Por Altamiro Borges
Paulo “Offshore” Guedes, o Posto Ipiranga de Jair Bolsonaro, perdeu totalmente o controle da inflação. Em mais uma cena patética, o adorador do “deus-mercado” e apologista dos dogmas neoliberais implorou nesta quinta-feira (9) para que os donos de supermercados congelem os seus preços até 2023. Seria um estelionato explícito – um típico crime eleitoral – para tentar garantir a reeleição do seu chefinho “vagabundo”, que anda mal nas pesquisas e está apavorado.
O pedido foi feito no II Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela bolsonarista Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O sinistro da Economia foi explicito: “Nova tabela de preços só em 2023… Vamos parar de aumentar os preços dois, três meses. Nós estamos em uma hora decisiva para o Brasil”. No mesmo evento, o próprio “capetão” já havia rogado à cloaca burguesa para que “obtenha o menor lucro possível” na venda da cesta básica.
“Esse é o apelo que eu faço aos senhores. Eu sei que a margem de lucro tem diminuído cada vez mais. Os senhores já vêm colaborando dessa forma, mas colaborem um pouco mais na margem de lucro dos produtos da cesta básica. Esse é o apelo que eu faço aos senhores e, se for atendido, eu agradeço e muito. E se não for, é porque realmente não é possível”, choramingou o desesperado presidente da República em videoconferência direta dos EUA.
Como observou o jornalista Bruno Boghossian, em sua coluna na Folha, os pedidos de socorro de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes aos empresários são peças de campanha eleitoral. “A interpretação é simples: o presidente quer que os donos de supermercados cortem os próprios lucros para melhorar o ambiente político a favor de sua reeleição. Na prática, pediu uma espécie de doação de campanha, descontada diretamente do caixa das empresas. O plano recebeu o endosso do ultraliberal Paulo Guedes. O ministro foi ainda mais explícito em relação aos propósitos do governo”.
Servidores públicos apunhalados
No mesmo convescote patronal, Paulo “Offshore” Guedes também apunhalou os servidores públicos – inclusive aquela parcela mais egoísta que apoiou a chegada ao poder do fascista. O czar da Economia confirmou que o governo não concederá o reajuste salarial prometido ao setor e jurou que o aumento “só será possível em 2023”. Na maior caradura, ele discursou que “logo ali na frente, vai ter aumento para todo mundo, vamos fazer reforma administrativa”.
A meia dúzia de donos de supermercados, com seus superlucros, e as centenas de milhares de servidores públicos – a maioria com salários arrochados – estão no ringue da disputa presidencial. No caso da cloaca burguesa, ela já tomou seu lado. Aplaudiu e vibrou com o “capetão” e seu jagunço. E o funcionalismo público federal, como irá se comportar?