Ex-vice presidente acha que invasores têm apoio de parte dos donos da floresta invadida
02 de Fevereiro de 2023 às 17:08
Redação Brasil de Fato | Porto Alegre
Brasil de Fato — O ex-vice-presidente da República e agora senador Hamilton Mourão (Republicanos–RS) chamou de “hipocrisia” o combate à exploração de ouro na terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. A declaração aconteceu hoje (2) durante entrevista ao programa Timeline, da rádio Gaúcha.
“Enquanto for tratado nessa hipocrisia de que não pode haver exploração, vai haver a invasão”, argumentou. Afirmou que a invasão do garimpo ilegal é “recorrente”. Entende que o Estado terá que sempre estar combatendo os invasores. Para ele, os garimpeiros ilegais até contariam com a cumplicidade “de parte da tribo”.
Indagado sobre essa suposta cumplicidade dos próprios donos da terra invadida, reiterou a resposta. “Tu acha que índio que viver o resto da vida enfurnado na floresta? Quer celular, quer camionete, quer ar condicionado. Não quer viver de caça e pesca o resto da vida”, retrucou.
“Eu não recebi nenhum pedido”
O general da reserva negou que tenha havido erro na gestão federal durante o mandato Jair Bolsonaro, hoje acusado inclusive por genocídio tanto no Brasil quanto no exterior contra o povo Yanomami. Citou cinco operações da Polícia Federal, que teriam apreendido 75 aviões usados pelo garimpo ilegal, além de confiscar e destruir equipamentos dos invasores.
“O governo federal trabalhou, estávamos enfrentando a pandemia, há um trânsito de indígenas da Venezuela para o Brasil”, alegou.
Foi questionado sobre a já desmentida presença maciça na reserva de indígenas vindos da Venezuela. Ríspido, Mourão afirmou que não falava “de orelhada” ou de “ouvir falar”, invocando seus conhecimentos sobre a área.
Ex-coordenador do Conselho Nacional da Amazônia Legal – “minha função era de coordenação fazendo o contato entre os ministérios” – o senador foi perguntado sobre os 60 pedidos de socorro feitos por lideranças Yanomamis durante o governo passado sem nenhuma resposta. “Eu não recebi nenhum pedido”, respondeu.
Nos seus cálculos, o número de 20 mil garimpeiros ilegais na terra Yanomami não é “o correto”. Acha que é bem menor. Deu a entender que a questão indígena cresce na mídia nacional e internacional por conta da pressão exercida contra o país.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira