Pesquisadora fala sobre o impacto dos aplicativos de mensagens na disseminação de notícias falsas
05 de Fevereiro de 2023 – 08:56
Nara Lacerda – Brasil de Fato – São Paulo (SP)
Brasil de Fato — As eleições de 2022 confirmaram um movimento perigoso de disseminação de fake news nas redes sociais que já vinha sendo observado no Brasil desde o pleito de 2016.
No ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu mais de 300 ações relativas à campanha, 85 delas sobre notícias falsas. As redes sociais, incluindo aplicativos de mensagens, foram o palco principal da desinformação.
Por conta da onda de mentiras disseminadas, o Ministério Público Federal (MPF) pediu que WhatsApp adiasse o lançamento de uma funcionalidade, que na visão do MPF, poderia piorar ainda mais o cenário.
A novidade seria o sistema de comunidades, que pode reunir até 50 grupos e permite o compartilhamento de mensagens para até 5 mil pessoas. Passadas as eleições, a plataforma colocou o recurso no ar.
A jornalista e pesquisadora Renata Mielli, coordenadora do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e integrante da Coalizão Direitos da Rede, afirma que é preciso discutir qual é o impacto da mudança em uma plataforma que garante criptografia de ponta a ponta nas trocas de mensagens.
“A criptografia é uma tecnologia fundamental para a defesa da privacidade das nossas comunicações. Qual é o questionamento que alguns pesquisadores têm feito? Quando você tem a capacidade de, em um único disparo, mandar uma mensagem para 5 mil pessoas, você já não tem mais uma comunicação interpessoal. O que você tem é uma nova forma de comunicação de massa. Será que é razoável que essa comunicação de massa seja protegida por criptografia de ponta a ponta?”
Alcance
O WhatsApp é utilizado por mais de 2 bilhões de pessoas em mais de 180 países. Não há dados oficiais divulgados pela plataforma sobre o número de perfis ativos no aplicativo no Brasil. Mas pesquisa Datafolha do ano passado apontou que mais de 92% da população do país usa o serviço de mensagens. Ele é a rede social preferida de mais de 40% das pessoas entrevistadas e predomina em todas as faixas de renda.
Pesquisas de consultoria em finanças e tecnologia indicam que a ferramenta alcança mais de 165 milhões de brasileiros e brasileiras. Esse número coloca o país em primeiro lugar entre as nações que mais usam a plataforma.
Já o Telegram, de acordo com a Datafolha, alcançava em 2022 24% da população. O aplicativo é usado por mais de 500 milhões de pessoas em 200 países.
Essa imensa base de perfis faz com que as plataformas de troca de mensagens tenham alcance considerável e se tornem terreno fértil para as notícias falsas. A velocidade de propagação da desinformação e a certeza de que o destinatário vai receber a mentira colocam essas ferramentas em posição de vantagem na comparação com outras redes sociais.
Embora as plataformas desenvolvam mecanismos para combater a circulação de mentiras, o problema segue causando impacto considerável.
“Temos que discutir literacia (alfabetização) digital. É um tema que tem que entrar nos currículos escolares. Não tem bala de prata, não tem nenhuma medida que vai acabar com a desinformação de uma hora para outra. É um processo e nós precisamos nos formar para termos um ambiente comunicacional mais saudável na sociedade Brasileira”, alerta Renata Mielli.
Para ler o texto completo, clique neste link: https://www.brasildefato.com.br/2023/02/05/mudancas-no-whatsapp-podem-ampliar-megafone-das-fake-news
Edição: Thalita Pires
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