Por Gilberto Maringoni
Somente agora assisti a íntegra do discurso de Gabriel Boric na Assembleia-geral da ONU. Impressiona a mediocridade da intervenção. O presidente do Chile usa a maior parte de seu tempo para tentar explicar a acachapante derrota do projeto de Constituição no plebiscito do início do mês.
Sai-se com platitudes do tipo “um democrata nunca reclama quando o povo se manifesta”, tentando tornar o fiasco palatável. Esbanja lugares comuns sobre seu país. Mas o grave é sua incursão sobre política externa.
Por duas vezes critica frontalmente a agressão russa à Ucrânia, sem mencionar uma só vez a ameaça representada pela expansão da OTAN ou pelas sanções ocidentais que estão na raiz da crise energética vivida pela Europa.
Do nada, ataca a Venezuela pela “crise humanitária”, numa situação de leve melhora do quadro interno, motivado reabertura do comércio de petróleo com os EUA. Investe – com justeza – contra as prisões políticas na Nicarágua, mas cala-se sobre Guantánamo e sobre as violências sofridas pelos imigrantes latinoamericanos nos EUA.
O contraste com Gustavo Petro é gritante. Este investe contra as iniciativas de Moscou sobre seu vizinho, sem deixar as responsabilidades da OTAN de lado. Sua coragem revela-se maior ao lembrarmos que a Colômbia é o único país do Sul global – como conceito geopolítico e não geográfico – a ter o status de “parceiro global” da Organização, obtido pelo governo de Juán Manuel dos Santos (2010-18).
O Demolidor
25/09/2022 - 23h56
Agora talvez compreendam melhor o porque de a constituição não ter sido aprovada pela população….
Simplesmente não é isso que queriam…..acharam que elegeram um Boulos……e cada vez mais o sujeito parece um Jovem FHC.
Paulo
25/09/2022 - 17h25
O autor precisa discorrer mais sobre o “xeque-mate” que Putin teria dado na OTAN…
Fanta
25/09/2022 - 11h44
A opinião desse Boulos chileno interessa a Zero pessoas fora do Chile.