O Brasil é um país que ainda não tem maturidade para discutir independência ou autonomia das instituições.
Mesmo hoje, poucas instituições (e membros) prestam contas ou são responsabilizadas por desmandos e erros.
Esse problema sempre existiu no Brasil e a Constituição Federal de 1988 piorou isso com o descontrole do Ministério Público, porém hoje temos um “catalizador”: o movimento antipolítica.
Embora enfraquecido, esse movimento busca perverter ainda mais o Estado. É você enfraquecer a institucionalidade a tal ponto, para que o poder econômico se sobreponha ao jogo democrático. Como?
Criminalizando aqueles que pregam o diálogo, priorizando o murro na mesa, a intimidação e o assédio no lugar da ordem.
Hoje não controlamos as forças armadas, o Ministério Público e quem dirá o Banco Central que hoje se consulta com banqueiros para decidir taxa de juros e política monetária. E se passarmos pelas forças de segurança pública, o buraco fica ainda mais fundo.
Em 2013 falhamos com a aprovação da PEC 37, em 2018 falhamos em não afastar as forças armadas da política, em 2020 as policias militares ameaçavam greves e hoje, pedir responsabilidade ao Banco Central é tão terrível quanto dar um tapa no Papa.
E é sempre engraçado como a cobrança por responsabilidade vem acompanhada de gritos desonestos e cínicos de “QUEREM APARELHAR A NOSSA INSTITUIÇÃO”.
Oras! Mais aparelhada do que já é por seus próprios lobbys corporativistas?!
Uma instituição que falha ou se omite em servir aos seus propósitos (muitas vezes constitucionais) em detrimento de seus próprios interesses é boa para quem? Se uma instituição do Estado brasileiro não está servindo à sociedade, então serve a quem?
Não me surpreende nem um pouco que esses “protestos” venham acompanhados de discursos impregnados de ódio à policia e contra seus operadores. E sabem porque? Mesmo com todos os seus defeitos, a política e a democracia ainda são os instrumentos e caminhos para que a sociedade civil têm para que seus pleitos sejam atendidos.
Querem instituições independentes? Eu também quero! Mas quero que elas sejam, acima de tudo, responsáveis!
É preciso discutir a governança do Estado pela sociedade.