Somos maioria.
Somos 60,34 milhões de brasileiros que tomamos a decisão de fazer as malas do atual presidente da república.
Ah, mas Bolsonaro teve 58,2 milhões de votos…
Não importa. As regras são claras. Tivemos mais votos, e iremos exercer o poder.
A esquerda voltou ao comando do maior país da América do Sul.
Os apoiadores de Bolsonaro podem fechar estradas, chorar diante dos quarteis, espalhar fake news sobre fraude nas eleições.
Nada disso mudará o resultado: perderam.
Essa postura pirracenta, irresponsável e antinacional dos apoiadores de Bolsonaro, bloqueando rodovias estratégicas e impondo danos bilionários à economia nacional e pondo em risco a segurança alimentar e médica de milhões de brasileiros, é mais uma conta que nós, eleitores de Lula, pomos nas costas desse governo de morte.
Aliás, é por atitudes como essa que o Bolsonaro perdeu a eleição. A maioria dos brasileiros quer estabilidade, paz, desenvolvimento.
Queremos discutir temas como a melhora da educação oferecida a nossas crianças, a construção de trens de alta velocidade conectando as grandes cidades brasileiras, a modernização de nossas indústrias, o investimento em pesquisa e tecnologia, o aprimoramento dos serviços públicos prestados à população.
Mesmo com toda a máquina do Estado trabalhando diuturnamente a favor do candidato Jair Messias Bolsonaro, atropelando as leis eleitorais mais básicas, mesmo com o presidente da república fazendo campanha ininterruptamente desde que tomou posse, mesmo assim vencemos.
É ainda difícil, pela proximidade, estimar a importância dessa vitória.
Eu arriscaria, todavia, que se trata da mais importante vitória democrática do mundo, nos últimos cinquenta anos.
Brasil foi uma espécie de “Stalingrado” contemporânea, onde o destino da humanidade esbarrou num cruzamento histórico.
Se Bolsonaro tivesse vencido, seria uma vitória do fascismo, com reflexos no mundo inteiro, a começar pela América Latina.
Com a vitória de Lula, poderemos ajudar a Argentina se reerguer, com benefício para nós mesmos, que também dependemos do mercado argentino, sobretudo para nossos manufaturados.
Para os americanos de esquerda (que existem, e são milhões), a vitória de Lula oferece igualmente uma enorme esperança, porque abre perspectivas de parcerias no campo da pesquisa, da tecnologia da informação e da cultura, setores que, nos EUA, abrigam muita gente progressista.
A esquerda europeia, protagonista de uma interminável luta contra o fascismo, que parece durar séculos, para não dizer milênios, respirou aliviada com o desenlance das eleições brasileiras.
Entretanto, talvez seja no outro lado do mundo, no extremo oriente, que a vitória de Lula tenha sido mais festejada, especialmente na China.
A volta de Lula à presidência reabre os portões da China para o Brasil. Bolsonaro é um americanófilo de extrema-direita, obcecado pela paranoia anticomunista, de maneira que nossas relações com a China retraíram-se para uma dimensão puramente comercial. A China compra nossa soja, nosso petróleo e nossa carne. Ponto. Todos os grandes acordos tecnológicos, industriais, científicos, todas as possíveis parcerias nas áreas de infra-estrutura, energia, satélites, conectividade, inteligência artificial, tudo isso ficou em supenso, à espera de um novo governo. E agora temos um novo governo.
A propósito, observando as manifestações golpistas dos últimos dias, esses derradeiros e desesperados espasmos do fascismo brasileiro, esmagado por 60 milhões de votos no dia 30 de outubro, fica patente o tamanho da nossa vitória. E quanto mais durarem essas convulsões antidemocráticas, mais claro ficará também porque a maioria dos eleitores decidiu, como diz a música, mandar o Jair embora.