FUP – “Os preços dos combustíveis continuam sendo as principais fontes de pressão da inflação no Brasil e prejudicam, sim, o bolso da população, que paga cada vez mais caro por produtos e serviços básicos e também sofre com o desemprego e com a falta de reajustes no salário mínimo”, afirma o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ao se deparar com a análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em relação ao números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE.
“O instituto registrou a maior variação para o mês de março em 28 anos, ou seja, desde o Plano Real”, comenta Cloviomar Cararine, economista do Dieese/subseção FUP (Federação Única dos Petroleiros). Em março de 2022, o índice de inflação ficou em 1,62%, que é a maior variação para o mês desde 1994. Nos três primeiros meses de 2022, acumulou 3,20%, e nos últimos 12 meses, chegou a 11,30%.
Nesses mesmos 12 meses, a gasolina subiu 27,48%; o etanol 24,59% e o gás veicular 45,54%. “Essas altas influenciam outros itens básicos para o consumidor, pois temos uma série de produtos que dependem de combustível para chegar até a casa dos brasileiros”, avalia o economista.
Outro ponto importante, ressalta Cararine, é o óleo diesel, que abastece praticamente todos os meios de transporte no Brasil. Só em março deste ano, o diesel já subiu 13,65%, e nos últimos 12 meses, aumentou quase 50%. “Isso impacta diretamente no preço de quase todos os produtos, desde o momento da produção, passando pela indústria e chegando até o usuário final”, lembra o economista do Dieese.
“Os aumentos que a Petrobrás praticou em março são os grandes responsáveis por esse cenário de inflação que o Brasil está vivendo”, ressalta o coordenador geral da FUP. Desde janeiro de 2019, início da gestão do presidente Jair Bolsonaro, a gasolina teve reajuste de 155,8%. No gás de cozinha, a alta foi de 132,2%, e no diesel, de 143,2%, de acordo com dados da Petrobrás analisados pelo Dieese.
“O Brasil, mesmo sendo autossuficiente em petróleo e com capacidade de refino suficiente para atender quase a totalidade da demanda interna, continuará sendo impactado pela política de preço de paridade de importação (PPI) e, consequentemente, pela atual gestão da Petrobrás que é comandada por Bolsonaro”, afirma Bacelar. Com a PPI, a Petrobrás dolarizou os combustíveis, lembra ele, com reajustes que seguem os preços internacionais, variação cambial e custos de importação, sem levar em consideração os custos nacionais de produção.