Por Felipe Nunes
A 8ª rodada da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (09/02) mostra uma estabilidade significativa na opinião pública. Tanto na avaliação do governo, como nas intenções de voto, os patamares de jan/22 praticamente se repetem neste mês.
Bolsonaro continua tendo a pior avaliação entre os competidores à reeleição. Avaliação negativa de FHC era 21%, Lula 22% e Dilma 27%; nada comparado aos 51% que Bolsonaro tem hoje.
Além de mal avaliado, o governo frustra a expectativa de 53% que acreditam que o governo está pior do que eles esperavam. A base de eleitores com expectativa positiva não chega a 20%.
Essa decepção fica muito clara quando avaliamos o desempenho do governo por área: 80% desaprovam o jeito Bolsonaro de lidar com a inflação, 65% a forma de lidar com a pandemia, 62% o combate a corrupção e 61% desaprovam o trabalho de redução da violência.
Embora tenha um governo mal avaliado, Bolsonaro continua na disputa do 2 turno contra Lula. Ambos tem eleitorados fiéis, numerosos e engajados. Lula aparece com 28% e Bolsonaro com 16% no espontâneo. Outros nomes somam 4%. Os indecisos, que eram 57% em jul/21, agora são 48%.
O % de indecisos hoje é muito parecido com o de fevereiros em anos eleitorais. A força eleitoral de Lula hoje é parecida com a que ele obteve em 2006. Bolsonaro, por sua vez, tem voto espontâneo do mesmo patamar que Lula nas 2 eleições em que perdeu em 2º lugar (1994 e 1998).
A novidade é a melhora de Ciro e a redução de intenção de voto de Moro. Ambos tem 7% de intenção de voto. Lula continua liderando com folga (45% – 47%), seguido de Bolsonaro (23% – 26%). Janones é novo na lista e tem boa estréia, aparece com o mesmo patamar de Dória, 2% ou 3%.
8/ Lula tem ampla vantagem no eleitorado de renda mais baixa (55%), mas empata com Bolsonaro no estrato de renda acima de 5 salários (31 a 31%).
Lula domina o Nordeste e ganha em todas as regiões. Chama atenção os 40% na região Sudeste, contra 26% de Bolsonaro. O melhor desempenho de Bolsonaro é no Centro-Oeste (31%). Moro tem bom desempenho na Sul (13%). O mais indecisos são os eleitores da região Norte (12%).
No segundo turno, Lula segue à frente de todos: 54 x 30 Bolsonaro; 52 x 28 Moro, 51 x 24 Ciro, 55 x 16 Dória e 56 x 14 Janones. Em relação aos meses passados, as variações são próximas de zero: Lula x Bolsonaro em Dez/21, por exemplo, estava 55 x 31.
A vantagem de Lula está na imagem de candidato que representa a melhor solução para os principais problemas das pessoas. Hoje, 35% dizem que a economia é o principal problema do país, 27% que a saúde/pandemia é o principal problema e 13% que são as questões sociais.
Para eleitores desses 3 temas (economia, saúde e social), Lula é a principal opção de voto. Ele só perde entre quem acredita que a corrupção é o principal problema do país. Essa é a praia do presidente Bolsonaro. Mas só 11% acham que Corrupção é o principal problema hoje.
Nesse cenário, Lula está preocupado em manter o máximo possível das suas intenções de voto. Ele faz isso só entrando em ‘bola boa’, evitando conflitos e aparições desnecessárias. Bolsonaro, por outro lado, precisa reconquistar o eleitorado perdido (31%).
A estabilidade de Bolsonaro nos últimos meses, próximo dos 25%, vai diminuindo o sonho dos candidatos da terceira via. A demanda por uma 3ª opção continua alta, também próxima dos 25%. Mas são dois os fatores que impedem um cenário diferente do da polarização.
Primeiro, são muitos candidatos (7) para apenas 25% dos votos. Para ser competitivo, só tem lugar para 1. Essa aglutinação é condição sine qua non para qualquer mudança de cenário. E isso ainda pode ser pouco. Somados, os 7 candidatos tem 19% das intenções de voto.
Segundo, os eleitores de Bolsonaro e Lula estão muito mais decididos do que os de Ciro, Doria e Moro. Ou seja, ainda pode haver um voto útil de Moro para Bolsonaro e de Ciro para Lula já no primeiro turno; sugerindo que vai ficando mais difícil para a 3ª via se viabilizar.
ECONOMIA: Opinião de que a economia piorou no último ano continua caindo (saiu de 73% em nov/21 para 63% em Fev/22).
E o contingente que acha que vai melhorar no futuro continua subindo (saiu de 39% em Out/21 para 44% em Fev/22). Esse otimismo está diretamente ligada a expectativa de mudança de governo em Outubro. Os mais otimistas são os que votam em Lula.
O aumento no nº de casos sem tanta gravidade faz a preocupação com a pandemia, embora alto, se manter estável nos 67% (patamar parecido com o de Set/21 quando a vacina começou a se espalhar no país). Vale lembrar: 65% desaprovam o jeito que o presidente lida com a pandemia.
A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre 3 e 06/02 por meio de 2.000 entrevistas presenciais domiciliares em 120 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais com 95% de nível de confiabilidade. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-08857/2022.
Felipe Nunes é PhD em Ciência Política, professor da UFMG, especialista em pesquisa de opinião e diretor da Quaest
Fanta
09/02/2022 - 20h29
Como é que todas essas pesquisas onde Lula ganha no primeiro turno com 154,87% de votos são encomendadas e bancadas ao som de centenas de milhares de reais por empresas de crédito, investimentos, financiarias, algumas da Faria Lima…?
Alguém dos nossos revolucionários radical chic sabe explicar…?
Zulu
09/02/2022 - 14h56
A força eleitoral de Lula hoje é parecida com a que ele obteve em 2006….kkkkkk
Não cansam de viver de idiotices ?
EdsonLuíz.
09/02/2022 - 12h28
Para o eleitor, jair bolsonaro é o melhor candidato para combater corrupção e Lula o melhor candidato para melhorar a economia e a saúde.
Eu sou o melhor candidato a me desiludir com o eleitor que quer bolsonaro para combater corrupção e quer Lula para consertar a economia que Lula estragou.
Vote Ciro Gomes e dê uma chance para o Brasil!