Por Antonio Lavareda
APÓS O INÍCIO DA CAMPANHA NA TV, A INTENÇÃO DE VOTO SOB ESTÍMULO DE LULA OSCILA UM PONTO PARA BAIXO; BOLSONARO, EMBORA ESTÁVEL, REGISTRA AVANÇO NOS FUNDAMENTOS DE SUA IMAGEM; E OS CANDIDATOS DA TERCEIRA VIA GANHAM SOBREVIDA, SINALIZANDO A REALIZAÇÃO DO SEGUNDO TURNO.
1. FALTANDO POUCO MAIS QUE UM MÊS PARA A ELEIÇÃO, A DISTÂNCIA ENTRE OS DOIS LÍDERES É DE SEIS PONTOS NA ESPONTÂNEA, E DE OITO NA ESTIMULADA. LULA MANTÉM 40% NA PRIMEIRA E OSCILA DE 44% PARA 43% NA ESTIMULADA. BOLSONARO CRESCE NA ESPONTÂNEA (DE 30% PARA 34%), E MANTÉM NA LISTA OS 35% DA RODADA ANTERIOR.
Ciro avança um ponto na espontânea (4% para 5%), e repete na estimulada os 9% de julho. Tebet vai de 1% a 3% na espontânea, e ganha também um ponto na estimulada, de 4% para 5%. Felipe continua com 1%, tanto na espontâne quanto na estimulada. Os demais candidatos não atingem, cada um deles, 0,5%, que arredondados lhes confeririam um ponto percentual.
2. NO SEGUNDO TURNO, A DIANTEIRA DE LULA SOBRE BOLSONARO DIMINUI DOIS PONTOS, DE 17 PARA 15 PONTOS. LULA MANTENDO OS 53% DE JULHO, BOLSONARO INDO DE 36% A 38%.
Sobre Ciro a diferença pró-Lula cai quatro pontos. Ele tem, agora, 51% e Ciro, 31%. Sobre Tebet, a distância recua os mesmos quatro pontos. Lula perde dois e aparece com 53%, enquanto ela avança dois, para 25%.
3. DOIS MESES ATRÁS (JUNHO), 13% PERCEBIAM O NOTICIÁRIO SOBRE O GOVERNO COMO” MAIS FAVORÁVEL”. ESSE NÚMERO CRESCEU PARA 20%. NA OUTRA PONTA, 49% O VIAM COMO “MAIS DESFAVORÁVEL”. CONTINGENTE QUE RECUOU PARA 45%. OU SEJA, O SALDO ENTRE AS DUAS PERCEPÇÕES QUE ERA DE – 36 CAIU PARA – 25 PONTOS. SE ACRESCERMOS AQUELES QUE AS CONSIDERAVAM COMO PREDOMINANTEMENTE NEUTRAS, A SOMA VAI A 47%.
A ofensiva de boas notícias que começou na free mídia e segue nos comerciais da TV e nas redes dá mais musculatura ao Presidente. É isso que explica o aumento da menção espontânea ao seu nome e o avanço no segundo turno, que pode ser visto como potencial de eventual crescimento ainda na primeira rodada.
4. O NOTICIÁRIO, A EXPERIÊNCIA PESSOAL DOS ENTREVISTADOS E AGORA A PROPAGANDA DO CANDIDATO, SEGUEM ALTERANDO O JULGAMENTO DA SITUAÇÃO ECONÔMICA DO PAÍS. A PERCEPÇÃO DE QUE A MESMA SEGUE NO “RUMO ERRADO” CONTINUA LARGAMENTE NEGATIVA, MAS DIMINUIU QUATRO PONTOS (DE 61% PARA 57%). NA DIREÇÃO OPOSTA, OS QUE A VEEM NO “RUMO CERTO” CAMINHOU QUASE NA MESMA PROPORÇÃO, CHEGANDO A 36%.
Auxílio Brasil turbinado, Vale-gás, Auxílio caminhoneiro, Auxílio taxista, empréstimo consignado (que 18% dos beneficiários do Auxílio dizem que irão buscar) e sucessivas reduções no preço dos combustíveis alimentam a comunicação da campanha. E, como os números sugerem, vão surtindo algum efeito.
5. NA ESTEIRA DO QUE FOI APONTADO, NESSE MÊS O SALDO DA AVALIAÇÃO DO GOVERNO SOB DIVERSAS LENTES, EMBORA AINDA NEGATIVO, MELHOROU. A APROVAÇÃO FOI DE 36% PARA 39%, ENQUANTO A DESAPROVAÇÃO DIMINUIU, DE 59% PARA 57%. A CLASSIFICAÇÃO POSITIVA (“ÓTIMA/BOA”) FOI DE 32% PARA 35%, E A NEGATIVA (“RUIM/PÉSSIMA”) RECUOU DE 49% PARA 46%.
Até a leitura do desempenho do Presidente especificamente na Pandemia reagiu positivamente. A opção “Ótima/Boa” foi de 32% para 35%, ao passo que a “Ruim/Péssima” fez caminho inverso, de 49% para 47%.
6. COM MAIOR EXPOSIÇÃO, A REJEIÇÃO AOS PRINCIPAIS CANDIDATOS DIMINUIU PARA QUASE TODOS. A ÚNICA QUE OSCILOU PARA CIMA FOI A DE LULA, DE 43% PARA 44%. A DE BOLSONARO RECUOU TRÊS, DE 58% PARA 55%. A DE CIRO DIMINUIU UM, DE 40% PARA 39%. E A DE TEBET, CAIU DE 35% PARA 32%.
Embora dando passos significativos, o ritmo da recuperação dos principais aspectos da imagem do Governo e do candidato, que compõem os fundamentos da sua competitividade, é insuficiente para que se possa imaginar uma ultrapassagem do primeiro colocado. Daí a barragem de mensagens negativas que se assiste na TV, nas redes, entrevistas e debates, com vistas a impulsionar a rejeição do adversário.
Até agora o resultado é modesto, mas ao que parece os ataques serão intensificados. Sendo ajudados, também, pelos candidatos de terceira via que usam a visibilidade recém adquirida atirando em ambas as direções.
Se a campanha do líder conseguirá, ou não, dar conta do duplo desafio – de um lado obstacular a recuperação da imagem do Governo, e de outro contra atacar de modo eficaz o próprio incumbente – é algo a ser observado adiante.
Como lembrei em entrevista recente a Ricardo Noblat, nas oito disputas presidenciais travadas na Nova República nunca aquele postulante que liderava as pesquisas no dia do início da propaganda eleitoral deixou de ser vitorioso no primeiro turno (repetindo a vitória no segundo quando houve).
Mas as regularidades não deixam de ser um convite à excepcionalidade. Sempre lembro da nota cautelar de Shakespeare, aconselhando a que “não julguemos impossível o que apenas improvável nos parece”.
FALTAM 33 DIAS PARA O PRIMEIRO TURNO
Antonio Lavareda é sociólogo, cientista político e diretor do IPESPE