Aloysio Nunes faz autocrítica do antipetismo do PSDB: “nos fez andar em má companhia”

O ex-senador e ex-ministro das Relações Exteriores do Governo Temer, Aloysio Nunes (PSDB-SP), fez uma autocrítica sobre a postura que o seu partido tomou nos últimos anos, especialmente após as eleições de 2014 onde o antipetismo ficou enraizado no discurso tucano.

Sobre o PSDB ter adotado um posicionamento contra o Partido dos Trabalhadores (PT), Aloysio avalia que foi um erro por parte da legenda, já que as duas siglas foram contemporâneas e bebem da mesma fonte da social-democracia.

“São duas vertentes da social-democracia brasileira: uma mais à esquerda, representada pelo PT, e uma mais direita, cada uma com seu sistema de alianças. Aí chega Bolsonaro e destrói isso. Nesse processo de radicalização, que vem de antes do impeachment, uma parte do nosso eleitorado foi embora. Perdemos um componente importante dos nossos eleitores, de uma direita civilizada e moderada”, aponta.

“O PSDB não é mais uma referência nacional como foi. Na época em que o PSDB teve posições fortes na eleição nacional, com Fernando Henrique, (José) Serra e (Geraldo) Alckmin, o partido era uma referência que se opunha ao PT no campo eleitoral. O PSDB trazia consigo um eleitorado mais liberal e progressista, e também de direita conservador, mas do campo democrático. Isso foi explicitado na chapa FHC-Marco Maciel”, reconhece o ex-ministro em entrevista ao Estadão.

Nunes também admite que o antipetismo foi se transformando na “segunda natureza” do PSDB e isso fez com que os tucanos andassem com más companhias.

“Durante o processo de impeachment (de Dilma Rousseff), o antipetismo acabou se transformando em uma segunda natureza do PSDB. Isso nos fez andar em muito má companhia. Agora, diante do desastre que foi a eleição do Bolsonaro – um desastre até previsível – e do seu governo de destruição sistemática, vem a ideia de que é preciso retomar um diálogo que houve ao longo do tempo com forças de esquerda, como o PT”, ressalta.

“Talvez o PT tenha sido anti-PSDB, e a campanha Fora FHC é um exemplo disso, mas nós, do PSDB, antes desse processo de radicalização, sempre tivemos a compreensão da importância do PT na vida política brasileira como expressão do movimento popular. Ainda que não houvesse um papel escrito, houve convergência em muitas coisas importantes”.

Redação:
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