Por Antonio Lavareda
1. INTENÇÃO DE VOTO ESPONTÂNEA MOSTRA O AVANÇO DA POLARIZAÇÃO. ENTRE OS QUE JÁ MENCIONAM CANDIDATOS NESSA QUESTÃO, LULA CHEGA A 38% E BOLSONARO A 28%.
A soma dos outros nomes citados é de apenas 8% (Ciro, 4%; Moro, 1%; Doria, 1%; Tebet, 1%; Janones, 1%). Ou seja, os 2 líderes, juntos, concentram quase 90% do total de citações. Lula cresceu 2 pontos e Bolsonaro 1, em relação a uma quinzena atrás. Moro vai saindo do radar do eleitor e os demais se mantiveram com os mesmos números.
2. SAÍDA DE MORO E TROPEÇOS DA “3ª VIA” DEVOLVEM A BOLSONARO ELEITORES ANTIPETISTAS QUE BUSCAVAM ALTERNATIVA.
Na pergunta estimulada, o Presidente, que ganhou 4 pontos logo após a saída de Moro do Podemos, cresce mais 1 e marca 31%. No campo oposto, Lula, depois de estacionado há 2 meses também avança 1 ponto e atinge 45%. Vêm a seguir: Ciro, com 8%, oscilando 1 ponto para baixo; Doria, mantendo seus 3%; Simone Tebet, que continua com 2%; Janones sobe 1 ponto e vai a 2%. Felipe D’Ávila, Vera e Eymael não pontuaram nessa rodada.
Enquanto a briga no interior do PSDB assume contorno autofágico, ameaçando jogar fora o diferencial de ter sido o único partido a realizar uma “primária”, os diretórios regionais do União Brasil e do MDB hesitam a se alinharem com candidatos(as) com percentuais demasiadamente modestos.
E, assim, por ora, vai restando Ciro Gomes como única possibilidade de uma eventual triangulação do formato da disputa. Porém, ele esbarra à esquerda no voto consolidado de Lula, reforçado pela elevada expectativa de sucesso do petista (58% acreditam que Lula será vitorioso, 31% apontam Bolsonaro e só 2% apostam em Ciro).
3. OS MOVIMENTOS DO PRIMEIRO SÃO REPETIDOS NOS CENÁRIOS DO SEGUNDO TURNO. LULA E BOLSONARO OSCILAM POSITIVAMENTE.
Lula foi de 53% a 54%, e Bolsonaro de 33% a 34%. No caso do atual Presidente, é a primeira vez que alcança esse patamar nas pesquisas do IPESPE este ano. É um sinal do progresso no esforço da campanha de reconectar-se com seus eleitores da disputa passada, e que agora se vê beneficiado pela ausência de desafiantes expressivos no seu campo ideológico. Vale lembrar que esses 34% no segundo turno – sobre o total do eleitorado – correspondem exatamente ao percentual que Bolsonaro obteve no primeiro turno de 2018.
4. O PLACAR DA REJEIÇÃO EXPLICA AS DIFERENÇAS NO SEGUNDO TURNO.
Aqui, Bolsonaro, estável, segue à frente. Não votariam nele atualmente 61%; seguido por Doria, cuja rejeição voltou a cair dois pontos, para 55%; Ciro, com 44%, oscilou um ponto acima; Lula, 42%, perdeu um ponto; Janones permaneceu em 36%; Tebet recua um, para 34%; e Felipe D’Ávila manteve os 34% da rodada anterior. A diferença de rejeição Bolsonaro-Lula, de 19 pontos, é praticamente a mesma do cenário de segundo turno entre os dois.
5. PERCEPÇÃO DE QUE A ECONOMIA ESTÁ “NO RUMO CERTO” SOBE DOIS PONTOS E VAI A 31%. OPINIÃO DE QUE ESTÁ “NO RUMO ERRADO” CAI UM, PARA 62%.
Nessa dimensão (economia) o sentimento que em geral conta mais -no Brasil ou em outros países- é relativo à inflação. A soma dos que dizem que nos últimos meses os preços “aumentaram” ou “aumentaram muito” é de 95%, ou seja, a quase totalidade da amostra, mas recuou bastante a expectativa de aumento nos próximos meses. Em março, quando do super aumento dos combustíveis, 79% manifestaram seu pessimismo. Número que caiu dessa feita para 63%, o mesmo registrado em fevereiro.
6. REDUÇÃO DO NÚMERO DE CASOS, ANÚNCIO DO “FIM” DA PANDEMIA E CARNAVAL FORA DE ÉPOCA FAZEM DESPENCAR O MEDO DA COVID. EM UM MÊS, SOBE DE 48% PARA 59% O CONTINGENTE DOS QUE DIZEM NÃO ESTAR “COM MEDO DO CORONAVÍRUS”.
Os que ainda estão “com muito medo” são 11% (há um mês, 15%). E aqueles que referem estar “com um pouco de medo” saíram de 36% para 29%. Na esteira disso tudo, e ajudada pela distância em relação ao noticiário da CPI, melhora a avaliação do desempenho específico do Governo nesse front. O “Ótimo/Bom” sobe de 28% para 30%; e o “Ruim/Péssimo” recua de 54% para 51%.
7. APROVAÇÃO GERAL DO PRESIDENTE OSCILA POSITIVAMENTE UM PONTO, PARA 34%. A AVALIAÇÃO POSITIVA (O/B) CRESCE DOIS, CHEGANDO A 30%.
A desaprovação faz movimento simétrico e recua de 63% para 62%. O mesmo ocorre com a avaliação negativa (R/P) que declina de 54% para 52%. Como provável efeito da polarização precoce da disputa, acentua-se a aproximação entre avaliação de governo e intenções de voto. Essas duas variáveis vão se “misturando”.
A primeira deixando de ser, como até então, um fator “causal”, explicativo da segunda. E para muitos eleitores entrevistados ocorrendo até o inverso, por conta do “viés de consistência” diante de um questionário que se inicia pelas perguntas eleitorais. Isso costuma ocorrer na fase final das campanhas. Não tão cedo como nessa eleição.
O percentual dos que classificam o Governo como “Ótimo ou Bom” (30%) fica um ponto abaixo da intenção de voto estimulada de Bolsonaro no primeiro turno. E o número dos que declaram “Aprovar” seu desempenho geral (34%) é idêntico ao das suas intenções de voto no segundo turno. Ou seja, temos um Governo e seu candidato firmemente ancorados em cerca de um terço do eleitorado.
O que é suficiente como barreira de entrada quase intransponível para alguém da “terceira via” ingressar em campo, mas ainda pouco para virar o jogo contra o desafiante que lidera a partida.
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