Por Felipe Nunes
Nas últimas duas semanas a Quaest publicou resultados de pesquisa em São Paulo, Rio, Minas e Bahia. As pesquisas foram contratadas pela Genial Investimentos. Vistas no agregado, as pesquisas trazem algumas reflexões importantes.
A partir de 2010, o Brasil se polarizou regionalmente. Enquanto o Nordeste vota no candidato petista, o Sul e Centro-Oeste votam na centro-direita e direita. O Norte fica dividido. Ou seja, a ‘swing region’, aquela cuja mudança de voto define a eleição, é a Sudeste.
3/ Neste cenário, quem ganhar nesse território tende a ganhar a disputa. Se juntarmos SP, RJ e MG, eles concentram 50 milhões de eleitores, 41% dos votos. É suficiente para merecer uma atenção especial das campanhas.
Em São Paulo, o PT vem sofrendo derrotas consecutivas desde 2006. No RJ e em MG, havia uma tendência pro-PT até 2018, quando Bolsonaro venceu nos dois Estados. Ou seja, eles são os dois swing states brasileiros mais importantes.
E o que vai acontecer em 22? Nossas pesquisas mostram que Lula leva vantagem sobre Bolsonaro nos 3 colégios eleitorais do Sudeste. Combinando com o desempenho dele no Nordeste, da pra dizer que o ex-presidente tem um diferencial competitivo importante sobre Bolsonaro.
O cenário não indica que possa haver mudanças no quadro eleitoral para presidente em MG, mas em SP e RJ esse cenário ainda pode mudar, a vantagem de Lula não é definitiva. SP tem voto fortemente marcado pelo antipetismo. E o RJ é o reduto eleitoral de Bolsonaro.
Dos três estados, apenas em MG, Lula supera Bolsonaro na espontânea (27% a 16% em favor do ex-presidente). Em SP, Lula (20%) e Bolsonaro (18%) estão tecnicamente empatados. E no RJ, Bolsonaro está numericamente à frente de Lula (24% a 21%).
Para melhorar suas intenções de voto, Bolsonaro precisa melhorar a avaliação do governo nestes estados. Mesmo em SP, MG e RJ, estados que em 2018 votaram no bolsonarismo, a avaliação negativa de Bolsonaro supera e muito a positiva. Na Bahia, a rejeição chega a 62%.
Apesar de Bolsonaro ter uma popularidade suficiente para levá-lo ao segundo turno, a avaliação negativa superior a 50% em SP e MG, e próximo dos 50% no RJ, é um importante obstáculo a ser enfrentado.
Felipe Nunes é PhD em Ciência Política, professor da UFMG, especialista em pesquisa de opinião e diretor da Quaest
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