Se há algo que pode definir o ultimo debate das eleições de 2022 é a monotonia. Esse debate vai mudar votos? Vai movimentar eleitores? Vai dar ou tirar eleitores para Lula ou Bolsonaro? Não!
E Bolsonaro perdeu a chance que tinha! Não teve controle do evento, tampouco do seu tempo. É isso, péssimo para quem está atrás por mais 6 milhões de votos. Todo o seu embate ficou restrito em reforçar as crenças da sua própria seita e principalmente usar o pânico moral e suas sandices como capsulas de fuga quando se sentia emparedado pelo ex-presidente Lula.
Bolsonaro passou todo o seu mandato agindo como se só existisse Brasil para os seus eleitores mais aguerridos. Uma coisa típica de deputado federal.
Não é por menos que ao final do debate, Bolsonaro pediu votos para…. DEPUTADO FEDERAL!
E que se faça justiça, ele não errou! Como eu disse acima, ele se comporta como um deputado e faz campanha como deputado. Logo, nada mais justo.
E isso fez com que ele deixasse muito exposta a sua faceta agressiva e beligerante, algo que seu principal problema perante o eleitorado em geral mas principalmente o feminino.
Mas ninguém poderia dizer que se surpreendeu com isso, Bolsonaro é assim e além disso, chegou nos estúdios da Globo no Rio de Janeiro visivelmente tenso e se manteve assim durante todo o debate.
Já Lula manteve a “posse de bola” de forma muito firme durante todo o debate e se mostrou muito tranquilo, fazendo a condução em todos os blocos.
Mas que se faça a justiça! Para Lula, o debate poderia terminar em 0x0 e estaria tudo bem para ele, afinal de contas ele terminou o primeiro turno na frente com 6 milhões de votos e é o franco favorito segundo as pesquisas de qualidade e renome disponíveis.
Já Bolsonaro chega ao debate numa situação completamente contrária e em uma semana muito ruim, talvez a pior de toda a sua campanha. Embora suas atitudes digam o contrário, o presidente é ser humano, logo, é natural que, tendo em vista estas condições, ele chegue ao debate psicologicamente abalado.
A pesquisa qualitativa da Atlas feita com 100 eleitores em 10 estados diferentes mostra reforça a percepção de êxito do Lula durante os quatro blocos e a patinada do Bolsonaro na reta final.
Já a análise das redes da Quaest reforça que esse debate dificilmente moverá as intenções de voto de maneira tectônica, com sentimentos mistos nas menções da rede.
As menções sobre Bolsonaro foram majoritariamente negativas enquanto as de Lula foram um misto entre positivas e negativas.
O Brasil está em processo eleitoral desde 2020 quando o ex-presidente Lula retomou seus direitos políticos, além disso tanto Bolsonaro quanto Lula, são lideres com fortíssimo apelo popular e que estão há anos na política.
O eleitor já conhece muito bem ambos, não por menos, logo no primeiro turno os dois juntos tiveram mais de 100 milhões de votos, levando 90% dos votos válidos logo de cara.
Está óbvio que o primeiro turno foi uma antecipação do segundo turno e que na verdade, 2022 teve dois segundos turnos.
Porém a mesma pesquisa Atlas discorda de mim e há explicação para isso: os eleitores em disputa são os 9 milhões que votaram nos outros candidatos no primeiro turno.
Como essa é uma pesquisa qualitativa, isso pode indicar uma suscetibilidade desse grupo.
De qualquer forma, a avaliação que podemos ter sobre o debate é bem simplista: foi bom para que estava ganhando e ruim para quem estava perdendo.
Bolsonaro precisava colocar os holofotes em si, dominar a bola e ter destaque e acabou ficando sob a sombra do ex-presidente Lula, ficando como gandula em um jogo onde poderia ser titular.