Por Altamiro Borges
A ascensão do fascismo no Brasil, com a chegada ao poder do “capetão” Jair Bolsonaro, abriu as portas do inferno – destampou o esgoto. Todos os piores preconceitos – machismo, racismo, homofobia, xenofobia e tantos outros – vieram à tona. Nesta semana, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou dados assustadores sobre o aumento da violência contra as mulheres no país.
O primeiro semestre deste ano registrou aumento de 10,8% no número de feminicídios em relação ao mesmo período de 2019, no início do governo do misógino. Em média, quatro mulheres foram assassinadas por dia entre janeiro e junho, totalizando 699 vítimas (3,2% a mais do que no ano passado). Os números subiram de 631 feminicídios em 2019 para 664 em 2020, 677 em 2021 e 699 em 2022.
“A pesquisa também coletou dados sobre estupro, que apontaram 29.285 vítimas desse tipo de crime nos primeiros seis meses do ano. Desse total, 74,7% foram cometidos contra vulneráveis, vítimas incapazes de consentir com o ato sexual (crianças ou adolescentes, mulheres com deficiência mental ou sem condições físicas de resistir ao ataque). No acumulado de quatro anos, considerando apenas os primeiros semestres, 112 mil mulheres foram estupradas no país”, registra o jornal Estadão.
Redução dos investimentos em políticas públicas
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os dados mostram a relação entre o aumento da violência contra a mulher e a redução dos investimentos em políticas públicas de combate a esses crimes nos últimos quatro anos. E esses números devem piorar ainda mais. “Infelizmente, tudo aponta para um crescimento da violência letal contra meninas e mulheres em decorrência do seu sexo, da sua condição de gênero. Se mantida a tendência de janeiro a junho deste ano, podemos ter um novo recorde de feminicídios quando fechar o ano de 2022”.
O estudo apontou que, apesar da explosão dos registros de feminicídios, os recursos federais investidos para combater esse crime diminuíram drasticamente nas trevas bolsonarianas. Em 2022, apenas R$ 5 milhões foram destinados ao enfrentamento da violência contra mulheres, o menor repasse de recursos dos últimos quatro anos.
Já no caso dos estupros, Isabela Sobral, supervisora do Núcleo de Dados do Fórum, alerta que a pandemia da Covid-19 elevou a subnotificação desse crime, que exige necessariamente o exame de corpo de delito nas vítimas. “Durante o período mais intenso de isolamento social, a diminuição do acesso às delegacias e demais serviços de denúncia e proteção impactou negativamente no acesso às vítimas para o registro. Como agravante, foi limitado o acesso às instituições escolares, as quais têm papel fundamental na denúncia e no mapeamento de possíveis riscos que as crianças estão vivendo, principais vítimas da violência sexual no Brasil”.