O presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD-AM), defendeu no Plenário a segurança e a transparência do sistema eleitoral e disse acreditar no compromisso das Forças Armadas com a Constituição e a democracia. Ramos afirmou que os militares que ocupam cargos no governo e tentam desacreditar as urnas eletrônicas não se confundem com a instituição das Forças Armadas, que sempre demonstrou seu compromisso com o Estado Democrático de Direito.
“Os militares, assim como o presidente da República, juram cumprir Constituição, e, quem jura, respeita e reconhece que a última palavra sobre a Constituição é do STF. Quem dá a última palavra não são as Forças Armadas, o presidente ou os parlamentares. Quem jura cumprir a Constituição reconhece que é o Poder Judiciário, por intermédio do TSE, que executa a eleição”, afirmou.
Segundo Ramos, o debate sobre a confiabilidade da urna eletrônica está superado após a Câmara rejeitar a proposta do voto impresso, no ano passado. “Nosso sistema é seguro, confiável e transparente. Isso já foi confirmado por inúmeras eleições”, disse o presidente em exercício.
“Não há dúvidas sérias sobre a confiabilidade das nossas urnas, e as Forças Armadas, desde a redemocratização, sempre apoiaram nosso sistema eleitoral, garantindo a segurança do pleito, dando apoio logístico, mas jamais ousaram intervir nas decisões legítimas da Justiça Eleitoral”, afirmou Ramos.
Marcelo Ramos disse ainda que confia que as Forças Armadas têm compromisso com a democracia e com o desejo do povo brasileiro a ser expresso nas urnas nas eleições de outubro.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Alexandre Neres
13/05/2022 - 14h07
Alô isentões, vocês que querem a neutralidade na luta entre a civilização e a barbárie, que gostam de estabelecer comparações entre os dois principais candidatos na bipolarização assimétrica, com isso naturalizando a candidatura grotesca do Bolsonaro, aí vai um artigo do liberal vice-presidente da Câmara explicitando os porquês do voto em Lula:
“Candidato a presidente pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva quer revogar a reforma trabalhista. Eu discordo.
Lula é contra a independência do Banco Central. Os deputados do PT se opuseram ao projeto. Eu votei a favor.
Lula é contra a capitalização da Eletrobrás. O PT votou contra. Eu votei a favor.
Em 2019, eu presidi a Comissão Especial da Reforma da Previdência. Não medi esforços para que ela fosse aprovada. O PT votou contra.
A visão de mundo do ex-presidente Lula e a minha são diferentes, sobretudo em relação à economia. Muitas de nossas posições são antagônicas nesse campo tão essencial. Mas concordamos em algo ainda maior: a democracia. E é por isso que estarei com Lula nesta eleição.
Lula é um democrata. Nos seus oito anos no Palácio do Planalto, ele conviveu com uma das oposições mais aguerridas da história republicana. Enfrentou oposição no campo político, nos meios de comunicação e em poderosos setores econômicos. Mas não desistiu da democracia.
Esta é a história. Lula foi impedido de tomar posse como ministro por um áudio captado e divulgado ilegalmente – e continuou acreditando na democracia. Lula assistiu o impeachment de presidente Dilma Rousseff, sua aliada – e continuou acreditando na democracia. Lula recebeu ordem de prisão em um julgamento hoje reconhecido como viciado e se entregou para cumprir pena diante de uma multidão que queria que ele resistisse – e continuou acreditando na democracia. Lula não negociou a pena que lhe imputaram, aceitou o martírio até ser solto nos marcos do estado de direito – e continuou acreditando na democracia. Lula esperou a devolução dos seus direitos políticos antes voltar ao combate pelos corações e mentes dos brasileiros – e provou que vale a pena acreditar na democracia.
Essas já seriam razões mais do que suficientes para apoiar Lula, mas há ainda outras. Vamos olhar a eleição pelos verdadeiros dramas dos brasileiros: a fome, o desemprego e a inflação. Sob essa ótica, a disputa se dará entre quem combateu a fome e quem promoveu a fome, quem combateu o desemprego e quem promoveu o desemprego, quem combateu a inflação e quem promoveu a inflação.
O Brasil pós-Covid tem fome. O desemprego atinge 12 milhões de brasileiros e brasileiras. Isso não é uma estatística. É uma tragédia na vida de cada pai e mãe de família que acorda de manhã sem ter trabalho, incapaz de com o suor do seu rosto e o calo das suas mãos colocar um prato de comida na mesa dos seus filhos.
Quando a inflação voltou à casa dos trabalhadores por uma porta, a carne saiu por outra. Depois, foi o frango e o ovo. A inflação tira dos mais pobres o direito de cozinhar, porque muitos têm de escolher se vão comprar o botijão de gás ou a comida. Tira o acesso à luz elétrica. Inviabiliza a viagem de carro para visitar um amigo ou um parente, porque é difícil encher o tanque com o litro de gasolina a mais de 7 reais.
O desafio desta eleição é não se deixar cair nas ciladas do presidente Jair Bolsonaro, um mestre em criar polêmicas que pouco ou nada importam para que está lutando por sua sobrevivência. Gritaria, ameaças às instituições e atos que resvalam na ilegalidade são só armas para nos desviar do que importa de fato. São outros os dramas dos evangélicos, dos católicos, das religiões africanas, dos ateus, do torcedor do Corinthians de Lula – que vai muito bem –, e do meu Vasco – que vai muito mal.
O desafio é fazer uma cruzada por democracia, comida, emprego e renda. É hora de estendermos as mãos aos empresários e empreendedores desse país. Vamos oferecer ambiente regulatório sadio, segurança jurídica, responsabilidade fiscal, crédito, um sistema tributário justo e simples. Vamos dar as mãos aos trabalhadores que mesmo diante de tantas dificuldades e injustiças teimam em acordar cedo, pegar o ônibus, trabalhar duro e voltar cansado para casa com o sustento da sua família. Vamos dar as mãos aos jovens, que acreditam no país e carregam nos seus sonhos o futuro da nação.
Por mais que eu discorde dele, hoje essa cruzada é Lula.”
Artigo escrito por Marcelo Ramos (PSD-AM), vice-presidente da Câmara dos Deputados e integrante do Grupo Prerrogativas