Empregados da Caixa Econômica Federal reivindicam melhores condições de trabalho na empresa e participação em ações de prevenção a adoecimento de empregados. Em reunião com representantes da estatal, trabalhadores destacam pesquisa da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa, que evidenciou alertas feitos pela Fenae sobre cobrança de metas inatingíveis, jornadas de trabalho abusivas e assédio no banco público
Brasília, 02/08/2022 — Os empregados da Caixa Econômica Federal reivindicam o restabelecimento de canal direto e específico com o banco para a melhoria das condições de trabalho na estatal e a prevenção do adoecimento mental dos empregados. Em reunião com representantes da Caixa, representantes dos trabalhadores cobraram a retomada do “GT Saúde do Trabalhador”.
“Queremos ações efetivas para a proteção da saúde dos empregados e o combate a qualquer tipo de assédio no banco”, defende o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto. “Resultados dos diferentes alertas feitos pela Fenae sobre cobrança de metas inatingíveis, jornadas de trabalho abusivas e assédio moral foram evidenciados na pesquisa da Fenae sobre a saúde mental dos bancários da Caixa e confirmados nas dezenas de denúncias de assédios sexual e moral apresentadas por empregadas e empregados da empresa”, ressalta Takemoto.
O retorno do “GT Saúde do Trabalhador” foi reivindicado, na última semana, durante a terceira reunião de negociação específica de demandas dos trabalhadores da Caixa, dentro da Campanha Nacional 2022 dos bancários, cuja data-base é 1º de setembro. Os representantes dos empregados reforçaram que o modelo de gestão da empresa tem resultado em doenças mentais relacionadas ao ambiente de trabalho.
Durante o encontro, o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal (CEE/Caixa) e diretor de Administração e Finanças da Fenae, Clotário Cardoso, destacou a pesquisa de saúde realizada pela Federação. O estudo apontou que o adoecimento mental é o principal motivo de afastamento dos empregados do banco público.
“Os dados levantados por essa pesquisa mostram que o ambiente de trabalho na Caixa é tóxico”, enfatizou Cardoso. “A pressão por metas desumanas, assédios moral e sexual e a sobrecarga de trabalho geram doenças que deixam sequelas não só para os trabalhadores como também para suas famílias, pela vida toda”, acrescentou.
Pesquisa divulgada pela Fenae, este ano, revelou o aumento da quantidade de empregados do banco público submetidos a assédio moral: 6 em cada 10 bancários afirmaram ter passado por este tipo de situação. Em estudo anterior encomendado pela Fenae à Universidade de Brasília (UnB), o índice chegava a 53,6%.
A atual pesquisa, que ouviu mais de três mil trabalhadores da Caixa em todo o país, também comprovou que o trabalho no banco estava afetando a saúde de 80% dos empregados. Trouxe, ainda, outros dados alarmantes: 33% estavam afastados por depressão, 26% por ansiedade, 13% por Síndrome de Burnout e 11% por Síndrome do Pânico.
AÇÕES INSUFICIENTES — Os representantes dos bancários da Caixa também reivindicaram, na reunião de negociação, que as entidades sejam incluídas na elaboração de programas de melhoria da qualidade de vida dos empregados, conforme prevê o Acordo de Coletivo de Trabalho (ACT) em vigor. Cobraram, ainda, que fosse informada a quantidade de Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) emitidas e as respectivas motivações, referentes aos anos de 2021 e 2022.
O coordenador da CEE observou que os casos de Covid-19 contraída por empregados em decorrência da atividade laboral devem ser caracterizados como acidente de trabalho. “Os bancários da Caixa tiveram um papel fundamental para o país, especialmente durante a pandemia, no atendimento à população mais necessitada. Este esforço trouxe adoecimento e mortes pela Covid-19”, ressaltou Clotário Cardoso.