Durante entrevista para o canal BandNews, o atual Ministro da Defesa, José Múcio, disse que irá negociar com os militares o fim das comemorações de 31 de março, data que marca o início da ditadura militar brasileira que durou 21 anos e vários cadáveres.
É simplesmente inacreditável que o Ministro da Defesa de uma democracia afirme que precisará pedir “licença” para os militares não celebrarem o assassinato de brasileiros (entre eles, mulheres grávidas e crianças). E ainda vou além! Se o governo DECRETASSE o fim das comemorações, o que os militares fariam? Tomariam o Planalto assim como permitiram (e patrocinaram) que civis fizessem no dia 8 de janeiro?
O que o Ministro diz é que ele não passa de um mero despachante dos militares e que o Brasil é uma democracia sequestrada pela cúpula das forçadas armadas. Quando um Ministro, que deveria ser responsável pelo controle das forças armadas, diz que precisa negociar para que os militares não celebrem um crime, o título deste artigo deixa de ser uma hipérbole e se torna o retrato lamentável das mazelas que a frágil e jovem democracia brasileira sofre.
Com um Ministro da Defesa desses, a cúpula das forças armadas já pode abandonar as ameaças anônimas que fazem através de notas e declarações publicadas pela a imprensa, afinal de contas, Múcio acaba de fazer um vergonhoso papel de garoto de recados.
Ao que tudo indica, o Brasil não irá superar a sua relação abusiva com as forças armadas e, pela fala do Ministro, já está contratando a sua próxima crise e seu próximo Jair Bolsonaro.