O ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), concedeu entrevista ao Valor Econômico e analisou o xadrez político no maior colégio eleitoral do país.
Segundo ele, ainda não há uma definição por parte do ex-presidente Lula e do ex-governador Geraldo Alckmin sobre a candidatura que represente a chapa no eleitorado paulista.
“Há uma dúvida severa sobre a estratégia para São Paulo. Não é um Estado que permita muito erro. Diferenças aqui ganham dimensões grandes. Errar aqui significa errar bastante”, disse França.
Na sequência, o dirigente socialista declara que um erro de cálculo em São Paulo pode custar caro a dupla Lula-Alckmin, caso vençam a disputa presidencial.
“A eleição nacional está por muito pouco – a passagem no primeiro turno ou eventual segundo turno. Então errar em São Paulo pode ser dramático. O Lula conhece bastante o Brasil, mas o Alckmin conhece mais São Paulo do que o Lula. Eles não estão seguros. Se estivessem, já teriam tomado uma decisão”, alega.
Por fim, França lembrou que ainda conta com uma fatia importante do eleitorado paulista e deu uma leve sinalização para o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) ao dizer, nas entrelinhas, que sua saída do pleito poderá beneficiar o tucano.
“Eu tenho 17% ou 18%. Haddad tem 28% a 30%. Quando somos os dois juntos, o resultado não dá a somatória. Não dá 50%. Então há dúvida: ‘se o Márcio não sai, ele contribui para o Haddad, mas ele consegue fazer o Haddad ganhar no primeiro turno?’ Pouco provável. ‘E ele dá sobrevida ao Garcia?’ Provável. Porque quando você me tira, o eleitor do Alckmin no interior, que tem dificuldade de apertar 13 e não gosta do Bolsonaro, esse vai ficar limitado a escolher o Rodrigo Garcia”, argumenta.
Ontem, publicamos sobre o encontro entre o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o deputado federal Rodrigo Maia (PSDB-RJ), sobre a costura de aliança entre os dois partidos no Rio de Janeiro e São Paulo.