Nesta sexta-feira, 29, a governadora do Ceará, Izolda Cela, declarou que o seu pedido de desfiliação do PDT foi para se sentir mais “confortável” para terminar seu mandato a frente do Palácio da Abolição.
“Me dá um conforto maior, uma situação mais adequada, me desobrigar nesse momento. O foco é trabalhar”, afirmou a governadora durante evento de entrega de 60 ambulâncias para os municípios.
Ela também declarou que não tem compromisso de apoiar algum candidato ou partido.
“Não tenho compromissos no momento. Defendi muitíssimo a importância dessa aliança [PT e PDT], a importância de seguirmos unidos em prol do projeto que desenvolvemos no Ceará”.
Ela também negou a versão de que teria feito demissões de servidores que apoiam a candidatura do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) ao governo do estado. “Nunca fui perseguidora, nunca tratei a política dessa forma”.
Vale lembrar que foi na última terça-feira, 26, que ela anunciou sua desfiliação das trincheiras trabalhistas.
“Poderíamos já estar todos unidos contra o fascismo, a intolerância e o ódio. Defendi isso desde o início, juntamente com Cid, Camilo e tantos outros. Diante desta nova realidade, e respeitando as decisões tomadas, anuncio o meu pedido de desfiliação do PDT”, escreveu Izolda em nota.
Alexandre Neres
29/07/2022 - 21h54
Vamos tentar pôr pra fora o que se tem tentado ocultar a todo custo nessa querela.
Todo mundo enche o peito para falar da participação feminina nas eleições, quem não se mostra favorável a que as mulheres ocupem cada vez mais espaço?
Mas na prática, o jogo é outro. Aqui reina o patriarcado, sobretudo para os homens acima de 60, brancos, roliços, que detêm o poder enquanto o povo está à míngua.
Todo mundo que acompanha política sabe que quando o governador se desincompatibiliza do cargo, o candidato natural é o vice. Taí Rodrigo Garcia e companhia pra não me deixar mentir.
Embora seja assim que a banda toca, no Ceará é diferente, pois impera o mandonismo que pôs tudo a perder, facilitando a vida do bolsonarista de plantão, com a mesma tática esdrúxula que opera em âmbito nacional.
Por inúmeros atos pretéritos que não convêm sequer nominar, Ciro Gomes não passa de um misógino, mas não precisava passar recibo a este ponto. Ciro Gomes vai em sua desabalada e frustrada cavalgada a passos largos rumo ao ostracismo. Aliás, naquela entrevista na GloboNews ficou patente o desdém e o desrespeito que nutre pelas mulheres na política.
Fiquei tocado ao ver as fissuras no clã Ferreira Gomes, que rachou ante tamanho destempero. Cid e Ivo não compactuaram com os arroubos do tresloucado primogênito.
Entrementes, Izolda manteve a elegância e a dignidade, não partiu para as baixarias, sabendo que não foi a primeira nem será a última mulher a ser alijada da política por machistas inveterados.
EdsonLuíz.
29/07/2022 - 14h05
Isolda: uma boa técnica; uma péssima política.
Daqui de tão longe é tão fácil para mim perceber – é apenas percepção, a minha, admito – que a visão de Isolda é de que lulismo e cirismo deveriam ser uma coisa só, indistinta. Esta visão é benéfica e conveniente para Isolda, mas não é fato!
À isolda, pela minha percepção aqui de longe, o cirismo seria um agasalho confortável porque seria ela, estando governadora, que comporia a ‘unidade’ PT/PDT no Ceará como corpo político único.
Isolda não contou com fato de Ciro Gomes ter sido mastigado e cuspido no processo sucessório de 2018 pelo PT, e que o trauma político para Ciro Gomes – trauma acentuado tanto por suas qualidades como por seus defeitos – seria fatal.
Para Isolda, Ciro e o PDT sabiam que ela era do PDT, era filiada a este partido. Não era! Isolda estava filiada ao PDT, mas não era do PDT e os pedetistas do Ceará sabiam disso.
Para Isolda, sua identidade política mais real era de ser petista, e os petistas sabem disso. Não sabem! Para os petistas, neste momento de enfrentamento com Ciro Gomes, Isolda é um bom instrumento, mas no futuro ela não pode ter o apoio do PT como favas contadas, sua ambição política vai depender dos interesses de Camilo Santana, que é melhor enxadrista do que ela.
Mas, como histórico, o projeto do Ceará e o que ele tem de bem sucedido vem de Tarso Jereissati e está neste momento ancorado em Ciro Gomes e no PDT. Em São Paulo o PT escolheu contra o PSB e não deixou de jeito nenhum que Márcio França fosse o candidato a governador, ficando o PT com tudo; no Ceará, o PT quis escolher contra o PDT e contra Ciro Gomes. Deu no que deu!
Se o ódio de bolsonaro vencer no Ceará e conseguir eleger como o governador o Capitão Wagner, isto só a ontecerá por causa do ódio petista, que tem como um de seus elementos o mandonismo, o hegemonismo e a exclusão antipolítica, sempre! E Isolda e Camilo Santana estão sendo parte dessa exclusão e mandonismo.
edsonmaverick@yahoo.com.br