A ex-senadora Marina Silva (Rede), que se afastou do Partido dos Trabalhadores (PT) em 2008 e de lá pra cá fez diversas críticas a sigla, sinalizou neste domingo, 13, que poderá apoiar a candidatura do ex-presidente Lula (PT) nas eleições deste ano.
Na prática, ela colocou a possibilidade de uma reconciliação. Porém, ela disse que neste processo será necessário que o PT faça uma autocrítica sobre a relação turbulenta que nutriu com a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina deixou claro que não tem nada pessoal contra Lula.
“Fica essa história, como se eu fosse uma mulher rancorosa que não sabe separar os grandes desafios postos no Brasil. Eu estou disposta a conversar no campo da democracia. Da minha parte, não tenho nada pessoalmente contra o Lula. São questões concretas, de natureza objetiva e que podem sim ser conversadas”, disse em entrevista ao O Globo.
“Tenho divergências e considero que, possivelmente, o ex-presidente Lula tenha divergências comigo. Quando eu era ministra (do Meio Ambiente) isso ficou explícito em temas muito concretos. Já do ponto de vista pessoal, quando ele ficou com câncer, eu o visitei. Quando o meu pai morreu, ele me ligou. As pessoas não podem fazer esse reducionismo. Não é uma questão de pedido de desculpa pessoal. É uma questão de mudança de postura”, esclareceu.
Em outro momento da entrevista, a ex-senadora destaca que a tarefa do campo progressista não será apenas de derrotar Jair Bolsonaro (PL), mas de derrotar o bolsonarismo e liderar um processo de reconstrução nacional.
“É preciso debater posições de natureza política, de como se quer chegar ao mais alto posto da República. As eleições em que se chegou pela mentira, pelo ódio, abuso do poder econômico e do poder político, como houve em diferentes governos após a reconquista da democracia, não nos servem. Isso precisa ser reconhecido em um novo pacto”, observou.
A ex-ministra também falou sobre um dos pontos de divergência com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.
“Há uma divergência, sim, e eu a manifestei claramente quando João Santana passou a fazer parte do processo político. Mas, obviamente, essa é uma escolha do PDT e do ex-ministro Ciro Gomes. E eu só tenho a divergência com o fato de João Santana ter sido a pessoa que, na campanha da Dilma, enxertou o ódio, a polarização e a mentira como estratégia de se chegar ao governo. Mas eu não reduzo o Ciro Gomes ao João Santana”.