Apesar de manter a posição de que o seu partido terá candidatura própria, o presidente nacional do PSD e ex-ministro Gilberto Kassab, aguarda o comunicado oficial e público de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) sobre a desistência de sua postulação presidencial.
Maduro na política, Kassab é consciente de que não se tira candidaturas da cartola, quanto mais para o Palácio do Planalto. O risco de ficar abaixo dos dois dígitos é imenso, podendo contaminar e atrapalhar as outras candidaturas do partido.
Sendo assim, o ex-ministro poderá até tentar um novo balão de ensaio com a possível filiação do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), mas o que predomina em um partido de centro da envergadura do PSD são seus acordos regionais.
Com isso, o ex-ministro poderá perceber que o caminho racional para o seu partido será uma das duas opções: aderir a uma candidatura adversária com boas chances de vitória ou simplesmente decretar a neutralidade e liberar seus correligionários.
Obviamente que Kassab é esperto demais para não calcular que a eleição de 2022 não trata-se de qualquer disputa presidencial. Além de acontecer no ano em que o Brasil completa 200 anos da independência, coincidentemente será uma disputa entre a civilização e a barbárie.
Ou seja, o ex-ministro sabe da posição de relevo que o seu partido carrega neste momento, não só na parte simbólica, mas sobretudo na esfera política-eleitoral, que é seu metiê.
Diante deste cenário, lideranças do PSD já estão adiantando seus passos e deixando claro que se depender das alianças regionais, o partido vai ter posição clara, logo no 1° turno.
Parte considerável dos caciques da sigla, especialmente na região Nordeste, estão bem avançados no que diz respeito a manter seus acordos regionais e sobretudo, o apoio a candidatura do ex-presidente Lula.
Isso significa dizer que, na prática, esses postulantes do PSD devem adotar os temas principais da campanha lulista: recuperação econômica, insegurança alimentar, desemprego e mudanças no mercado de trabalho.
E será diante do conjunto desses vínculos regionais com a candidatura de Lula que ficará praticamente impossível que Kassab mantenha a candidatura própria ou uma postura de neutralidade nacional do PSD.
Claro que isso tem seus custos políticos como a participação do partido no eventual Governo Lula, seja em ministério ou até mesmo na vice-presidência com Geraldo Alckmin, mas as tratativas por meio de interlocutores existem para definir esses arranjos e pelo que tudo indica essas conversas devem prosseguir até os 45 do 2° tempo.