Me perdoe o título aparentemente sensacionalista, leitora, mas é a mais pura verdade.
E podemos chegar a essa conclusão simplesmente observando o apelido que a Folha deu à PEC que tramita no Congresso, que autoriza o governo a ultrapassar o teto de gastos para conseguir pagar programas sociais como o Bolsa Família.
O Globo e o Estadão, jornais conservadores sem qualquer pendor esquerdista, têm se referido ao projeto de emenda à constituição de forma sóbria e correta: PEC da Transição. A PEC é necessária para honrar alguns compromissos assumidos por Lula na campanha – e também seria necessária caso Bolsonaro tivesse vencido, para honrar os compromissos que também fez.
A Folha, que se vende como um jornal “a serviço da democracia”, está chamando o projeto de PEC da Gastança.
“Gastança”, Folha?
O Brasil voltou ao Mapa da Fome da ONU. Mais da metade da população convive com algum grau de insegurança alimentar. 33 milhões passam fome.
E os editores da Folha, que certamente fazem suas três refeições diárias de qualidade, têm a pachorra de mandar escrever que pagar o Bolsa Família — o programa que pode salvar pessoas da morte por falta de alimento — é uma “gastança”.
É surreal. E nojento.
Seguir um pressuposto econômico falso – o de que aumento de gastos públicos é sempre ruim para a economia – é, para a Folha, mais importante do que evitar a morte de brasileiros por inanição.
E no fundo nem é isso. O que os donos da Folha querem, na verdade, é que o Brasil continue sendo um país subdesenvolvido, subalterno às grandes potências do mundo, com uma multidão de miseráveis a servirem um punhado de nababos – dentre os quais se incluem, evidentemente, os donos da Folha.
Pois sabiam que agora temos um governo com responsabilidade social, senhores. A fome voltou a ser mais urgente do que lorotas econômicas.
Garantir que os brasileiros todos tenham o que comer não é gastança. É humanidade básica.