O muro que Bolsonaro não consegue subir

Imagem: Reprodução

A pesquisa Quaest é uma das poucas que vem apresentando resultados diferentes entre espontânea e estimulada. Ainda assim, conseguem captar as mesmas tendências.

Nas suas pesquisas a “boca de jacaré” segue abrindo e colocando Lula avançando com 2% e Jair oscilando 1%, o que explica a estagnação na espontânea. E isso tem explicação em um dado desesperador para a campanha Bolsonarista. 

Faltando menos de 5 dias para as eleições, a avaliação negativa do governo volta a subir e forma significativa. Saindo de 39% e indo para 42%. As notificas mais recentes sobre os cortes do governo para 2023 podem ter contribuído para isso.

Ter essa subida em um momento tão drástico é quase uma pá de cal para uma campanha que disputa a reeleição e que chegou até aqui sem qualquer melhora. Essa subida ocorreu em quase todos os recortes, até mesmo entre os homens!

Aliás, proporcionalmente falando, a rejeição aumentou mais entre os homens do que entre as mulheres. Vale lembrar que esse é um grupo onde Bolsonaro consegue ir “melhor”.

Além disso, vejam como os gráficos de avaliação de governo se aproximam dos gráficos de intenção de voto. Por isso eu reforço que isso é algo fatal para uma campanha faltando menos de 5 dias para o pleito.

Aliás, nem mesmo ter uma avaliação regular é algo positivo para o governo, maioria dos que avaliam a gestão como regular, votam em Lula.

Mais uma vez a pesquisa Quaest também nos mostra que Bolsonaro segue isolado em 30% justamente por só ter votos de quem já vota ou votou nele. E isso é o maior problema dele.

Em 2018 se somarmos os votos do Haddad com nulos, brancos e abstenções, temos 61% dos eleitores contra 39% dos votantes em Bolsonaro. Ou seja, mais da metade não votou nele, era com esse público que Bolsonaro deveria ter conversado e não conversou em nenhum momento. 

Não é por menos que a sua votação num segundo turno seja próxima do que ele teve em 2018. Bolsonaro só fala com a sua bolha e ninguém mais. Enquanto isso, Lula consegue ir além dos 29% conquistados pelo Haddad em 2018.

Em 2018, 61% dos eleitores não votaram em Bolsonaro, hoje, 66% estariam dispostos a mudar de voto para garantir que Lula vencesse no primeiro turno, entenderam?

E se a rejeição do Lula está em tendência de queda, o mesmo não se pode dizer de Bolsonaro que hoje está tecnicamente empatado com Ciro Gomes com ambos acima dos 50%.

O cenário não poderia ser pior para o presidente. Avaliação negativa do governo em alta junto com a sua rejeição. Além disso, preocupação com a economia voltou a crescer nessa reta final, mesmo com o governo tentando alardear uma melhora no cenário, isso não adiantou.

Julgo que será um erro ainda maior a campanha insistir em Guedes nos programas para rádio e tv.

A percepção econômica segue ruim, quem achou que está tudo do mesmo jeito, não necessariamente acha que permaneceu boa! Vide que maioria dos “regulares” votam em Lula. Pode ser uma percepção de “ficou igualmente ruim”.

Por fim, não já muito o que se comentar aqui. A coisa ficou bem ruim para o governo e apenas reforça o que vimos na IPEC e FSB: Bolsonaro perderá no primeiro ou no segundo turno?

Mesmo que tenha mais 20 dias, isso pode não bastar, pode até piorar, para o presidente… 

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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