Uma conversa gravada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro revela que o senador Flávio Bolsonaro mantinha como funcionário fantasma a ex-mulher do miliciano Adriano da Nóbrega.
A confirmação foi feita pela viúva do ex-PM, Júlia Lotufo, em julho de 2019, quando ela fala para uma amiga que está incomodada com as cobranças de Danielle Mendonça da Nóbrega, ex-mulher de Adriano, sobre as investigações de peculato na ALERJ. Ela foi nomeada justamente para o gabinete de Flávio, então deputado estadual.
“Ela foi nomeada por 11 anos. Onze anos levando dinheiro, R$ 10 mil por mês para o bolso dela. E agora ela não quer que ninguém fale no nome dela? […] Bateram na casa dela porque a funcionária fantasma era ela, não era eu”, revela.
As gravações fazem parte da Operação Gargula, que a Folha teve acesso, que tem como objetivo investigar a lavagem de dinheiro do patrimônio do miliciano e sua estrutura de fuga. Vale lembrar que Adriano era o líder da principal milícia na Zona Oeste do Rio.
Em outro momento, Júlia Lotufo detalha que “aí vem a Danielle e dá ataque que bateram na porta da casa dela e ela não está mais casada com ele. Ahn, mas e aí? Não estava levando dinheiro lá? Não quer que bata na porta dela? Errado seria se ela tivesse fodida, sem ganhar R$ 1. Ela sabia muito bem qual era o esquema. Ela não aceitou? Agora é as consequências do que ela aceitou”.
Ainda segundo a viúva, a ex de Adriano responsabilizava o miliciano por seus problemas com a justiça.
“Ela [fala]: ‘Ai, eu faço tudo na minha vida para viver direito e o Adriano tem essa vida errada que eu não escolhi’. Se eu fosse ela, a minha vida direita: ‘Olha só, Adriano. Não é direito eu estar num gabinete sem trabalhar. Não quero mais participar disso, não’. Mas estava entrando R$ 10 mil na conta dela. Ela não falar isso, né?”.