A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos filiados realizaram atos em diversas regiões do país na manhã desta sexta-feira contra a lesiva venda da refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), anunciada pela gestão bolsonarista da Petrobrás.
Para o coordenador da federação, Deyvid Bacelar, “mais uma vez a FUP, seus sindicatos e a categoria petroleira demonstraram a força e unidade dos trabalhadores e trabalhadoras, nesses atos que foram realizados desde o Amazonas até o sul do Brasil, denunciando mais essa privatização ilegal e inconstitucional que o governo Bolsonaro está fazendo”.
O plano da gestão da empresa, desde o golpe de 2016, é vender oito das treze refinarias de sua propriedade. Quatro estão em uma etapa mais avançada do processo de venda, e a Refinaria Landulpho Alves da Bahia é a única com o negócio fechado.
Bacelar acrescenta: “Contra todas as outras vendas estamos lutando, tentando impedir o fechamento dos negócios, lesivos para a Petrobrás e o Brasil. No caso da Lubnor, essa importante refinaria do Ceará e do Nordeste, apesar de ter perdido essa batalha em relação à assinatura do contrato de venda, ainda temos outras etapas nas quais iremos evidenciar os gravíssimos problemas que existem nessa privatização”.
Irregularidades
A Lubnor se encontra em terreno cedido pela Prefeitura de Fortaleza. Segundo afirmou ao Brasil de fato o vereador Guilherme Sampaio (PT), presente no ato, a venda “foi feita, pelo que me consta, sem considerar que aquele terreno, parte dele é cedido pela Prefeitura de Fortaleza, ou seja, é do povo de Fortaleza”.
E acrescentou: “nós vamos, aqui na Câmara Municipal, provocar oficialmente a Prefeitura. Como é que uma empresa, que teve cedido e não doado um terreno da Prefeitura de Fortaleza para a instalação de uma planta industrial muito importante, que gera muitos empregos, que tem um grande impacto na economia, como é que essa venda é feita sem sequer o contribuinte de Fortaleza autorizar, tomar conhecimento”.
Também a questão do valor é muito grave. A refinaria foi subvalorizada para esse processo de venda. Segundo estudo do Ineep, a refinaria está sendo negociada por 55% do seu valor. Já analistas do BTG Pactual afirmaram em relatório que a refinaria pode valer 74% a mais do que a Petrobrás irá arrecadar com esta venda. Segundo Bacelar, citando ao ex-presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, isso demonstra que nossos ativos “estão sendo entregues na bacia das almas, cometendo vários crimes contra o patrimônio público brasileiro”.
Os atos tiveram boa adesão dentro da categoria. Segundo dados levantados pela FUP, além do ato central frente à Lubnor, ocorreram atos no Rio Grande do Norte; na Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco; na Bahia; no Espírito Santo, no Norte Fluminense, na Refinaria Duque de Caxias, em Minas Gerais, em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul.
A adesão responde também à iminente entrada da privatização total da Petrobrás no radar do governo Bolsonaro, que busca avançar o máximo possível no desmonte do patrimônio brasileiro antes da eleição. Os Petroleiros e Petroleiras já aprovaram o Estado de Greve, e caso algum projeto nesse sentido entre na pauta do Congresso Nacional, isso irá deflagrar a maior greve da história da categoria.