção de institucionalidade que pode estar presente no Banco Central”
EdsonLuíz.
14/02/2023 - 12h13
Li a posição de Mônica de Bolle sobre a Selic estar muito alta e os seus argumentos e motivos para baixar os juros. Gosto do pensamento econômico de Mônica de Bolle e fazia mais de ano que eu não lia nada escrito por ela. Dessa vez, como em poucas, discordo completamente.
Mônica pontua, em sua argumentação, que as Operações Compromissadas não são dívidas e que por isso os títulos que estão em depósito e o valor referente às Reservas Cambiais, convertidos para a nossa moeda, deveriam ser descontados do montante da Dívida Interna, retirando a percepção de a Dívida ser muito alta e diminuindo o percentual da dívida em relação ao PIB.
Ocorre que o objetivo de manter as reservas cambiais –manter em moeda estrangeira e aplicada fora do país– por si só mostra que as reservas internacionais não se prestam para fazer Política Fiscal ou Monetária, tendo essas reservas outro objetivo. E fazer desconto dos depósitos de títulos das Operações Compromissadas faria a dívida ser tratada pelo conceito de Dívida Líquida, retrocedendo ao conceito que era aplicado no governo Dilma. Os procedimentos financeiros e contábeis internacionais consideram o conceito de dívida bruta exatamente porque os estoques considerados por mônica nào serem descontáveis das dívidas soberanas.
Observa-se que para precificar os títulos do Banco Central os agentes econômicos, que são hiper-profissionalizados, já levam esses estoques para a conta de diminuição de riscos e instabilidades.
Eu acho que seria bem interessante saber o que Armínio Fraga acha destas ideias de Mônica e de como ela reagiria a uma manifestação de Armínio.