As pesquisas da semana mostram mais uma vez o cenário cristalizado com todas colocando Lula com algo próximo de 53% e Bolsonaro com 47%.
Com isso temos mais uma vez o reforço de um cenário cristalizado, com pouquíssimas movimentações, basta ver o Datafolha:
Vamos aos números absolutos.
Bolsonaro precisou de DUAS SEMANAS para crescer 0,55% nos votos válidos (de 47,32% para 47,87%). E Lula caiu os mesmos 0,55% em DUAS SEMANAS (de 52,68% para 52,13%).
Inclusive, é essa mesma cristalização também faz com que nenhum candidato tenha um crescimento exponencial, apenas em linha, para que Bolsonaro passasse Lula, nesse ritmo, precisaria de mais 8 semanas no mínimo, acontece que agora temos apenas 10 dias.
Numa eleição como essa, o tempo virou um grande aliado do ex-presidente Lula.
Essa cristalização é confirmada pela pesquisa Quaest que mostra o seguinte cenário quando falamos de merecimento:
Ou seja, o desejo de reeleição do Bolsonaro segue sendo menor que o desejo de retorno do Lula, isso fica extremamente próximo da intenção de votos e inclusive, na Quaest, foi esse dado que chegou mais próximo do resultado do primeiro turno na pesquisa deles.
Além disso, o voto em Lula, parece mais convicto que o de Bolsonaro, basta ver que maioria dos eleitores do ex-presidente, votam nele para elegê-lo, enquanto os eleitores do Bolsonaro votam nele apenas para derrotar o PT, porém isso fica empatado com aqueles que votam nele de maneira convicta.
Um artigo dos professores Dalson Figueiredo e Ernani Carvalho para o Estadão ilustra ainda mais as dificuldades de Jair Bolsonaro que está atrás de Lula por 6 milhões de votos.
Nesse artigo eles fazem uma projeção com diversos cenários envolvendo a transferência de votos de outros candidatos para Lula e Bolsonaro.
E os professores chegaram na conclusão de que existem nove diferentes cenários de transferência de votos diferentes (10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60%, 70%, 80% e 90%), Lula venceria em oito destes cenários, enquanto Bolsonaro venceria em apenas 1 destes cenários, precisando de uma transferência superior a 80% dos votos.
A análise dos professores tem como base o fato de que votos nulos/brancos e abstenções são praticamente estáticos e dificilmente esse bloco faria alguma movimentação tectônica para causar surpresas nas eleições, isso com base, é claro, nas eleições anteriores, principalmente as de 2014 e 2018.
Esses grupos, inclusive, tentem a aumentar algo entre 1% e 3% do primeiro para o segundo turno. Não é por menos que a campanha do Jair Bolsonaro também está preocupada com as abstenções.
Bolsonaro precisa dos votos dos candidatos derrotados, isso é fato, mas como esses votos não virão totalmente para ele, ele também precisa das abstenções/nulos/brancos e além disso, também precisa tentar roubar alguns votos do Lula, entendem a dificuldade? Impossível? Não! Mas é extremamente difícil e nisso, mais uma vez, temos o tempo como aliado do presidente Lula.
Vale lembrar que Bolsonaro segue atrás do ex-presidente Lula mesmo com todo o descalabro de abuso do poder econômico promovido pelo seu próprio governo!
Vale apontar aqui um dado interessante do Datafolha da semana passada:
Maioria dos eleitores do Lula votam nele pelo desempenho das questões sociais, já no caso do Bolsonaro, maioria vota nele por conta da sua imagem pessoal.
O que explica o desespero do Bolsonaro com o episódio do “pintou um clima”
Maioria dos seus eleitores não se importam com o que Bolsonaro fará com o Brasil, só querem um representante dos seus ódios e preconceitos no poder.
Se você tira isso dele, o que sobra?
Com isso, fica ainda mais claro o que está em disputa nesse segundo turno:
A civilidade contra a delinquência.