Por Antonio Lavareda
LEVANTAMENTO SINALIZA QUE TEBET PODE CRESCER, MAS A POLARIZAÇÃO SE ACENTUA, E AUMENTA A CHANCE DA ELEIÇÃO TERMINAR EM 02/OUTUBRO.
1. COM ANÚNCIO DA SAÍDA DE DORIA, SENADORA AUMENTA SEU POTENCIAL DE VOTO, QUE VAI EM UMA SEMANA DE 17% PARA 28%.
Esse potencial é a soma na pergunta sobre “probabilidade de voto” daqueles que dizem que “votariam nela com certeza” (5%) com os que afirmam que “poderiam votar nela” (23%). O fato dessa questão vir após os cenários de segundo turno infla um pouco nesse tópico, naturalmente, o desempenho dos vários candidatos, mas isso não recomenda desconhecer sua evolução.
Quanto à rejeição, o “não votaria de jeito nenhum” recua de 37% para 34%. Embora a lista de postulantes da pesquisa registrada no TSE contivesse o nome de Doria e parte das entrevistas já tivesse sido realizada quando do anúncio da retirada do nome tucano, Tebet nessa rodada vai a 3% na intenção de voto estimulada.
Na espontânea, continuou com 1%. No segundo turno marca 34% X 40% contra Bolsonaro; e 18% X 57% contra Lula. Números próximos, embora ainda inferiores, aos que Doria atingia na semana passada: 38% X 40% de Bolsonaro; e 20% X 54% de Lula. Atraindo grande foco da mídia e o apoio expressivo de setores importantes do establishment, o desempenho da Senadora nos próximos levantamentos desperta grande expectativa.
2. POLARIZAÇÃO GANHA TERRENO. LULA E BOLSONARO AVANÇAM CADA QUAL MAIS UM PONTO NA ESPONTÂNEA (40% X 30%). NA ESTIMULADA, LULA CRESCE UM (45%) E BOLSONARO, DOIS (34%).
Na espontânea, entre os outros concorrentes, apenas Ciro cresce um, e tem 4%; Tebet, conforme citado, registra 1%, assim como Janones e Doria. Os demais não pontuaram. Na estimulada, Ciro repete 8%; Tebet assume a quarta posição, com 3%; Janones de novo aparece com 2%; Doria, mantido na lista, declinou para 2% ; Felipe D’Ávila tem 1%; os restantes não chegam a pontuar. Conforme se verifica no Quadro abaixo, de um ano para cá, a soma dos dois líderes só aumentou, enquanto a dos “outros candidatos”, categoria por onde desfilaram nomes variados, que foram sendo excluídos pelo processo, só fez murchar.
3. NO SEGUNDO TURNO, A DIFERENÇA ENTRE OS LÍDERES DIMINUI UM PONTO. LULA PERMANECE COM 53% ENQUANTO BOLSONARO RETOMA OS 35% DE UMA QUINZENA ATRÁS.
Bolsonaro da mesma forma evolui um ponto (41%) no cenário contra Ciro, estável com 44%; Lula, por seu turno, avança um ponto (54%) e Ciro fica com os mesmos 25% da semana passada. A estreia de Tebet nas hipóteses de 2o turno já foi examinada na Nota 1.
4. OBSTÁCULOS A UMA RECUPERAÇÃO SUBSTANCIAL DO PRESIDENTE SEGUEM ELEVADOS: ECONOMIA NO “ CAMINHO ERRADO”, 62%; DESAPROVAÇÃO, 60%; AVALIAÇÃO “RUIM OU PÉSSIMA” DA ATUAÇÃO CONTRA A COVID, 50%.
O contingente dos que têm uma opinião positiva do governo sobre cada um desses aspectos, respectivamente, é de 31%, 35% e 30%. Na média, cerca de um terço. O que a grosso modo corresponde às suas intenções de voto, após a saída de Moro, que quase se confundem no primeiro e segundo turnos.
5. É IMPRESSIONANTE O PERCENTUAL, 68%, DOS QUE DIZEM QUE SEU VOTO JÁ ESTÁ DECIDIDO.
Em outubro passado, eram 44% os que fizeram a mesma afirmação. Esses quase 70% são exatamente o mesmo número dos entrevistados que dizem ter “muito ou algum interesse” na eleição, e um número próximo aos 77% que sem estímulo de lista citam o nome daquele/a em quem votariam “se a eleição fosse hoje”.
Esses dados, revelando um volume inédito de eleitores com razoável solidez de preferências, diga-se de passagem bastante antecipadas, também nos ajudam a entender porque as medições semanais das intenções de voto se movem com parcimônia.
6. QUAL O PAPEL DAS PESQUISAS ELEITORAIS NAS CAMPANHAS ?
Para quem se interessa sobre o tema segue aqui o link de programa Conversa com Bial, no qual Mauro Paulino, ex DataFolha e agora comentarista da GloboNews, e eu, respondemos sob diferentes ângulos essa questão numa conversa com roteiro inteligente, bem conduzida pelo jornalista Pedro Bial, na última segunda, 23/maio.
FALTAM 128 DIAS PARA O PRIMEIRO TURNO
Antonio Lavareda é cientista político, sociólogo e diretor do IPESPE
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