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Uma resposta ao ataque de Patrícia Campos Mello aos portais progressistas

Os ataques de ódio, misóginos, homofóbicos, a publicação reiterada das fake news mais grotescas, são hábitos que, infelizmente, tornaram-se comuns no país de Bolsonaro, a partir de uma rede de blogs que se engajaram na eleição do presidente e ainda hoje o apoiam. Entre os alvos preferenciais dessa máquina de ódio temos jornalistas mulheres, como […]

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Os ataques de ódio, misóginos, homofóbicos, a publicação reiterada das fake news mais grotescas, são hábitos que, infelizmente, tornaram-se comuns no país de Bolsonaro, a partir de uma rede de blogs que se engajaram na eleição do presidente e ainda hoje o apoiam.

Entre os alvos preferenciais dessa máquina de ódio temos jornalistas mulheres, como Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo.

Tão atacada pelo bolsonarismo, Mello  foi defendida com unhas e dentes por este e outros blogs progressistas. Dê um google O Cafezinho + Patrícia Campos Mello e encontrará dezenas de posts com enfáticas defesas da jornalista.

Por isso foi com profunda decepção que me deparei, em seu livro Máquina do Ódio, com um ataque inteiramente gratuito ao Cafezinho, e a outros blogs progressistas, comparando-nos à rede de ódio bolsonarista.

Os blogs progressistas citados pela jornalista jamais defenderam o fim do STF, jamais defenderam intervenção militar, jamais promoveram campanhas de difamação pessoal, jamais se posicionaram contra a ciência. Sempre se posicionaram firmemente em favor da democracia, da liberdade de expressão, e do pluralismo político.

A jornalista, ao mencionar o “ecossistema” midiático bolsonarista, fala em “esforços de moldar a narrativa” e inundar as redes sociais com as “versões que querem emplacar”.

Aí entramos exatamente no grande risco que corremos, ao fazer o debate sobre o combate às fake news e às máquinas de ódio criadas na internet, que é colocar a grande imprensa num pedestal moral que, definiticamente, ela não pode e não deve ocupar. E não deve ocupar não porque seja uma imprensa inteiramente ruim e desprovida de qualidades. Não é isso. Em muitas ocasiões, a imprensa brasileira faz um ótimo trabalho. Mas ela não é proprietária da verdade. Suas “versões” sobre a realidade não são as únicas corretas. A imprensa tradicional brasileira também comete erros, e graves. Também promove ataques à reputação “do alvo da vez”. E também tenta emplacar narrativas que lhes convém, frequentemente em detrimento da mais escorreita verdade dos fatos.

O problema nunca foi a existência de “ecossistema de sites, blogs e influenciadores”. Esses ecossistemas existirão enquanto existir internet, e enquanto a internet for livre. Houve um tempo, de fato, em que os jornalões mandavam sozinhos na opinião pública brasileira. A geração de Campos Mello pegou esse tempo, e certamente tem saudades do poder político e financeiro descomunal que tinham as empresas para as quais trabalhavam, até porque, nesse tempo, os jornalistas da grande imprensa integravam uma influente elite.

Esse mundo mudou. A partir do amadurecimento da internet, surgiram variados “ecossistemas de sites, blogs e influenciadores”. A isso também se chama modernidade, e ampliou dramaticamente o pluralismo de opinião num país como o Brasil, onde havia uma concentração de imprensa absolutamente incompatível com um regime democrático.

Prezada Patrícia, a senhora é uma jornalista premiada e culta, e certamente sabe muito bem que o que se convencionou chamar de grande imprensa brasileira não tem, propriamente, um bonito histórico em relação à democracia brasileira. No passado, apoiou o golpe de 1964 e sustentou por muito tempo a ditadura militar. No presente, fez campanha a favor do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, e integrou o mecanismo de ódio e fake news que produziu a Lava Jato, operação criminosa que destruiu  a economia brasileira e deu origem ao bolsonarismo.

Sim, essa é a “versão” dos fatos da maioria do campo progressista, que tem naturalmente o seu próprio “ecossistema de blogs, sites e influencers”.

Ninguém é dono da verdade. Eventualmente, os “blogs, sites e influencers” do campo progressista também erram. Igualmente, não constituímos um bloco monolítico.

Entretanto, repudio ferozmente qualquer comparação de blogs como O Cafezinho, Tijolaço, DCM, Viomundo, Blog da Cidadania, com o esgoto bolsonarista, sempre repleto de ataques à ciência, aos movimentos sociais, e qualquer cidadão com valores progressistas, ou de esquerda.

Não confunda o contraponto (um contraponto necessário, democrático, fundamental) que fazíamos, e ainda fazemos às opiniões hegemônicas da grande imprensa, com os ataques misóginos, sempre a nível pessoal, que o esgoto bolsonarista tenta normalizar.

Não confunda também a violência inerente das redes sociais com o trabalho jornalísticos dos portais progressistas. Internautas que lêem a Folha também cometem suas impropriedades verbais, mas a culpa não é da Folha, assim como também os portais progressistas não podem ser responsabilizados por qualquer besteira dita por seus milhões de leitores.

Seu ataques aos portais progressistas, no trecho do livro Máquina do Ódio, que reproduzimos abaixo, refletem preconceito político e profissional, por sua vez nascido de um corporativismo antidemocrático e truculento, contra colegas de imprensa que, de fato, romperam a hegemonia que os grandes meios de comunicação exerciam no jornalismo político nacional.

A propósito, a “máquina de ódio” reacionária, de que você foi vítima durante o governo Bolsonaro, vem atacando o campo progressista há muito tempo, frequentemente com ajuda da própria grande imprensa, como quando a Folha e o UOL tentavam emplacar a “narrativa” de que as verbas publicitárias que os jornalões recebiam de todos os governos eram legais e limpinhas, ao passo que as mesmas verbas, quando destinadas a portais progressistas, eram ilegais e sujas.

Antes mesmo do bolsonarismo, alguns colegas nossos foram vítimas de campanhas de ódio. Blogueiros progressistas são atacados pela extrema-direita há anos. A grande imprensa sempre pareceu se regozijar com isso, até que esse ódio passou a vitimar profissionais da própria grande imprensa.

Não acho, porém, que estejamos em lados opostos. Está claro que você é uma pessoa com valores progressistas e humanistas, e reitero minha solidariedade às violências perpetradas contra si e contra suas colegas por esse ajuntamento de fascistas que ocupa o governo federal e seu entorno.

Gostaria apenas que soubesse que, daqui da planície, no “ecossistema” de blogs e sites de esquerda, lutamos há muitos anos contra o autoritarismo fascista, sem recursos dos grandes bancos, sem apoio das agências de publicidade norte-americanas, sem fontes no Minstério Público.

Quando houve o golpe de 2016, resultado de uma conspirata da qual muitos de vocês, profissionais de grande mídia, participaram do início ao fim, em conluio com membros da Lava Jato e os setores mais autoritários e reacionários do país (como os deputados Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro), os blogs foram os primeiros a serem atacados. A primeira decisão do presidente imposto pelo golpe, Michel Temer, foi interromper o pagamento de publicidades já contratadas e realizadas por portais de esquerda. Ninguém interrompeu a publicidade paga à Folha e ao UOL. Muito pelo contrário: na era Temer, a publicidade federal nos grandes portais comerciais explodiu (na contramão dos investimentos em infra-estrutura, em pequisa e em educação).

No entanto, contra tudo e contra todos, crescemos e nos desenvolvemos nos últimos anos, em condições extremamente inóspitas.

Os ataques gratuitos em seu livro constituem apenas mais um exemplo dessa campanha sistemática da elite financeira brasileira, através de seus lacaios na grande imprensa, contra qualquer voz dissonante.

Não é a tôa que o Brasil permanece um dos países mais desiguais e injustos do mundo.  Mas não com a nossa participação: esperamos que, na nova etapa política que o Brasil pode viver a partir das eleições deste ano, a sociedade esteja vacinada não apenas contra a máquina do ódio bolsonarista, mas também contra essa outra máquina do ódio, ainda mais insidiosa e sofisticada, que vem de uma grande imprensa mancomunada com um regime de economia política que violenta milhões de brasileiros!

Como disse Brizola, que completaria cem anos, e que sempre foi um duro crítico do conservadorismo obtuso da nossa grande imprensa:

“Nossos caminhos são pacíficos, nossos métodos democráticos, mas, se nos tentam impedir, só Deus sabe nossa obstinação”.

Trecho do livro Máquina do Ódio, de Patrícia Campos Mello:

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Alexandre Neres

27/03/2022 - 13h55

Hoje o Ombudsman da Folha, José Henrique Mariante se manifestou sobre o caso do PowerPoint, o que vem a calhar: “Leitores reclamam do tratamento dado pela Folha à notícia de que Deltan Dallagnol será obrigado a indenizar Luiz Inácio Lula da Silva pelo vexame do Powerpoint. Lembram que, em 2016, o jornal deu manchete para o agora ex-procurador. Na Primeira Página de quarta (23), o desfecho da novela mereceu uma chamada simples, abaixo da dobra. Reinaldo Azevedo, em sua última coluna, chegou a sugerir um mea-culpa à imprensa não militante. ‘Chamava-se grande’antigamente’, cutucou. O mea-culpa da imprensa na cobertura da Lava Jato virá junto com o do PT. Nunca.”

Cabe fazer a ressalva de que a imprensa dita profissional se fechou em copas e em uníssono se tornou mera correia de transmissão da Lava Jato. Nesse ínterim, Lula e o PT foram atacados diuturnamente pela República de Curitiba, que instrumentalizou a Justiça para a persecução de fins eleitorais e retirou o ex-presidente do certame a jato e na marra. Em um momento assim, os jornalões passaram a exigir que o partido fizesse um mea-culpa, o que beira o sadismo. O PT já é submetido ao escrutínio das urnas e em 2018 obteve os piores resultados deste século, angariando 45% dos votos do segundo turno para Haddad. Além do mais, não cabe ao PT o mister de informar a população, no que a imprensa corporativa descumpriu sistematicamente sua função.

Indo adiante, o Ombudsman aborda o caso dos pastores e do Mensalão do MEC:

“Há tempos não se via tamanha artilharia contra um político. Um observador bolsonarista poderia até dizer que é uma campanha. Quando a munição é farta, no entanto, o mais provável é que haja muita gente dentro da própria engrenagem querendo ver Ribeiro no cadafalso. Mais de um analista descreveu o MEC como uma espécie de crepúsculo entre o dia da bancada evangélica e a noite do centrão.

Enquanto tudo isso acontecia, Jair Bolsonaro cumpri aos itens de seu surrado mas até aqui eficiente manual de crise, que prevê ações progressivas, como ignorar, minimizar, xingar, falar de Deus, desviar a atenção, defender os seus. Ribeiro é um dos seus até segunda ordem. ‘Coisa rara de eu falar aqui: eu boto minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia contra ele’ disse o presidente em live.

É uma covardia contra Milton, não contra seu ministro ou seu governo. Bolsonaro usou a mesma tática no caso Wal do Açaí, revelado pela Folha ainda na campanha presidencial. Covardia, sacanagem, o crime dela foi cuidar dos cachorros. Corrupção não existe, oque existe é maldade contra os seus. Soa como detalhe, mas repare que, nos títulos citados, a palavra ‘Bolsonaro’ aparece uma única vez.

Bolsonaro não se queima. A depender do momento, a inflação é culpa de Guedes, a gasolina, do general que comanda a Petrobras, a crise, dos estados. O presidente é crítico do próprio governo, e o registro acrítico de declarações, outra praga do jornalismo atual, contribui ativamente para que isso se torne plausível.

Bolsonaro se dissolve em explicações até ficar invisível.”

Concluindo, depois de tudo que aconteceu antes de 2014 e sobretudo em tempos recentes, ainda vem um jejuno em direito invocar as pedaladas fiscais para servir de justificativa para o golpe misógino contra Dilma em 2014, as quais não constituem crime de responsabilidade nem aqui nem na China. Fica evidente a má-fé ou a falta de discernimento de quem acusa quando vemos o tamanho das pautas-bombas do incumbente no afã de buscar a reeleição, ao passo que o PIG continua dormindo em berço esplêndido, justo ele que outrora teve papel bem ativo. Há um tempo, era crítico e operante, hoje hiberna, se limita ao registro acrítico de declarações. Se não, vejamos: PEC dos Precatórios, Auxílio-Brasil, orçamento secreto, aumento das contas de luz adiado para as calendas e assim por diante.

Para o camarada destituído de tino (e que tais) que, tal qual um gado abduzido, ainda tem a pachorra de nessa altura do campeonato evocar as pedaladas fiscais, só tenho a dizer o seguinte: Canalhas! Canalhas! Canalhas!

Gildo Silva

26/03/2022 - 18h40

É Jose do Rosário não adianta nada explicar e argumentar com esses energúmenos da direita bolsonarista, o defict cognitivo dessa gente é insuplantavel.

JB Anddrade

26/03/2022 - 10h00

A crença na possibilidade de construir uma candidatura vitoriosa, identificada como “o centro” ou “a terceira via”, desmontando a ‘polarização’ e desqualificando os candidatos de ‘direita’ e de ‘esquerda’, está exposta com todas as letras no trecho do livro reproduzido aqui. Está suficientemente evidenciado por Miguel do Rosário que a jornalista Patrícia Melo foi recrutada para cumprir tarefa estratégica nas eleições de 2022 contribuindo com seu vitimismo, acusando “os extremos” que a grande mídia ainda tenta emplacar, mais uma vez apostando no medo do senso comum. Miguel, empunhando a espada da verdade e da justiça, simplesmente trucidou a inadvertida.

Walter

26/03/2022 - 07h53

Esses jornalistas prestitutos se vendem por qualquer esmola é perda de tempo dar algum crédito a eles.

Cézar

26/03/2022 - 06h14

Muitos jornalistas estão colhendo o que plantaram.
Usaram e abusaram de notícias falsas, distorcidas, omissões e todo tipo de irresponsabilidade, principalmente em favor do sistema financeiro e o Deus mercado.
Quem planta vento, colhe tempestade.
Agora, aguenta.

Alexandre Neres

26/03/2022 - 01h19

Precisamos ter muita paciência.

E olhem que a Patrícia Campos Mello tem bem mais nível do que a grande maioria dos jornalistas da imprensa chamada profissional. A crítica dela foi muito rasa.

Seria mais digno, por exemplo, exigir uma autocrítica da grande mídia por ter se prestado ao papel de repassadora de releases da Lava Jato, abrindo assim uma avenida para a eleição de Bolsonaro que viria a atacá-la de forma tosca, como é do seu perfil.

Há pouco li uma matéria dela sobre a guerra da Ucrânia e fiquei decepcionado. Simplista e maniqueísta, repetindo todos os clichês da imprensa ocidental.

Enfim, esse é o mundo em que estamos metidos. A mesma coisa se dá na política. Temos que relevar e não criar caso com pessoas que nos causam engulhos, senão o resultado pode ser pior. A vaca pode ir pro brejo.

Em meio a tanto jornalista chinfrim, não podemos nem nos dar do luxo de apontar o dedo para a PCM. Tem cada porcaria por aí. A título de exemplo, registre-se a turba da GloboNews, todos tucanos, uns mais, outros menos, tocando a bola e mandando para o gol vazio sem goleiro. Retrato fidedigno do jornalismo plural tupiniquim!

Paulo Werneck

26/03/2022 - 00h48

Respeitando o direito de Manuel do Rosário se defender, tenho a dizer que há tempos desisti de ler os jornalões (cada vez mais jornalinhos) por falta de credibilidade. Os blogues sujos tem problemas (quem não os tem) nas gozam do meu respeito. Quanto a essa Patrìcia, não a leio porque não leio a falha de sampaulo, da ditabranda, da escola base, da lawfare, etc.

Paulo

25/03/2022 - 22h38

Miguel, honestamente? Eu acho que nesse trecho da Patrícia ela foi até favorável aos influenciadores digitais de esquerda – ou minorou a crítica a eles, quando menos – ao dizer que “naquela época (Governos petistas, nota minha) esse ecossistema era bem menos desenvolvido”. Não que não possa se superar num novo governo Lula – tudo “evolui”, até a pós-verdade. Mas, a bem da verdade, eu já fui censurado em blogs de esquerda (de direita nem frequento pela extrema ignorância, truculência e direcionamento), mas n’O Cafezinho’, jamais. Até quando isso se manterá, não sei – compreendo a “necessidade de sobrevivência”, embora a excomungue, na minha cartilha de princípios, prefiro sempre “pagar o preço”. Mas sei que as minhas necessidades não compreendem a dos outros, muitas vezes (aliás, no mais das vezes). Que seja infinito enquanto dure!

EdsonLuiz.

25/03/2022 - 22h06

Há nuances, sempre as há!

E um tanto de como avaliamos os suportes de comunicação são subjetivos, quando não contaminados por ideologismos.

Este post, por exemplo, ilustra diferenças por temas políticos, sociais e culturais e o tratamento e abordagem desses temas por grupos e suportes de comunicação diferentes. Se uns se mostram empáticos a certos temas relevantes e necessários para combater injustiças e exclusões, identifica-se esses com o progressismo; se outros criminalizam e fazem perseguição aos mesmos temas, então identifica-se esses com o retrocesso civilizatório. CORRETO! Mas há nuances e complexidades para a abordagem. Se uma força política se mostra empática com temas importantes para a emancipação do ser humano, por exemplo, eu acho que essa empatia ao tema é bastante positiva; mas se a mesma força política se aproveita do apoio que empresta ao tema para instrumentalizar a luta de muit@s e de tod@s, então o interesse e apoio não é de todo nobre e sincero, além do que esse uso da luta social, política e cultural aliena outros apoios e pode até causar antipatia em setores da sociedade que poderiam contribuir na solução, mas não querem que sua contribuição seja apropriada por quem ele não concorda.

Eu mesmo, muitas vezes observo aqui pontos que me levam a entender o PT como uma força não progressista e busco fundamentar esse estendimento que tenho, mas também faço questão de observar que acho que há, sim, progressistas no PT. Já no bolsonarismo eu não identifico nenhum progressista, mas se eu identifica-se algum progressista ali, eu falaria, não esconderia o fato.

Ninguém é progressista em tudo! Seria muita presunção homogeneizar as visões de mundo, que são bem plurais!

O que a jornalista Patrícia Campos Mello faz é uma crítica que pode ser aproveitada para reflexão por aqueles que ela crítica e no que ela crítica; ou sua crítica pode ser negada por quem ela crítica sem que esse alguém faça o exercício de reflexão suficiente sobre a crítica feita a ele, por reflexo autoritário que existe e iquala os vários lados, mas é mais comum em setores mais fundamentalistas e que praticam ideologismo.

A própria prática de pensar que os lados são apenas dois e passar a respeitar acriticamente um dos lados e demonizar o outro é uma demonstração clara de cegueira e ideologismo, e, pior, de maniqueísmo político! A partir desse equívoco passa-se ao exercício da política como guerra, e guerra feita de muito ódio. Guerra é tudo que a política não é! E ódio é um escancarado desserviço à democracia. O PT, o lulismo, especialmente, sempre praticou como ódio essa política de ‘nós contra eles’!

Então, depois de debulhar interminávelmente todo o ódio, alguém se apresenta como progressista. Já de faltar com o respeito com quem dele diverge, quando a divergência é fundamentada com dados, com fatos e evidências, enquanto os ataques de ódio do contrariado é apenas a prática política de destruir, mostra o grau de obtusidade e nada de progressismo.

Eu, por exemplo, identifico a origem do grosso da tecnologia da perseguição, do ódio e do desrespeito a quem diverge no PT, mais especialmente no lulismo; sendo que no seu surgimento e fortalecimento bolsonaro assimilou essa tecnologia de ódio e desmonte reputacional leviano que o PT sempre praticou e o bolsonarismo conseguiu turbinar essa prática, chegando a torná-la confundida com práticas fascistas.

E muito da emoção com que a política de guerra e feita com ideologismo provoca, leva ao ditado: “O uso do cachimbo faz a boca torta”: o que eu crítico no meu inimigo eu não faço, na medida em que, se eu enxergar em mim o que eu condeno no meu inimigo, então é porque eu tenho muita coisa parecida com ele.

“Todos são corruptos, menos eu!” “Se provarem que eu sou corrupto eu vou negar e não vou querer admitir e nem mesmo enxergar. Afinal, como é que eu vou me sentir quando eu me vir igual a quem eu pintei como demônio?”

Se alguém falsificar orçamento para esconder déficit fiscal, eu vou denunciar como crime e vou me aplicar para entender o processo orçamentário e fiscal para condená-lo e fazer seu impeachment; mas se for alguém meu que estiver sendo acusado do crime de responsabilidade fiscal, tendo chegado a falsificar o orçamento, eu vou xingar quem acusa, vou chamar de golpista sem procurar a constatação técnica do que me falam: “o meu Mito é inocente e pronto, mesmo se ele não for inocente. Apenas porque eu quero que ele seja inocente e tem que ser”: “Nossos ideólogos vão elaborar nossos argumentos de justificação, vão desenhar os xingamentos e nós vamos decorar as desculpas. Assim, ai de quem nos acusar! Nós não vamos fazer o menor esforço para entender, e muito menos para admitir que cometemos crimes de responsabilidade, que gastamos dinheiro quase como uma farra e o que conseguimos foi festar a maior recessão da história, não vamos admitir que praticamos corrupção às toneladas!”

“E vamos odiar sempre quem nos desmascara e chamar de imbecil para baixo e, no entanto, acusar ele de ser quem usa ódio contra nós!”

Precisamos mudar muito toda essa nossa prática política, que é deprimente e nada tem de progressista. Vide o apoio a Putín, que está desrespeitando todos os preceitos progressistas, a começar pelas essencialidades democráticas!

Edson Luiz Pianca.
edsonmaverick@yahoo.com.br

Tiago Silva

25/03/2022 - 22h04

Esse “Partido da Imprensa Golpista” (PIG) que a Patrícia Campos Melo quer fazer parte não cansa de fazer falsas simetrias… e a história brasileira infelizmente é recorrente das “versões que querem emplacar ou os ataques à reputação dos alvos da vez” que seus patrões do PIB fazem para ganhar subsídios ou verbas publicitárias da “Elite do Atraso”.

Parabéns pela resposta Miguel, que aliás poderia ser objeto de demanda judicial para que o livro dessa representante do PIG seja obrigado a só vender com esse direito de resposta anexo ao livro. Aliás, também lembrando o saudoso Brizola… seria no mesmo sentido daquele direito de resposta histórico veiculado no Plim Plim que desde a Ditadura Militar conseguiu ser líder do PIG (apesar de dificuldade em manter a hegemonia do PIG).

Sá Pinho

25/03/2022 - 20h17

Resposta, infelizmente, necessária e de forma primorosa e profunda respondida, pois sequer mereceria resposta, caso o trecho em questão fosse fruto de convicção equivocada e não de covarde conveniência interesseira e mercantilista, do livro, da posição, do ‘prestígio’ e do resultado almejado dos que visa com o dito, ao equilibrar o ódio entre os lados, para agradar aos gregos dominantes, selecionando os que à esquerda, mais distantes considera não ameaça-la no caminho ao palco onde pretende agradar os reais cultivadores e patrocinadores desse ódio, do qual atingida se defende em rearranjo, fingindo não sabe-los os verdadeiros autores.

Por falar nisso, curiosa estará entre esses em saber quem mandou matar Marielle?

Sergio

25/03/2022 - 19h27

Perfeito Miguel, comparação absurda!!!

Valeriana

25/03/2022 - 18h45

Ataque…kkkkkk

Nao gosta de criticas Sr. Miguel…?

Claudio Freire

25/03/2022 - 17h41

Parabéns, Miguel.
Resposta correta, educada, respeitosa e firme.

Luis Campinas

25/03/2022 - 15h35

Um erro profundo de boa parte dos progressistas é imaginar que as fakes começaram agora e que nossa diferença com a grande imprensa se dá de forma natural. Em todos as eleições presidenciais desde a “reabertura”, em nenhuma delas a imprensa deixou se usar de fakenews. Pior ainda são avaliações de nossos desempenhos eleitorais naturalizarem esses processos fraudulentos. Portanto, nossa mídia familiar não é que tem projeto diferente, ela não é baliza suas ações dentro do estado democrático de direito. Quem não se lembra da Proconsult? Das camisetas nos sequestradores? Do dossiê Vedoim? Do atentado ao Youssef? As diversas fakenews de Bolsonaro, só apresentam a internet como estrada, mas tudo do mesmo, inclusive com a participação deles todos. Esse ano vai ser mais do mesmo!

Ribamar

25/03/2022 - 15h27

lamentável a postura da Jornalista Patricia Campos Melo, ao misturar os blogs de esquerda com essa podridão de sites de fakenews, muito infeliz

Fanta

25/03/2022 - 15h22

O burguesinho Miguel do Rosário lutando contra o fascismo imaginário…. kkkkkkk

ROCHA

25/03/2022 - 15h19

ESTE É UM DOS SITES MAIS ISENTOS DA BLOGOSFERA !!

ROCHA

25/03/2022 - 15h18

ESSA PATRICIA DEVERIA SER MAIS VERDADEIRA E DIVULGAR QUE DEFENDE O PONTO DE VISTA DE SEUS PATRÕES ,QUE POR MAIS ESTRANHO QUE PAREÇA (PELO MENOS PARA ELA) NÃO É DONO DA VERDADE

Zulu

25/03/2022 - 15h13

O teor dos comentários de ambos os lados são idênticos, não muda nada.

Tony

25/03/2022 - 15h10

Coitados dos bloguizinhos de esquerda…eles são tão democráticos, eles são empáticos, eles respeitam a ciência e os outros são fascistas…que dó desses coitadinhos.

Patético…

Kleiton

25/03/2022 - 15h07

São iguais prezado Miguel do Rosário é vc que acha sua opinião melhor que a dos outros.

Lembrando que a primeira coisa que vc e associação de blogs da quais fazem parte foi pedir a censura do Presidente da República.

Fábio Ribeiro

25/03/2022 - 14h30

Lamentável o comentário da Patrícia no seu livro sobre os blogs progressistas. Parabéns Miguel pela resposta respeitosa mas firme e correta. Volto ao convívio com O Cafezinho depois de um tempo, feliz por você ter feito uma autocrítica da posição sobre o ciro, assim mesmo em minúsculo. Abraço

Fábio Ribeiro

25/03/2022 - 14h24

Lamentável o comentário da Patrícia no seu livro. Parabéns Miguel pela resposta respeitosa mas firme e correta. Depois de muito tempo volto ao convívio de O Cafezinho feliz de observar sua autocrítica em relação ao ciro, assim mesmo em minúsculo. Abraço


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