Na tarde desta terça-feira, 9, a Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns emitiu uma nota em repúdio as declarações da primeira-dama, Michele Bolsonaro.
O fato ocorreu na Igreja Batista da Lagoinha, na Região Nordeste de Belo Horizonte, no último domingo, 7.
Durante seu discurso, Michele disse que o pleito presidencial deste ano seria uma disputa maniqueísta e que os governos do PT eram formados por “demônios”.
“Vou continuar orando e intercedendo em todos os lugares, e sabe por que, irmãos? Porque por muitos anos, por muito tempo, aquele lugar foi um lugar consagrado a demônios. Cozinha consagrada a demônios, Planalto consagrado a demônios, e hoje consagrado ao senhor Jesus”, disse.
“Ali, eu sempre falo e falo para ele, quando eu entro na sala dele e olho para ele: essa cadeira é do presidente maior, é do rei que governa essa nação”, completou.
Leia a íntegra da nota!
A Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns, reunindo religiosos das mais
diversas fés, agentes inter-religiosos e membros da sociedade civil, vem a público
expressar sua profunda preocupação e seu repúdio às recentes declarações da atual
primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, com anuência do presidente que a
acompanhava, na Igreja Batista Lagoinha em Belo Horizonte.
Tais declarações ferem o Estado Democrático de Direito, violam a legislação eleitoral e promovem, através da demonização do diferente, a cultura de ódio, colocando em risco a convivência pacífica entre as distintas tradições religiosas e o respeito às diferentes crenças.
Ao atribuir às administrações anteriores uma “consagração ao demônio”, a
primeira-dama repete uma antiga prática excludente, beligerante e preconceituosa que, conforme demonstrado pela história, usa a divindade para tornar o semelhante um inimigo desumanizado, ligado a forças nefastas e que podem inclusive ser alvo de violência de forma legitimada.
Portanto, um maniqueísmo fundamentalista e perigoso,característico de regimes fascistas. Essa mesma estratégia foi utilizada no passado para
legitimar perseguições religiosas destrutivas e promotoras de mortes.
O resultado dessas declarações não pode ser outro senão fomentar a desagregação da sociedadeatravés do medo e colocar em risco a luta internacional de mais de um século por diálogo e cooperação inter-religiosa e ecumênica. Com este discurso de ódio em nossa pátria, os casos de violência e intolerância religiosa aumentaram de forma vertiginosanos últimos 4 anos.
Ao sugerir também que quem está no comando da cadeira presidencial no atual
mandato seria Jesus, ela também comete crime contra a Constituição Nacional de 1988,que proíbe qualquer relação de dependência ou aliança de autoridades políticas com religiões específicas, e abre um terrível precedente quanto à teocracia em nosso país.
Lembramos que a Presidência da República é uma instituição republicana
fundamentada em mandato secular, em um país laico, que não está imbuído de
predileção divina em relação a outros políticos e que é seu dever constitucional governar para toda a população nacional, independentemente de credo ou opção
partidária.
Nossas tradições religiosas em diálogo concordam que o papel social da religião
é apoiar a sociedade a transcender as suas diferenças e nos reunirmos pela defesa do
bem comum, contribuir decisivamente para que cada pessoa possa superar suas
tendências egoístas, violentas e intolerantes – essas sim demoníacas – e acessar as
capacidades de amar, respeitar e apreciar a diferença.
Dentro desses princípios, devemos inspirar a humanidade a deixar para trás todo
discurso que divida a sociedade entre “nós” e “eles” e fomentar a criação de um espaço em que toda pessoa possa, em pé de igualdade, contribuir para o avanço de todos.
Acreditamos que muitas pessoas que seguem as tradições Protestantes, Pentecostais e Neopentecostais, mesmo Batistas da denominação supramencionada, são inspiradas por esse mesmo ideal.
E em nome do respeito à fé, pedimos que a Primeira Dama se retrate
imediatamente, dentro dos princípios cristãos de amor ao próximo que afirma professar e aja em conformidade com as leis que regem nosso país, a fim de que seja verdadeiramente uma Pátria para todos os Brasileiros e Brasileiras, indistintamente de opção religiosa ou política.
Maria Mathide Martins Herdy
10/08/2022 - 18h02
Durante toda minha aprendi com meu pai
agnóstico que o Brasil é um país laico
Consequentemente dando lugar a todas manifestações a todas e quasquer manifestação religiosa em que suas profissão de fé respeite os princípios básicos de respeito o próximo e a cidadania
Em tempo meu pa( agnóstico)foi uma das pessoas que conheço que mais vivenciou os ditames de amor pregados por nosso heroico Jesua Cristo que pelos vulneráveis ousou enfrentou o Estado opressor sofrendo todas as consequências que lhe foram impostas assim sendo devido seus ideais professo em minha vida os ensinamentos do filho de Deus os mandamentos sendo o principal “Amai o Próximo como a Si mesmo”
Maria Marismene Gonzaga
10/08/2022 - 16h57
Apoio está iniciativa.
BRAVO!!!!
Grasiela Maria
10/08/2022 - 11h13
Viva a diversidade religiosa!
Maria Inês de Souza
10/08/2022 - 10h56
Meu Deus. Livra-nos deste desgoverno, que a cada instante, vem com um descalabro maior que o anterior. Retratação desta esposa do interesse financeiro já. Não é possível que tudo isso deste desgoverno fique impune.
Denize Rodrigues Carneiro
10/08/2022 - 10h05
O desespero de perder as eleições, leva esse casal manipulador à irresponsável conclamaçao da violência.
Cesário Silva
09/08/2022 - 22h33
Um maniqueísmo fundamentalista e perigoso,característico de regimes fascistas. Essa mesma estratégia foi utilizada no passado para legitimar perseguições religiosas destrutivas e promotoras de mortes.
carlos
09/08/2022 - 18h39
A primeira dama, do Brasil é de um maniqueismo que nem parece que dorme com armas debaixo do travesseiro , daquele que não sabe a região que mora.