44% no Ipec abre novas portas para Lula

Lula na USP, 16 de agosto de 2022. Foto de Ricardo Stuckert.

Com 44% dos votos totais, que correspondem a 52% dos votos válidos, Lula inicia a campanha com altíssimo peso gravitacional.

Os números são da pesquisa Ipec, divulgada nesta segunda-feira 15 de agosto.

Bolsonaro, por sua vez, tem 32%.

Num eventual segundo turno, Lula teria 51% dos votos totais, 16 pontos à frente dos 35% de Bolsonaro.

Ciro Gomes aparece com 6% dos votos totais no primeiro turno, empatado tecnicamente com Simone Tebet, que tem 2%.

Essa pesquisa não é comparável com a anterior, de dezembro, porque a lista de candidatos é diferente, e transcorreu tempo demais de lá para cá.

Para Lula, os números são excelentes, e chegam no momento oportuno. A campanha eleitoral teve início nesta terça-feira, 16 de agosto. A partir de agora, é liberado pedir voto e divulgar o número dos candidatos.

Em todo país, milhares de candidatos a cargos proporcionais ou majoritários começarão a sair às ruas ou frequentar as redes, com o entusiasmo e otimismo de quem apoia uma candidatura presidencial que lidera as pesquisas.

A Ipec cria uma vacina, de certa maneira, para um eventual Datafolha negativo na quinta-feira. Se o Datafolha for ruim para Lula, seus militantes poderão dizer que preferem acreditar no Ipec. Se for bom para Lula, será a confirmação do favoritismo do ex-presidente. Ou seja, o Ipec é um ansiolítico natural para o militante.

Aliás, o Ipec de hoje ajuda a produzir uma atmosfera favorável a Lula que poderá inclusive influenciar a pesquisa Datafolha de quinta.

Essa é a primeira pesquisa presencial a captar os efeitos do Auxílio Emergencial de R$ 200, que se soma aos R$ 400 do Auxílio Brasil.

Segundo diversos analistas, Bolsonaro ainda poderá avançar um pouco ao longo do mês, por causa do Auxílio e da migração dos últimos votos conservadores que ainda iam para outros candidatos, mas Lula é quem tem o maior potencial de crescimento.

A pesquisa nacional deve ser examinada a luz dos números nos estados. O petista pontuou 38% em São Paulo, 10 pontos  à frente de Bolsonaro, com 28%. Em Minas Gerais, Lula tem 39%, contra 26% de Bolsonaro. No Rio, 35% X 33% para Lula. No Rio Grande do Sul, Lula tem 40%, contra 35% de Bolsonaro.

Os números nos estados mostram que a força de Lula não está concentrada em nenhuma região, mas se dissemina por todo o território nacional.

A candidatura de Ciro Gomes, por sua vez, se liquefez, tanto nacionalmente como nos estados. O candidato pontuou baixo no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas, por exemplo. Isso é um verdadeiro desastre para ele e para o PDT.

A pesquisa Ipec abre novas portas para Lula em todos os estados brasileiros. Candidatos, formadores de opinião, comunicadores, empresários, lideranças comunitárias, que ainda estavam indecisos, ou procuraram algum pretexto para se distanciar de Bolsonaro, serão atraídos para a campanha de Lula, por causa da força gravitacional de candidatos com expectativa de poder.

Nos grupos de zap de trabalhadores de aplicativo, comunidades religiosas, ou simplesmente de amigos, os eleitores de Lula sentir-se-ão mais empoderados para rebater argumentos e ataques bolsonaristas.

Alguns detalhes das pesquisas já foram divulgados. Por exemplo, entre eleitores com renda familiar até 1 salário mínimo, Lula tem 60%, contra 19% de Bolsonaro. É uma verdadeiro levante popular contra o desemprego e o alto custo de vida.

Entre famílias com renda de 1 a 2 salários, mais uma surra: Lula pontua 44%, 15 pontos à frente de Bolsonaro.

Os números corroboram a tese de que o pobre brasileiro começou a interpretar o aumento do Auxílio Brasil, que agora está em R$ 600, e a queda no preço da gasolina, como efeito da subida de Lula nas pesquisas.

VOTO POR RENDA:

— ATÉ 1S MÍNIMO:
? Lula (PT): 60%
? Bolsonaro (PL): 19%

— DE 1 a 2S MÍNIMOS:
? Lula (PT): 44%
? Bolsonaro (PL): 29%

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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