O principal aspecto trazido pelo último Datafolha, divulgado na sexta-feira (com entrevistas realizadas nos dias 8 e 9 de setembro), é a consolidação do voto popular em Lula.
Segundo a pesquisa, Lula tinha 58% dos votos válidos entre eleitores com renda até 2 salários, 30 pontos acima de Bolsonaro, que pontuou 28% nesse estratago. Ciro e Tebet correm por fora entre os mais pobres, com pontuações baixas, em 7% em 4%, respectivamente.
A propósito, Ciro terá pontuação acima de 8% apenas no estrato mais rico da população, com renda acima de 10 salários (correspondente a 4% do eleitorado), onde ele chega a 14%.
Segundo o Datafolha, o eleitorado com renda familiar até 2 salários representa exatamente 50% do total de brasileiros aptos a votar em outubro de 2022.
Nas outras faixas de renda, Bolsonaro segue à frente, embora não com uma vantagem tão grande como a que Lula registra entre mais pobres. Na segunda faixa mais importante, a de eleitores com renda entre 2 e 5 salários, correspondente a 26% do eleitorado, Lula tem 39%, apenas 5 pontos atrás de Bolsonaro, com 44%.
As duas primeiras faixas de renda, até 2 e entre 2 e 5, representam 76% do eleitorado brasileiro.
Hoje, 12 de setembro, uma outra pesquisa reforça a consolidação do voto popular no ex-presidente Lula. A pesquisa BTG/FSB fez duas mil entrevistas via telefone entre os dias 9 e 11 de setembro. A pesquisa custou R$ 128.957,83.
Para comparação, a Datafolha comentada acima fez 2.676 entrevistas presenciais, em ponto de fluxo, e custou R$ 473.780,00 (pagos pelos grupos Folha eGlobo).
No geral, a pesquisa BTG mostra estabilidade, apesar da ligeira queda na diferença entre Lula e Bolsonaro.
Bolsonaro tem hoje 35%, mas já teve 36% nas edições anteriores. Lula agora tem 41%, e também já teve o mesmo percentual em outros meses.
Para Lula, o mais importante é que ele manteve 13 pontos de vantagem na simulação de segundo turno: 51% X 38%.
Na análise por estrato, a pesquisa BTG confirma o que tínhamos visto no Datafolha: uma consolidação extremamente sólida de Lula entre as camadas mais populares.
Segundo a BTG, Lula tem hoje 63% dos votos totais entre eleitores com renda familiar até 1 salário. Em votos válidos, esse percentual salta para impressionantes 70%, ou 57 pontos acima dos 13% de válidos de Bolsonaro nesse estrato.
Ciro Gomes, por sua vez, desidratou 3 pontos entre os mais pobres, e agora tem apenas 7% dos válidos, tendo sido ultrapassado por Simone Tebet, que agora pontua 8% nesse segmento.
Conclusão
As duas pesquisas, Datafolha e BTG, confirmam que a dinâmica mais marcante desta eleição está sendo a consolidação do voto popular em Lula. O voto útil de que tanto se fala, por exemplo, já está em acelerado processo de formação nos estratos mais humildes da população. Os três pontos perdidos por Ciro entre os mais pobres podem muito bem ter sido transferidos para Lula, que avançou os mesmos três pontos no mesmo segmento.
Zulu
12/09/2022 - 20h28
As pesquisas são palhaçadas e a eleição já está decidida há muito tempo obviamente.
Ver este petralhume imundo apanhar nós dentes não tem preço.
Dudu
12/09/2022 - 20h22
O classismo é nojento tanto quanto o racismo e a homofobia e quem explora isso para fins políticos é pura merda humana.
Rótular as pessoas serve para segregar, humiliar e ligo depois se apresentar como quem supostamente vai cuidar delas…
A nossa política é a arte de dividir as pessoas para a gente ficar no poder… está tudo nessa frase.
A esquerda Brasileira é lixo puro.
Paulo
12/09/2022 - 19h46
É assim por causa dos inúmeros benefícios que foram dispensados a essa classe nos governos petistas – alguns justos, outros, a maioria, nem tanto, para não dizer perversos. Lula e os petistas criaram uma cisão permanente na sociedade brasileira, de tal forma que meus filhos hoje valem menos que o filho de um negro, “pardo” ou indígena…
EdsonLuíz.
12/09/2022 - 13h33
Eu concordo : no Brasil, a quase totalidade do voto é popular. Mas eu não penso que a questão de renda tenha tanta importância na decisão de voto.
Buscando mudanças que diminuam a desigualdade de renda do trabalho de forma radical e defendendo que o perfil do modelo tributário incida mais sobre renda que sobre a produção, o consumo, eu não busco o mesmo arranjo de sociedade que Antonio Gramsci, mas sobre a consciência política eu concordo com o que ele escreveu, de que o que cria perspectiva de transformação social não são as condições materiais de vida, mas o nível de consciência e a apreensão adequada da realidade.
A realidade histórica de Gramsci, das primeiras décadas do século passado, e a minha, de um adulto a partir dos anos 80, nos deram perspectivas diferentes da realidade e talvez por isso o arranjo de sociedade que eu acho adequado seja diferente do que ele defendeu.
Saulo
12/09/2022 - 13h04
O voto popular não esiste, esiste o voto e só.
95% dos brasileiros são pobres ou miseráveis.