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Análise Ineep: Relatório de Produção e Vendas Petrobras no 3° trimestre

Segunda queda trimestral consecutiva na produção de óleo e gás natural marca desempenho operacional da Petrobras neste 3° trimestre de 2022 Por Mahatma Ramos dos Santos O relatório de produção e vendas da Petrobras do 3º trimestre de 2022, divulgado ontem (24/10), registrou segunda queda trimestral consecutiva na produção de petróleo e gás natural, além […]

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Imagem: Agência Petrobras

Segunda queda trimestral consecutiva na produção de óleo e gás natural marca desempenho operacional da Petrobras neste 3° trimestre de 2022

Por Mahatma Ramos dos Santos

O relatório de produção e vendas da Petrobras do 3º trimestre de 2022, divulgado ontem (24/10), registrou segunda queda trimestral consecutiva na produção de petróleo e gás natural, além de quedas na produção de derivados e no volume de vendas de derivados no mercado interno, na comparação com mesmo trimestre do ano anterior.

O atual desempenho operacional da Petrobras com quedas trimestrais consecutivas na produção de óleo e gás e a redução tanto do volume de vendas de derivados no mercado interno quanto das exportações de petróleo e derivados, evidencia, mais uma vez, os impactos negativos da estratégia de desinvestimentos da empresa. O foco na atividade de E&P (exploração e produção) e sobretudo no pré-sal deixa a empresa mais exposta à volatilidade dos preços internacionais. A geração de valor e dividendos no curto prazo como objetivos prioritários, além de elevar os preços médios aos consumidores brasileiros, coloca em risco a sustentabilidade da relação entre produção e reservas da Petrobras no longo prazo.

No terceiro trimestre de 2022, a produção média de óleo, LGN e gás natural caiu 6,6%, saindo de 2,83 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) no 3T21 para 2,64 milhões de boe/d no 3T22. A produção média de derivados, por sua vez, registrou queda de 9,4% na comparação anual, passando de 1,93 milhão de barris diários (bpd) no 3T21 para 1,75 milhão de bpd no 3T22.

A redução da produção de petróleo e gás natural da estatal se justifica por ao menos dois fatores operacionais: (i) o maior impacto dos Contratos de Partilha de Produção dos Volumes de Excedente da Cessão Onerosa dos campos de Atapu e Sépia, e (ii) a parada para descomissionamento e desmobilização da FPSO Capixaba. Essa queda poderia ser maior, não fosse o ramp-up da produção na FPSO Guanabara e elevação da produção nos campos de Berbigão e Sururu, na Bacia de Santos. 

Até mesmo no polígono do pré-sal, vetor estratégico da expansão da produção da estatal, houve a segunda queda trimestral consecutiva na produção. Na comparação entre o 3T22 e o 3T21, a produção de óleo e LGN no pré-sal caiu 3,8%, saindo de 1,67 milhão de barris equivalente por dia (boe/d) no 3T22, para 1,60 milhão de boe/d no presente trimestre. Com isso, o pré-sal representou 73% da produção total da Petrobras no 3T22.

No pós-sal profundo e ultraprofundo a queda na produção de óleo e LGN foi de 13,4% e nos campos em terra e águas rasas o decréscimo na produção alcançou 25,3%. Tal desempenho reflete, por um lado, o declínio natural da curva de produção dos campos maduros e, por outro lado, a atual estratégia do E&P, que concentrou investimentos quase exclusivamente no desenvolvimento da produção no pré-sal, abrindo mão de apostar na recuperação de outras áreas. Ademais, esses resultados acendem o alerta de riscos a sustentabilidade de tal estratégia no longo prazo e para necessidade de maiores investimentos nas atividades de exploração.

No segmento do refino, observou-se uma queda na produção e comercialização de derivados no mercado interno, na comparação anual, o que ainda expressa o impacto da venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM, atual Mataripe). No 3T22, a estatal registrou queda de 9,4% na produção de derivados em relação ao 3T21. A produção total de derivados caiu de 1,93 milhão de barris por dia (bpd) no 3T21 para 1,75 milhão de bpd no 3T22. Nem mesmo a manutenção de um alto fator de utilização (FUT) de seu parque de refino, que neste trimestre alcançou 88%, um ponto percentual acima do 2T22, impediu o desempenho negativo no presente trimestre.

O volume de derivados comercializados no mercado interno no 3T22 registrou queda de 7,6% em relação ao 3T21, saindo de 1,94 milhão de barris por dia (bpd) no ano anterior para 1,79 milhão bpd no 3T22. Nessa comparação anual, a exceção do nafta e QAV (querosene de aviação), os principais derivados – diesel, gasolina e óleo combustível – registraram queda no volume de vendas no mercado interno.

Neste trimestre, as vendas de nafta e QAV cresceram, respectivamente, 1,3% e 23,8% na comparação com o 3T21. As vendas de óleo combustível registraram queda de, 50,7%, frente ao 3T21, devido a inexistência de demanda para geração elétrica neste trimestre, tal como registrado no 2T22.

No caso do diesel, houve uma queda de 9,6% no volume de vendas para o mercado interno e redução de 5,8% no volume produzido, na comparação entre 3T22 e 3T21. Esse desempenho é explicado tanto pelo impacto da venda da RLAM quanto pelo aumento da participação de importadores e outros produtores nacionais no mercado brasileiro. As vendas de gasolina – segundo principal derivado comercializado pela Petrobras – também tiveram redução de 8,2% na comparação do 3T22 com 3T21, caindo de 441 mil barris por dia (bpd) no 3T21 para 405 mil bpd no atual trimestre. Vale ressaltar que tanto no caso do diesel quanto da gasolina a redução dos tributos incidentes sobre esses derivados impulsionou o consumo dos mesmos no 3T22. Na comparação com o 2T22, as vendas de diesel cresceram 4,6% e da gasolina 8,0% no 3T22.

Não obstante, em virtude da melhora no nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas no país, a Petrobras registrou uma queda de 88,3% na geração de energia elétrica e de 39,3% na venda de gás natural no 3T22, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.

Por fim, as exportações líquidas registram forte queda no 3T22, variação negativa de 76,9% em comparação ao 3T21. Esse resultado é explicado pelo desempenho ruim na comercialização externa do petróleo, queda nas exportações e elevação das importações de petróleo. Fato que chama atenção em um contexto em que a Europa e EUA estão buscando novos fornecedores de petróleo para substituir o insumo.

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