Nesta quinta-feira, 28, durante sua passagem pela Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), o ex-ministro e pré-candidato a presidência pelo PDT, Ciro Gomes, criticou a proposta de regulação de mídia, defendida especialmente pela pré-campanha do ex-presidente Lula (PT).
Na entrevista que concedeu a youtubers e blogueiros, o líder progressista voltou a fazer a defesa da medida como forma de, segundo Lula, “democratizar” a comunicação no Brasil. Já na avaliação de Ciro, essa proposta de Lula é uma “aberração”.
“É uma aberração numa democracia se propor regulação de mídia. Eu acho que a regulação da mídia que existe não precisa mudar: é o controle remoto. Por exemplo, a CNN abriu no Brasil e quem não gosta da CNN aperta o controle e vai para a concorrente. Eu prefiro sair do concorrente e assistir a CNN”, disse.
Vale lembrar que além de Ciro, Jair Bolsonaro (PL) também é contra a regulação de mídia e tem negado com frequência que irá adotar a medida caso seja reeleito.
Ainda durante o Agrishow, o pré-candidato sinalizou que pode abrir diálogo com o ex-governador de São Paulo, João Doria, nome do PSDB para disputar o Planalto.
“O que penso sobre o Brasil é profundamente diferente do que o Doria pensa, por exemplo. Isso não impede que a gente eventualmente dialogue. Eu sou um democrata visceral. Havendo um devido crédito, eu aceito dialogar com qualquer adversário, como sempre foi”, ressaltou.
Alexandre Neres
29/04/2022 - 22h20
Ciro Gomes está digno de pena.
Não falo isso porque mais uma vez caiu no mesmo buraco, na provocação de bolsominions e deu piti. Não aprende mesmo.
Eis a pérola: “É uma aberração numa democracia se propor regulação de mídia. Eu acho que a regulação da mídia que existe não precisa mudar: é o controle remoto.”
Essa estória do controle remoto nem original é. Temer já disse isso ipsis litteris.
Há regulação da mídia na Itália, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Portugal, Espanha, França e assim por diante, desvelando a ignorância de Ciro Gomes. Parece que no caso apenas é uma bajulação servil à imprensa familiar brasileira em troca de um apoio que nunca virá.
Nos Estados Unidos, a lei proíbe a propriedade cruzada, impedindo que uma mesma empresa possua mídia televisiva e impressa em um mesmo mercado para evitar concentração, por exemplo, o que vedaria o poderio do Grupo Globo com a Rede Globo e o jornal O Globo. Na França, a lei não permite que o mesmo grupo controle mais do que 30% da mídia impressa diária.
Pior do que regulamentação imperfeita é não ter regulamentação nenhuma.
O caso mais perverso da imprensa dita profissional tupiniquim é a imbricação com a Lava Jato, em que a mídia se tornou mera correia de transmissão da força-tarefa e descurou do seu mister de informar.
Reinaldo Azevedo redigiu uma coluna hoje na Folha com rara felicidade, mostrando os desmandos da mídia. Em razão disso, gerou um gado abduzido que recebeu as notícias que foram inculcadas acriticamente e desde então passaram a acreditar nessas balelas como se verdade fossem, inda que solapassem o estado democrático de direito. Temos que tentar resgatar essas pessoas. Um caso clássico neste blogue é o comentarista Pianca.
Por isso, dedico o texto abaixo ao Pianca, com carinho!
ONU traduz a Lava Jato para o mundo
Muitos, no Brasil, estão zangados com comitê, especialmente o Colunismo de Acusação
Jornal Folha de S. Paulo | Política | Reinaldo Azevedo
O Comitê de Direitos Humanos da ONU não poderia ter sido mais eloquente sobre as violações aos direitos de Luiz Inácio Lula da Silva praticados pelo Estado brasileiro por intermédio da Lava Jato, muito especialmente pelo então juiz Sergio Moro.
Também o PowerPoint de Deltan Dallagnol -que contou com a aprovação de Moro- aparece no texto como uma das agressões ao devido processo legal. O sempre excelente Jamil Chade antecipou a decisão no UOL e fez uma boa síntese do caso.
Para Lula, a decisão tem peso moral, não jurídico. E certamente será tratada, e com toda razão, na campanha eleitoral. Segundo o comitê, ao ser impedido de se candidatar, em 2018, o petista teve ainda solapados os seus direitos políticos.
Muitos, no Brasil, estão zangados com o comitê, especialmente o “Colunismo de Acusação”, que atuou como uma espécie de anexo da força-tarefa, indiferente à evidência de que, numa democracia, a correção de qualquer mal, também o da corrupção, tem de se dar segundo regras.
Coube ao Estado brasileiro tentar justificar as ações de Moro e do Ministério Público. Mas o grupo chegou à conclusão, sem muita dificuldade, de que elas eram incompatíveis com uma sociedade democrática, assentada em leis. A verdade é que se confundiu por aqui, ao longo de quase seis anos, o exercício da oposição com o da persecução penal.
Operou-se uma mistura perversa de “lawfare” -uso da lei para perseguição política- com uma leitura torta do conceito de “direito penal do inimigo”, como se fosse razoável suspender as garantias constitucionais de um adversário ideológico sob o pretexto, sempre!, de combater a corrupção.
Goste-se ou não da decisão, o fato é que o comitê da ONU atua como um olhar externo, neutro desde a partida, sobre o processo. Por aqui, infelizmente, a guerra ideológica e as batalhas políticas turvaram o juízo de muita gente.
Mais uma vez, o país foi engolfado pelo moralismo amoral, que consiste em substituir a presunção de inocência pela de culpa, de modo que o acusado se vê na contingência de produzir a prova negativa, dispensando-se o órgão acusador de apresentar a evidência do crime.
Este escriba conhece cada detalhe, como canta Chico César, “da maldade de gente boa”. Quando, já em 2014, comecei a constatar laivos de messianismo e de viés político na tal “Lava Jato”, virei alvo da fúria dos que se queriam justos.
Em 2016, Dallagnol tricotou contra mim em conversinha indecorosa com Moro no Telegram, chamando-me “jurista”, com aspas, como se desqualificação fosse. Ele reclamava porque escrevi então, com todas as letras, que apresentara uma acusação sem provas e que seu PowerPoint era uma excrescência. Logo eu, não é?, que alguns pretendiam ser um exemplo de militante antipetista. Ocorre que abandonei a militância aos 21 anos.
Não tenho como lidar com as decepções e com os desenganos de terceiros em relação às expectativas boas ou más que alimentam a meu respeito. Agora cito Jorge Mautner: “Eu não peço desculpa/ E nem peço perdão/ Não, não é minha culpa/ Essa minha obsessão”.
E complemento a palavra: sou obcecado pelo devido processo legal. Se não posso confiar no Estado julgador, por intermédio do Poder Judiciário, vou confiar em quê? Na luta armada? Infelizmente, noto à margem, remanescem certos cacoetes que o lava-jatismo imprimiu à cobertura jornalística.
Os veículos profissionais de comunicação deveriam organizar seminários para rever seus respectivos procedimentos durante a Lava Jato. De cara, uma pergunta teria de ser respondida: “Por que jamais se investigaram os investigadores que falavam em nome da pretensão punitiva do Estado?” Já ali havia, e isto me parece inequívoco, uma adesão a um lado da contenda e uma quebra da necessária imparcialidade.
“E Daniel Silveira, Reinaldo, não seria ele também vítima de ilegalidades?” Não! Mas deixo a sugestão: o presidente revoga o seu decreto inconstitucional, e o deputado cumpre os rigores da lei, como fez Lula. E sempre se poderá, adicionalmente, apelar ao Comitê de Direitos Humanos da ONU. Que tal?
Luís Castro
29/04/2022 - 14h54
Esse é o tal “valentão” do Ciro que se borra todo diante do poderio de manipulação da grande mídia. Resumindo não passa de um bravateiro desequilíbrado igual ao genocida.
Kleiton
29/04/2022 - 12h10
E’ obvio, cada um de nòs tem o direito de ver e ouvir de tudo, se nao gostar de algo é sò passar pra frente.
Que no ano de 2022 se possa discutir uma porcaria dessa é vergonhoso…como de costume.
Querlon
29/04/2022 - 12h09
Quem precisa ser regulado é quem faz essas propostas comunistoides…uma boa regulada nas orelhas com o ausilio de chinelo quando ainda eram meninos teria resolvido muitos problemas do Brasil hoje.
Galinzé
29/04/2022 - 09h21
Perfeito…o resto é censura.
Sebastião
29/04/2022 - 09h18
Se essa informação chegar na população, principalmente os jovens. Lula pode ter perda de votos. E se os adversários de Lula souber, pode explorar isso. E se Lula ver que irá perder votos, abandona essa idéia estilo Rússia e China.