Os acontecimentos mostram que, claramente, o governo saiu da defensiva e partiu para afirmar suas posições, com grande vantagem sobre o “negacionismo de mercado” e seu discurso desestabilizador.
O golpismo bolsonarista não apenas perdeu o discurso como, mais além, perdeu até a capacidade de gaguejar desculpas para seus atos.
Se todo acusado tem o direito ao silêncio, não dá para desconsiderar que quando ele é um ex-ministro da Justiça, como Anderson Torres, é uma desmoralização calar-se diante da obrigação de esclarecer acontecimentos dos quais inequivocamente participou, como a franquia a quem quisesse depredar a sede dos 3 poderes republicanos e uma minuta de decreto de intervenção militar que ele próprio admite que estava em sua casa.
O magote de prisões determinado por Alexandre de Moraes, diante das cenas detalhadas do ataque aos palácios, não despertou uma gota de piedade aos golpistas.
Bolsonaro, noticia-se, prepara-se para “esticar” sua temporada na Flórida, diante da necessidade de prestar esclarecimentos à Justiça brasileira. A crescente possibilidade de que seja declarado inelegível funciona como um repelente que, visivelmente, afasta os integrantes do velho Centrão de sua esfera de influência. Política é poder ou perspectiva de poder e o ex-presidente não dá mais nem um nem outro.
Os militares plantam, seguidamente, nos jornais, que Lula estaria interessado em um “aparar de arestas” com eles, quando se tornou evidente que são eles que precisam livrar-se dos espinhos que eriçaram diante do governo legítimo.
Lula, ao contrário, não tem economizado pronunciamentos públicos, como fez hoje no ato com as lideranças sindicais – afinal, de volta ao Planalto depois de terem sido excluídas de qualquer diálogo com o Governo nos últimos seis anos. Disse, com todas as letras, que houve uma tentativa de golpe de Estado no dia 8 e que Jair Bolsonaro é, politicamente, o seu inspirador. Não haverá quem o conteste, tão claras as coisas estão.
Este é o traço determinante do momento político: a iniciativa do jogo, depois da ameaça que o “conservadorismo de mercado” fosse ficar com a ofensiva, emparedando o governo a que adotasse políticas econômicas a seu gosto – mas a desgosto do povão – a boca de cena está de volta à política e aos compromissos sociais do novo governo.
Texto publicado originalmente no Tijolaço
carlos
19/01/2023 - 13h17
Em pleno século 21 ainda tem gente, que sabe ler e escrever mas não sabe analisar ou interagir o conteúdo porque o seu nível de entendimento não está ao nível, de senso comum, não dos níveis de linguagem, estou falando da leitura didática.
Valeriana
19/01/2023 - 11h08
Esse tal de Fernando Brito escreve, escreve, escreve e na diz nada.