Anote na sua agenda: na próxima segunda-feira (1) a partir do meio-dia estará aberto ao público o Museu da Lava Jato (MLJ). Inúmeros processos da base de dados da operação organizada pela Força-Tarefa de Curitiba, clipping das notícias dos principais veículos de comunicação do País, uma linha do tempo com toda a história da Vigília Lula Livre e um centro de estudos sobre a LawFare no Brasil são alguns dos destaques que estarão disponíveis por intermédio do endereço www.museudalavajato.com.br
O presidente do Conselho Curador do MLJ, o professor e advogado Wilson Ramos Filho, o Xixo, idealizador do projeto, explica que o museu está sustentado em três pilares. “O Centro de Documentação da Lava Jato reunirá um acervo imenso sobre a operação e seus desdobramentos, do acervo jurídico ao jornalístico. Já o Memorial da Vigília Lula Livre resgatará o que militantes fizeram ao longo de 580 dias em apoio e solidariedade ao ex-presidente Lula. Já o Núcleo de Estudos da LawFare do Brasil terá como papel fundamental estimular a produção científica sobre o tema. Nosso objetivo é simples: lembrar para não repetir”, apontou.
Ramos Filho explica ainda que o espaço virtual do MLJ será dinâmico. Novos conteúdos serão adicionados nos setores do Centro de Documentação da Lava Jato e também no Memorial da Vigília Lula Livre. Já o Núcleo de Estudos, por sua vez, promoverá eventos e debates acadêmicos sobre o tema. “Queremos manter essa memória viva e também estimular a produção acadêmica”, completa. De acordo com ele lançamento de livros e outros produtos culturais e científicos vão compor a programação do museu.
Estrutura – No centro de documentação o visitante terá acesso a um banco de dados com uma ampla gama de documentos. Nesta primeira etapa, no lançamento do museu, estarão disponíveis 45 processos, sendo 31 deles completos. Isso significa que a documentação reunirá desde a denúncia apresenta até a sentença dos casos. “Os processos envolvendo o ex-presidente Lula terão uma seção própria, com ações penais, habeas corpus e outros procedimentos jurídicos”, detalha um dos coordenadores do centro de documentação do MLJ, Diogo Silva.
O acesso ao centro de documentação será gratuito, assim como todos os outros setores do museu, e também reunirá uma base de dados sobre a cobertura da chamada grande mídia sobre as fases da operação. São notícias publicadas entre 17 de março de 2014 e 03 de fevereiro de 2021. Para isso um sistema foi desenvolvido especificamente para cada um veículos. A expectativa, segundo Siva, é que em pouco tempo estejam disponíveis os acervos completos de Estadão, Folha de São Paulo, G1, El País e The Intercept Brasil. A plataforma também foi projetada para ser intuitiva e de fácil acesso para pesquisa o centro de documentação será uma importante base de dados para pesquisadores de todo o Brasil.
Outro pilar do MLJ é Memorial da Vigília Lula Livre. O objetivo é relatar o que aconteceu durante os 580 dias em que o ex-presidente Lula esteve em Curitiba, na sede da Superintendência da Polícia Federal. Neste período caravanas de todo o Brasil, intelectuais, lideranças políticas, religiosas, sindicais e até mesmo atores de Hollywood passaram pelo espaço.
“Infelizmente ainda há um grande desconhecimento sobre tudo que aconteceu na Vigília Lula Livre, sobretudo porque boa parte deste movimento foi invisível para a população a partir da ausência de cobertura da grande mídia. Aqui o nosso papel é organizar, sistematizar e deixar esse movimento de fácil acesso e entendimento do grande público”, destaca a coordenadora do Memorial Vigília Lula Livre, a historiadora Maitê Ritz.
Uma linha do tempo contará com texto e imagens os principais fatos que aconteceram ao longo dos 580 dias, registrando a passagens de anônimos e famosos. Ao todo são mais de oito mil imagens registradas por fotógrafos e jornalistas que acompanharam o dia-a-dia da Vigília Lula Livre para cobertura, sobretudo, da mídia alternativa. “Queremos preservar e institucionalizar a memória de todos aqueles que participaram deste movimento histórico, ressaltando sua importância e relevância no cenário brasileiro. Algo que certamente nunca foi visto e talvez nunca mais seja vivenciado no Brasil”, completa Maitê Ritz.
O terceiro pilar do MLJ é constituído pelo Núcleo de Pesquisa da Lawfare do Brasil. O nome leva o termo em língua inglesa utilizado para descrever situações e cenários quando o direito e a justiça tornam-se armas para serem empregadas contra determinados grupos ou pessoas com objetivos específicos.
No caso do MLJ o grupo terá como função reunir trabalhos científicos, historiográficos e jornalísticos sobre a utilização das leis e do aparato jurídico e judicial com objetivos políticos e ideológicos no Brasil. Além disso, o núcleo fará orientação da produção de pesquisas acadêmicas e de projetos de pesquisa em diferentes instâncias e áreas do conhecimento com a temática da Lawfare e sobre as formas de Violência Jurídica, Social, Política, Econômica, Psicológica e Institucional no Brasil.
“Este espaço, assim como outros do museu, será orgânico e dinâmico, ou seja, estará em constante movimentação e produção de novos conteúdos. Mas, neste caso em específico, a partir de uma constante produção acadêmica para evidenciar a LawFare no Brasil e estabelecer mecanismos, teses e conhecimento científico para evidenciar a existência deste tipo de prática, como ela funciona e quais são suas repercussões práticas”, completa o professor doutor e coordenador do núcleo, José Henrique de Faria.
Ações dinâmicas – Além dos três pilares principais, o Museu da Lava Jato integrará o meio acadêmico promovendo constantemente palestras, jornadas, encontros, mesas redondas e debates sobre temas correlacionadas à Lawfare, política, história, direito, sociologia e filosofia. Novos conteúdos serão inseridos periodicamente no acervo dos três pilares e também nas mídias sociais do MLJ,
O MLJ está disponível no endereço www.museudalavajato.com.br a partir do meio-dia da próxima segunda-feira (1) . Lembrar para não repetir.