(Reuters) – O chanceler alemão, Olaf Scholz, dirige-se à Argentina neste sábado para iniciar sua primeira viagem pela América do Sul, no momento em que seu governo busca reduzir a dependência econômica da China e fortalecer relações com democracias ao redor do mundo.
Durante os três dias da viagem, Scholz, um Social Democrata, visitará as três maiores economias da região – Argentina, Chile e Brasil.
Uma das prioridades da agenda será a guerra na Ucrânia e as lições tiradas dela – como, para Berlim, uma consciência maior sobre a necessidade de reduzir a dependência econômica de Estados autoritários. A dependência alemã do gás da Rússia gerou uma crise de energia depois que as relações se deterioraram por causa da guerra iniciada por Moscou.
A Europa no geral corre para reduzir sua dependência especialmente da China por minérios essenciais para a transição a uma economia de carbono neutro e a América do Sul é rica nesses minerais.
“Esses três países são todos parceiros interessantes para a diversificação das nossas relações econômicas no geral, mas também para nosso abastecimento de commodities”, disse uma autoridade do governo alemão na sexta-feira.
Sobre a concorrência com a China, que investiu bastante na região na última década, a autoridade disse que a Alemanha simplesmente precisa ser mais ativa e também mais preparada para abraçar setores dos quais até então se esquivava.
“Por exemplo, mineração de lítio – essa é uma tarefa desafiadora, especialmente em relação aos padrões sociais e ambientais. E no passado, nós provavelmente evitamos isso… mas não podemos nos dar a esse luxo, se quisermos nos sustentar.”
Argentina e Chile estão no chamado “triângulo do lítio” da América do Sul, que abriga as maiores reservas mundiais do metal usado em baterias.
O chanceler alemão é acompanhado de uma delegação de cerca de uma dúzia de executivos de vários setores, e também da vice-ministra da Economia, Franziska Brantner.
BRASIL
No Brasil, a última perna da viagem, Scholz estará ao lado da ministra do Desenvolvimento, Svenja Schulze, por causa do novo ímpeto para projetos conjuntos desde a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu uma revolução na política climática do Brasil.
O desmatamento na Amazônia atingiu seus maiores patamares em 15 anos sob o governo do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.
O novo foco de Lula pode ajudar a abrir caminho para um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul – o que também está na agenda de Scholz para as conversas com os líderes regionais.
Embaixadores da UE já disseram ao Brasil que o acordo de livre comércio com o Mercosul, acertado em princípio em 2019, não será ratificado, a menos que haja medidas concretas para interromper a destruição cada vez maior da floresta amazônica.
A visita de Scholz também é uma demonstração forte de apoio a Lula, após apoiadores de Bolsonaro atacarem os prédios dos Três Poderes em Brasília em 8 de janeiro, apenas uma semana depois da sua posse.
O chanceler alemão falará sobre isso e também visitará memoriais das vítimas das ditaduras militares de Chile e Argentina.