FUP: Retomar a indústria naval e offshore é o caminho para gerar emprego e renda no país

Imagem: Divulgação

Petrobrás cresceu 576% entre 2003 e 2014

“Quando leio algum veículo de imprensa chamando de ‘fracassada’ a retomada da indústria naval nos governos do PT, fico me perguntando onde eles estavam entre 2003 e 2014, quando o valor de mercado da Petrobrás cresceu 576%. A empresa valia US$ 15,5 bilhões antes de Lula assumir a presidência da República e chegou valendo US$ 104,8 bilhões em 2014”, pondera Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP). 

O questionamento de Bacelar é um reforço ao compromisso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de retomar os investimentos no setor naval e offshore brasileiro. Os números comprovam a importância desse segmento na economia brasileira. 

Antes do governo Lula, a indústria naval e offshore nacional estava praticamente morta. Mas, com o Programa de Mobilização da Indústria Nacional da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) – criado em 2003 –, houve um boom nos investimentos da indústria nacional de bens e serviços entre 2004 e 2014.

A implantação de projetos de petróleo e gás natural no Brasil e no exterior gerou milhares de empregos, mostra o Sinaval (ver gráfico), renda, além da qualificação da mão-de-obra dos trabalhadores através de cursos oferecidos gratuitamente pelo programa. A máxima do Prominp era: “tudo que pode ser feito no Brasil, tem que ser feito no Brasil”. 

Ao aumentar o conteúdo local, gerando emprego e renda, os trabalhadores tinham maior poder de compra, amplificando o consumo de bens e serviços e, consequentemente, aquecendo a economia. Segundo dados do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), cada bilhão de investimento na construção de plataformas gera 26,3 mil empregos.

Mas, desde o governo de Michel Temer, a lógica se inverteu: “o que poderia ser feito no Brasil” foi para o exterior. Temer também implementou, em outubro de 2016, o Preço de Paridade de Importação (PPI), que dolariza os preços dos combustíveis, sem levar em consideração o fato de a produção nacional ser em real.

O governo Jair Bolsonaro continuou com a política de Temer, tanto de desinvestimento – com venda de ativos importantes da empresa e construção de plataformas no exterior –, quanto do PPI, que só beneficia os acionistas privados, que vêm recebendo dividendos recordes, enquanto a população brasileira passa fome.

“A grande indutora do crescimento da indústria naval em passado recente é a Petrobrás, que, desde o impeachment da presidenta Dilma, vem cancelando contratos e cortando investimentos no país. Os estaleiros brasileiros, por causa da política da atual gestão da empresa, estão limitados ao reparo naval. Praticamente toda a cadeia de fornecedores está sem novas encomendas e restringidos à construção de apenas alguns módulos. É isso que chamam de ‘sucesso’?”, destaca Bacelar. 

Por exemplo, em agosto, a Petrobrás encomendou a construção de 10 plataformas fora do Brasil – sete na China, duas em Singapura e uma na Coréia do Sul. Isso deixa de gerar cerca de 1,5 milhão de empregos no país. Só a Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO) Maria Quitéria – que vai operar a partir de 2024 no Parque das Baleias, Bacia de Campos –, tem investimento estimado em R$ 5,6 bilhões e deve gerar 148 mil empregos na Ásia.

O encolhimento do setor naval brasileiro desde o final de 2016 contribui para a alta taxa de desemprego do país, que hoje passa de 10 milhões de pessoas. Por falta de encomendas, os estaleiros brasileiros empregam hoje cerca de 21,4 mil trabalhadores, longe do auge de 82,4 mil empregados em 2014, quando o Brasil tinha uma das maiores carteiras de encomendas de plataformas de produção do mundo, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).

“Por causa do PPI, famílias passaram a cozinhar com álcool e lenha, correndo o risco de acidentes graves – que chegaram a acontecer, levando pessoas à morte. Vimos, durante o governo Bolsonaro, pessoas enfrentando filas para comprar osso e carcaça de peixe e frango, para não passar fome”, aponta o coordenador da FUP.

“O Brasil produz em reais o petróleo que consome, mas o brasileiro paga em dólar os combustíveis e, consequentemente, os alimentos, uma vez que grande parte do transporte dos insumos é feito por rodovias. O povo precisa entender que a política da atual gestão da Petrobrás está diretamente ligada ao fato de o Brasil ter voltado ao Mapa da Fome, pois é essa política que vem gerando índices alarmantes de desemprego e inflação”, finaliza o sindicalista.

Cláudia Beatriz:
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